Não tenha medo.

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Narrador - POV

Duas semanas haviam se passado desde a cirurgia de Rafaella, e posso dizer com certeza a vocês, que ela conquistou o coração de todos! Os médicos a chamavam de anjo, e não somente por conta das cicatrizes que ela carregava costas, mas pelo seu jeito cativo, alegre e doce. E apesar de não ser mais um, o estado HUMANO, para Rafaella, não a assustava. Inclusive, ela respirava aliviada por saber que agora, poderia seguir a vida por sí. Próprias escolhas, próprias decisões. Uma vida sossegada, mas ainda assim, com todo aquele estress de ser adulto, de trabalhar, de não conseguir resolver os problemas com elixires mágicos, e todas as coisas chatas que os humanos fazem. Tudo isso ao lado de Bianca...

E, meu caros, posso-lhes contar cada mínimo detalhe do que aconteceu nesses últimos dias, mas, prefiro deixar que a imaginação guie você.

Rafaella - POV

Mais um dia, menos um dia.

Lembrei da frase que Marcela falava para mim. Eu queria ir embora, hospitais eram, definitivamente, MUITO chatos. O que me alegrava eram as visitas de Bia, Eros, olhar o twitter as vezes, e a pintura. Inclusive, é o que estou fazendo agora.

Desenhar era como se eu pudesse me comunicar comigo mesma, mas de uma forma bem melhor, e mais direta. Eu gostava de Arte, e enquanto estive aqui, andei pensando: Por que não começar um faculdade quando eu sair? Arrumar um emprego, conciliar os dois... Eu tinha muitos planos, e esperava conseguir seguir todos eles.

Bianca- POV

Você consegue imaginar no quanto minha vida mudou em pouco mais de 1 mês?

Hoje completaram-se mais duas semanas desde que Rafa tinha entrado na minha vida, e além disso, duas semanas que ela se recuperava melhor a cada dia. De certo que isso parece pouco tempo, mas eu sentia que a conheci durante minha vida inteira. Ela era uma parte de mim. (...)

— Pronta para ir pra casa? — Perguntei ao entrar no quarto e vê-la sentada com um pequeno lápis em mãos, desenhando... outra vez.

— Nunca estive tão pronta para alguma coisa.

— O que desenhou aí?

— Só algo que eu vi uma vez, sonhei eu acho. Old que não está terminado.

— OLD? De onde você tirou isso? — Aproximei-me para ver o desenho e ela me respondeu. — Do twitter, boba.

[ IMAGINEM UM DESENHO DA BIA]

— Porra, Rafaella. Olha pra isso, eu nem sou tão bonita assim.

— Amor, você é sim. — Eu quase me desmanchava quando ela me chamava assim. Que ódio, eu acho que vou explodir de tanto amor que eu sinto por essa mulher.

— Você é perfeita. — Falei e devolvi a arte para suas mãos, percebi que ela ficou com as bochechas coradas por um instante. Nunca tinha visto ela dessa forma. — Só vamos assinar os papeis da alta e então podemos ir embora.

— Eu não vejo a hora.
(...)
— Acha que a cicatriz vai ficar grande? — Rafa perguntou ao que ajudei a tirar sua blusa, como se eu nunca tivesse visto os pontos e o corte antes.

— Ainda vai diminuir um pouco, digo, quando sarar totalmente. Sou formada em medicina por Greys Anatomy. — Fiz minha melhor cara de achismo.

— Se importa de me ajudar no banho? Ainda é ruim pra mexer o braço esquerdo e lavar as costas. — Senti meu coração disparar com aquele pedido. Só de pensar em esfregar suas costas, bom... acho melhor pararmos por aqui.

— Claro que não. Eu te ajudo, afinal de contas, não há nada aí que eu já não tenha visto.

— Você nunca viu as cicatrizes nas costas. — Ela disse e todos os pensamentos impuros que passavam pela minha mente se foram. Rafa virou-se de costas e abriu o feche do sutiã, e eu fiquei paralisada. — Elas são horríveis, não são?

— Não, elas não são. — Fiquei meio sem jeito, mas eu não estava mentindo, apenas sentia muito que ela tivesse perdido algo que tanto gostasse, e eu ser o motivo disso. — Deixa eu te ajudar com a calça. — Depois que ela se livrou das roupas, eu abri o chuveiro e deixei que a água morna caísse um pouco por toda a extensão de suas costas, depois braços e o restante do corpo. — Assim está bom?

— Eu diria que você está fazendo um ótimo trabalho. — Ela sorriu. E eu continuei a esfregar seus braços e depois as costas, onde eu hesitei e passei a esponja mais vagarosamente. As cicatrizes ainda doíam?

— Não tenha medo. Não dói... não mais.

Como eu poderia? Passei a esponja pela região bem vagarosamente, cuidei e limpei com água e sabão; sei lá, sentia que elas eram tão significativas ou importante quanto suas asas. Eu jamais poderia trata-las de uma forma que não fosse carinhosa. E sem pensar muito, ou me importar se a água me molharia por inteira, eu me curvei e depositei um beijo delicado em cada uma delas.

Ela me olhou por cima dos ombros, e seu olhar me revelava surpresa, mas o meu estava cheio de ternura e amor. — Elas são lindas, muito lindas. Mesmo.

Rafa virou-se e colocou as mãos molhadas em meu rosto. Aquele altura do campeonato, eu já não me importava com nada, eu só queria sentir seus lábios nos meus, sentir o gosto do seu beijo, queria que fosse como da primeira vez que o fizemos. Então, foi como se meu mundo ficasse repleto de magia outra vez.

No entanto, eu já sabia e ela também, que não poderíamos avançar aquela linha. PS: recomendações médicas. Por conta disso, apenas aproveitamos aquele momento da melhor forma. Era um beijo sem presa, carinhoso, delicado, doce e completamente bom.

Eu não me via mais sem ele, era meu combustível.

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