O Corvo Infernal

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  Em meio as árvores tortuosas da planície, banhadas por uma leve chuva de verão, um pequeno grupo se reunia frente à uma pequena abertura nas rochas. Para desbravadores comuns, tais entradas sinuosas só poderiam significar a toca de algum animal ou mesmo passagem para alguma mina íngreme. Mas, este grupo era composto apenas de combatentes, que arriscam suas vidas por pequenas riquezas. Conhecidos popularmente como aventureiros.

  Um homem, com uma grande barba e que certamente alcançou a meia idade, se levantou e limpou as mãos cheias de musgo. O senhor parecia estar analisando o solo deste local, e ao seu sinal os outros voltaram seus olhos a ele.

- Os informantes da Guilda tinham razão, isto é uma Dungeon... E parece das grandes - Disse o homem.

Um jovem, encapuzado como todos os outros, cruzou os braços impaciente.

- Sendo assim, nada mais nos impede de começar nossa missão, correto?

- Também não vejo a hora de terminarmos isso. Permanecermos nesta chuva pode ser prejudicial para nós depois. - Concordou uma garota, seus olhos vagavam pelos arredores, a procura de qualquer inimigo inesperado.

- Sim, nossa missão é apenas de reconhecimento, logo, precisamos apenas vasculhar uma parte do local e relatarmos sobre oque virmos. E claro, qualquer espólio será de nosso direito. - Assentiu o homem barbado, já se preparando para entrar.

- Então p-podemos fugir a qualquer momento, não é?

  A doce voz que soltou esta indagação pareceu interromper a chuva e irromper ódio de alguns companheiros, o velho tentou dizer algo em sua defesa mas os comentários em repulsa foram mais ágeis.

- Afinal, por que esta criança estúpida veio conosco? - Perguntou a garota com desdém.

O jovem apenas virou os olhos, ignorando a imagem da pequena criança tremendo na chuva.

- Parece que hoje em dia qualquer um pode entrar neste ramo... - Suspirou o garoto, incapaz de se dirigir a tal fraqueza.

  Sem saber lidar com a situação, o velho homem olhou de maneira terna para a menina de cabelos brancos, pensando em pelo menos apaziguar este conflito. Afinal, em breve eles talvez estivessem juntos lutando pela vida.

- Não tenha medo pequena, nós estamos aqui para cumprir nossa missão e logo tudo isto terminará.

A criança apenas o olhava, confusa, como se fossem eles aqueles que não entenderam o real significado de suas palavras.

- Então fique tranquila, vamos terminar isto juntos!

De repente, uma nova voz surgiu do grupo.

- E se não terminarmos?

  Os olhares rapidamente foram guiados até aquele homem, cujo rosto era coberto por um elmo negro, com pequenas lentes brancas no local dos olhos e uma protuberância similar a um pequeno bico de corvo. Apesar de sua aparência curiosa, o real motivo de surpresa de seus companheiros não era esse.

- Este elmo... Você é aquele azarado dos rumores? - Interrogou a garota boquiaberta.

  O jovem garoto pareceu rir, não para fazer pouco caso e sim de sincero contentamento em estar próximo do dito azarado das lendas.

- Mal posso acreditar, que de tantas pessoas, eu caí justo numa missão com você Corvinal, O Rei dos Azarados. Isto será um prato cheio para nos aventurarmos, não é mesmo?

  Desta vez, todos permaneceram em silêncio, deixando apenas o som da chuva cair os encobrir com o frio. O homem barbado entrou de uma vez na Dungeon desconhecida e o jovem continuou, seguindo para a entrada.

Corvinal - A Maldição do CorvoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora