Devagar, Bokuto balançou a cabeça.

"Bem então, se você tivesse uma segunda chance..." Akaashi hesitou. Ele quase não queria fazer a pergunta. "O que você escolheria dizer?"

Assim que essas palavras saíram da boca de Akaashi, as nuvens lá fora se separaram, permitindo a luz laranja do por do sol afluir quarto a dentro. Ela iluminou ambos Bokuto e Akaashi, e eles apertaram os olhos ao mesmo tempo. Apesar disso, Akaashi não perdeu o olhar levemente nervoso que dominou as feições de Bokuto.

Ele estava agora mais curioso do que nunca.

"Hum... Bokuto? Você não precisa falar agora se você não quiser."

Bokuto balançou a cabeça.

"Então... Você não quer?"

Ele balançou a cabeça novamente, mais forte dessa vez.

"Ah, então você quer sim falar agora."

Dessa vez, um barulho fraco saiu da garganta de Bokuto pela boca fechada, e ele assentiu.

"Ok." Akaashi se mexeu na cadeira, agora tímido. Ele olhou para o lado. "Quantas palavras tem? O que você quer falar, quero dizer?"

Respondendo mais lentamente do que nunca, Bokuto levantou uma mão. E naquela mão, três dedos se esticaram.

Akaashi sentiu seu coração afundar para seu estômago. Outro arrepio ameaçou chacoalha-lo, mas ele se manteve firme, por mais difícil que fosse.

"Três palavras? Só isso?" Akaashi forçou um sorriso. Eles pareciam obrigatórios agora. "Parece interessante..."

Por favor... Por favor não as diga.

Ele esticou seu braço e segurou seu celular na frente de Bokuto, para ele digitar.

Por favor não as digite... Eu não quero ouvi-las. Eu não quero lê-las. Eu não quero conhecê-las.

Pelo o que pareceu uma eternidade, Bokuto digitou as palavras no celular de Akaashi. Sua mão tremia tanto que era impossível decifrar quais as letras que ele pressionava. Akaashi estava quase prendendo a respiração quando Bokuto finalmente retirou sua mão. Ele a deixou cair sobre o estômago, e lá ela descansou. Seus olhos dourados procuraram pelo quarto por Akaashi. Quando ele finalmente o encontrou, aqueles olhos brilhantes se iluminaram um pouco mais do que o normal. E com aquele brilho veio seu sorriso. Era pequeno e sucinto, mas estava ali.

Akaashi fez questão de tirar uma foto mental daquilo antes de olhar para baixo e fechar os olhos. Ele pegou seu celular com as mãos e respirou profundamente, enchendo seus pulmões com todo ar que podia antes de expirar pelas narinas. Ele virou seu telefone de modo que ficasse de frente a ele, abriu os olhos e leu as três palavras que o perseguiriam para sempre.

... Ou foi o que ele pensou.

Os olhos de Akaashi se arregalaram levemente, e suas sombrancelhas aproximaram-se em surpresa. O que estava sobre a tela não era o que ele achava que fosse estar, mas ao invés disso... um simples elogio.

"Você é lindo."

Congelando em seu assento, Akaashi leu as palavras dez vezes antes de finalmente olhar para cima. Ele podia sentir seu coração batendo com força contra seu peito, como se tentasse se libertar. Seus olhos se prenderam em Bokuto.

"Você... Acha que eu sou lindo?" Ele perguntou em um tom de descrença.

Fazendo um aceno de cabeça fraco, os lábios de Bokuto se curvaram um pouco mais para o lado. Com isso, ele levantou uma mão trêmula e o dedo indicador. Ele estava tentando dizer algo a mais para Akaashi.

Adivinhando rapidamente, Akaashi murmurou, "Um?"

Bokuto manteve seu dedo estendido, e depois moveu sua mão para apontar para si mesmo. Ele não deu a Akaashi tempo para dizer seu palpite enquanto movia seu dedo para apontar para seu olho, e em seguida finalmente para Akaashi.

Debilmente, os lábios de Akaashi se partiram. Ele quase não conseguia achar sua voz, mas quando conseguiu, ele tentou seu melhor para impedi-la de tremer.

"Desde o... Primeiro dia que você me viu..."

Com isso, o braço de Bokuto caiu e descansou suavemente na sua barriga. Ele fez a única coisa que podia e assentiu de novo, e depois fechou os olhos, e delicadamente virou sua cabeça para o outro lado.

Akaashi assistiu curioso enquanto os lábios de Bokuto se estremeciam em um largo sorriso, e enquanto a luz capturava suas feições, Akaashi percebeu o quão vergonhoso Bokuto realmente estava.

Em seu rosto ardia o mais silencioso tom de vermelho, e ele tentava esconder isso de Akaashi. Parecia que, depois de finalmente escutar seus pensamentos reprimidos em voz alta, eles haviam desgastado seus nervos mais que ele pensou que fariam.

Vendo aquilo ser exibido abertamente em frente a ele, Akaashi mal podia pensar. Seu coração batia a mil por hora, era difícil engolir, e uma de suas pernas quicava rapidamente para cima e para baixo. Ele não sabia como reagir, não sabia o que fazer ou dizer, mas enquanto ele procurava pelas palavras certas a serem ditas, ou a coisa certa a ser feita, Akaashi se encoutrou fazendo algo que não esperava de si.

Uma iluminada risada sincera borbulhou de dentro de seu peito, e o som preencheu o quarto tão rápido quanto atingiu o ar. Ele riu com força, ou pelo menos com o tanto de força que conseguiu reunir. Sua voz era gentil, leve aos ouvidos de Bokuto. O fez abrir os olhos e olhar na direção de Akaashi, perplexo. Aqueles olhos cor de mel captaram tudo o que conseguiam do rosto risonho de Akaashi. O modo que seus lábios se curvavam nos cantos, o jeito que seus olhos se apertavam o suficiente para que apenas um brilho verde pudesse ser visto. Bokuto capturou aquilo tudo, e logo em seguida, ele se encontrou rindo em conjunto.

Foi uma risada silenciosa. Era fraca e débil, mal conseguia ser ouvida, mas estava ali, e Akaashi conseguia a escutar, então era o suficiente para Bokuto. Seu rosto ainda tinha o mesmo tom avermelhado, mas ele não se importava mais com isso. Ele estava feliz onde estava. Estava feliz que havia adimitido aquelas palavras . Contente que Akaashi encontrou companhia nele.

Recuperando o fôlego em sua risada, Akaashi conseguiu falar.

"Você é... rídiculo." Ele disse despreocupadamente , seus dedos tremendo em torno do celular.

Bokuto lançou-lhe um olhar que podia apenas ser lido como, "Eu sou, não sou?"

Lentamente, a gargalhada de Akaasshi diminuiu para um risinho enquanto ele se sentava em sua cadeira e olhava para Bokuto com olhos plácidos. Uma expressão genuína se acomodou nas suas feições, e ele ergueu uma mão para empurrá-la pelos cachos negros.

"Obrigado, Koutarou." Ele sussurrou de forma amena, sua voz tremendo na garganta. Ele estendeu uma mão e encontrou a de Bokuto.

Bokuto agarrou seu aperto da forma automática de sempre. Ele encarou Akaashi com aquele sorriso que parecia nunca falhar e nos seus olhos, lia-se,

"De nada, Keiji."

In Another Life- Bokuaka; Tradução PTBRWhere stories live. Discover now