9. the one who's been here the whole time

2.4K 198 313
                                    

"E então, Mick saiu do quarto - me deixando completamente desolada com a enxurrada de sentimentos que me invadiam sem fim.

Mick Schumacher ainda seria meu fim."

Mick

Duas semanas pareciam suficientes para eu esquecer algo. Duas semanas deveriam ser suficientes para eu parar de sentir o descompasso no meu coração a cada vez que lembrava daquela noite no Bahrein.

Infelizmente, duas semanas estavam longe de serem suficientes para me desligar de Eduarda.

Eu me sentia ridículo – conhecia a garota fazia pouco mais de um mês, não era possível sentir todas essas coisas que eu sentia no momento. Além do mais, sabia que gostava dela apenas como amiga, ou pelo menos sabia que precisava gostar apenas como amiga. Talvez eu apenas estivesse feliz e aliviado com a companhia de alguém que me entende, que tem paciência para falar comigo sobre qualquer coisa, e que me trate como uma pessoa normal – não como o filho de uma lenda do esporte.

Eu tinha muito orgulho do meu sobrenome, e do meu pai. Vivi os melhores anos de minha vida ao seu lado – todas as vezes que ele me levou para correr, para assisti-lo correr, todos seus ensinamentos técnicos e psicológicos e, principalmente, os momentos em que simplesmente não fazíamos nada. Michael Schumacher podia ser um heptacampeão, dono de inúmeros recordes e um ícone na história da Fórmula 1, mas para mim ele era apenas meu pai.

Meu amor pelo automobilismo é hereditário, e com certeza cresceu muito com o apoio do meu pai, mas ele nunca forçou para que eu escolhesse essa vida. Ele me apoiaria no que quer que eu escolhesse, e sempre foi um suporte e meu melhor amigo. E então, de repente, eu só tinha a presença física dele para me confortar.

Com 14 anos, perdi uma parte de meu pai. Perdi seus conselhos, suas risadas, suas piadas bobas e suas lições de moral. Perdi sua presença em meus campeonatos, seu talento inexistente sempre que jogávamos futebol. Perdi seu carinho, e por um tempo, sua consciência – e isso foi o mais difícil para eu conseguir lidar.

Minha família passou por inúmeras dificuldades desde o acidente em 2013. Foi algo tão repentino e inimaginável que não sabíamos como seguir em frente, simplesmente não conseguíamos – o fato de que o grandioso Michael Schumacher passou anos de sua vida praticando um dos esportes mais perigosos de todos, mas teve sua vida atrapalhada durante um esporte de lazer nas férias não parecia real.

Foram 6 meses de angústia o esperando acordar, dividido entre um fio de esperança me dizendo que talvez eu pudesse ter meu pai de volta, e uma incerteza que crescia a cada dia em meu peito, me fazendo pensar que talvez eu nunca mais fosse ver seu sorriso novamente. Mas então, em um dia ensolarado na Suíça, seus olhos se abriram – e eu nunca senti um alívio tão profundo em toda minha vida. Eu não o tinha por inteiro, mas a esperança era meu combustível nos dias mais difíceis, e tudo o que eu podia fazer era torcer que o melhor fosse acontecer.

Com sorte, o tempo foi generoso comigo e com minha família. Meu pai conseguiu superar muitas limitações, conseguindo enfim respirar sem aparelhos e se comunicar da sua própria maneira. Talvez alguém de fora não conseguisse entender seu modo de se expressar, mas eu o entendia – e nada era mais reconfortante do que chegar em casa e encontrá-lo com seus olhos transbordando orgulho. Com certeza era meu lugar preferido do mundo.

Mas algo em meu interior me dizia que, talvez em algum momento próximo, meu coração fosse encontrar um segundo lar.

~~~

- E depois de tudo que eu falei, você continua sem me ouvir! – Bufou Lindsay, aumentando seu tom de voz.

Achei que essa seria uma noite pacífica, já tinha inclusive planejado uma rodada de Ludo com Duda – mas fui surpreendido com um furacão chamado Lindsay batendo em minha porta – e então, minha noite se transformou numa completa catástrofe natural.

You Belong With Me || Mick SchumacherOnde as histórias ganham vida. Descobre agora