Passo a mão nas pernas, subindo até chegar à intimidade. Eu não me lembro de ter me depilado.

Não. Eu tenho certeza que não me depilei. Então como eu estou sem um mísero pelo no corpo?

Um calor vem de baixo e sobe até a cabeça, me deixando imóvel, vermelha e com pensamentos a mil. Por que iriam se preocupar com isso? Significa que alguém tocou em mim. Nua. Mexeram no meu corpo. E se... E se...

— Não, Maria Sofia, não pense nisso. Não pense. Preciso me concentrar. Me focar no que preciso fazer. Preciso...

Quanto mais cedo eu colocar uma roupa, meias e sapatos — principalmente meias —, mais cedo eu vou sair daqui. E depois, doar esse vestido ridiculamente caro. Vou esquecer que isso tudo aconteceu.

Vestido? Confere.

Meias? Confere.

Sapato...? Tem apenas um de salto agulha. Como vou andar sem fazer barulho?

Desgraçados. Me deixaram só um scarpin para não poder correr. Além de um vestido de gala que dificulta os movimentos. Por que trancar a porta se podem dificultar todo o resto, não é?! Eles tem plena confiança de que não vou conseguir sair...

Pois vou descalça e vou rasgar essa porcaria de vestido.

E roupas íntimas?

Roupas íntimas...

Engulo. Eu realmente quero saber das roupas íntimas?

Vou até a cômoda e abro gaveta por gaveta, até chegar na última. Então me desespero. Meus olhos se arregalam quando, com a ponta dos dedos, ergo da gaveta uma calcinha lisa. De seda pura.

O sutiã é feito de renda transparente. Não entendo de tecido, mas esse parece ter sido costurado à mão. O tamanho é 46. Meu número.

As delicadas e lindas roupas de baixo, somadas à depilação sem consentimento, me fazem sentir como se meu coração estivesse à beira de um infarto.

— Isso não é bom... Isso definitivamente não é nada bom!

Até a calcinha e o sutiã foram feitos perfeitamente sob medida pra mim!

Não é coincidência. Quem fez isso é muito perigoso. Vou precisar ter cuidado se quiser sair daqui.

Com as roupas íntimas vestidas, uso minha força para rasgar o vestido e torná-lo mais curto, mas não consigo nada além de um pequeno rasgo na altura dos joelhos.

— Droga...

— O que pensa que está fazendo?

Um calafrio engole o meu estômago e me sinto petrificar com a voz, no tom de um trovão, balançando a sala. Deixo o vestido cair no chão enquanto viro-me para trás, tentando cobrir o meu corpo seminu em um abraço.

Um homem está parado no meio do quarto. Eu não percebi ele entrando. Meu coração acelera, os meus instintos me mandam correr para o lado oposto, mas simplesmente não consigo. Me sinto petrificar sobre sua imagem. O calor sobe todo para meu rosto, se instalando ali, queimando tudo pela vergonha.

Sua sombra cresce sobre mim à medida que ele se aproxima, passo por passo. Sem pressa. Ele é quase 20 centímetros mais alto que eu, e no mínimo 10 anos mais velho também. Os músculos estão marcados na roupa social cara, e de suas mãos, consigo ver algumas tatuagens. Seu rosto é quadrado, o maxilar marcado, a barba feita e o nariz reto. O cabelo preto curto é penteado para trás e raspado nas laterais. Torneados por sobrancelhas escuras, os olhos dourados estreitos me encaram com frieza.

Eu nunca vi alguém tão elegante...

E tão ameaçador.

Seu corpo exala uma energia que me oprime só por existir. É como se uma mão estivesse me segurando pelo pescoço, tirando toda a minha fonte de ar. Me sinto tremer e quando percebo, estou me afastando dele.

Ele para por um momento, se abaixa e pega o vestido que eu larguei no chão.

Assustada como se ele fosse me enforcar só com esse pedaço de pano, dou passos apressados para trás, me desequilibrando e caindo sentada na cama.

Ele vem até mim devagar.

— Não... não se aproxime de mim!

Consigo ver sua imagem parada entre as minhas pernas dobradas, em pé diante do colchão. Ele levanta o tecido preto com dois dedos longos, deixando em evidência o pedaço que eu rasguei. Praticamente balança na minha cara.

— Esse vestido custou mais de dois mil dólares... — A voz calma demais envia sinais para mim, alertando perigo. Seus olhos são duas pedras de gelo quando se encontram com os meus. — E você o estragou.

Do nada, ele rasga o vestido no meio, como se fosse uma folha de papel. Seus músculos do bíceps saltam quando faz isso, e eu não imagino o que esse homem pode fazer comigo. Os dois pedaços flutuam até o chão de mármore, até serem pisoteados por seus sapatos de couro.

Com a respiração acelerada e o coração batendo no ouvido, eu me arrasto para trás, mas ele me agarra pelos calcanhares e me puxa para perto, não me deixando fugir.

O contato da sua mão me segurando causa arrepios que se espalham até a coluna, deixando meus pelos em pé. Eu não sei se pelo medo, ou porque ele consegue me dominar só com uma mão.

Seus olhos me alcançam, remexem todo meu interior. São frios, mas ao mesmo tempo, calorosos. Me deixam acesa como um vulcão, atenta a qualquer movimento.

Seus lábios se movem devagar, a voz calma como a de uma víbora reverbera pelo quarto, soando como os raios antes de uma tempestade. E o mais assustador é que é uma voz deliciosa de se ouvir.

O que ele diz é:

— Como você vai fazer para me pagar?


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Eitaaa.... Chegou o meu homem! Ai ai, agora começa a esquentar de verdade. Tô AMANDO escrever isso pra vocês!! E vocês? Estão gostando?

Vou postar logo mais os avatares dos personagens pra vocês. :)

Se estão gostando e querem saber como a Sofia vai fazer para pagar o vestido que ela estragou (e ele terminou de ferrar), deixa um votinho e um comentário, por favor. Me ajuda bastante e me estimula a continuar. 

Amo os comentários de vocês e saber que estão gostando!

Até quinta-feira! 

Um beijo, beldades!


DOMINADA PELA MÁFIA - SÉRIE BLOOD & SWEETWhere stories live. Discover now