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Há um tempo atrás me detive em ponderar e refletir acerca do comportamento das pessoas. Meu objetivo era traçar a origem de certos caprichos e melhor entender esta estranha máquina que é a mente humana.

Por obra da preguiça, acabei por esquecer de anotar os pormenores dessas tais reflexões assim como as conclusões brilhantes a que cheguei. Quanta falta de atenção... Minha memória já teve dias melhores.

Nesses termos estive e, após uma semana de puro ócio e passeios pelo parque, decidi voltar às tais reflexões. Dessa vez não vacilei; como me encontrava munido de caneta e papel, anotei praticamente tudo o que vinha à mente: nomes, lugares, situações, pormenores, enfim... Nada me escapou. Dentre poucos dias finalizei a obra e mostrei a alguns amigos próximos. A maioria fez pouco caso, o que é natural vindo de um lugar em que nem bulas são lidas. O único que deu atenção ao meu trabalho foi o meu grande camarada Rômulo, que embora tenha feito considerações favoráveis, me disse que a história não tinha nada de original nem de interessante.

Que coisa... imaginem só esta situação: Um autor escreve sua primeira obra e, em vez de ser incentivado, é desprezado logo de cara. Quanto infortúnio! Claro que fiquei ressentido, mas não me deixei abalar tanto assim. Só queimei todas as anotações.

Tudo na vida passa, então fui seguindo minha vida até que percebi que certas necessidades são incontornáveis; era imprescindível que houvesse em circulação uma segunda edição da minha Magnum Opus. Com toda a sensatez que é característica das melhores almas, redigi este texto que você, leitor querido, tem em mãos.

Se condiz com a verdade este texto aqui, me furto a dizer. Basta que você mesmo leia e tire suas próprias conclusões. É como dizem: para boa palavra meio entendedor basta.

Os DentesWhere stories live. Discover now