Capítulo 1 - LOUIS

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Eu me encontrava à beira de um precipício. Quer dizer, eu estava apenas na fila de uma agência de empregos temporários em Doncaster, mas a sensação era de me aproximar de um despenhadeiro. A infância, a escola e a ilusão de que  a vida era boa e fácil tinham ficado para trás. À frente, o futuro se delineava: a faculdade, uma variedade de empregos de verão para custear a faculdade e a probabilidade de uma vida solitária. 
A fila avançava. Parecia que eu já estava esperando ali havia horas, tentando garantir uma vaga para trabalhar durante o verão. Quando finalmente chegou a minha vez, aproximei-me da mesa de uma funcionária cansada e entediada, que falava ao telefone. A mulher fez um gesto para que eu me sentasse. Depois que ela desligou o telefone, entreguei-lhe alguns formulários e ela mecanicamente deu início a entrevista:
- Nome, por favor.
- Louis. Louis Tomlinson.
- Idade?
- Dezessete, quase 18. Meu aniversário está chegando.
Ela carimbou os formulários.
- Já completou o Ensino Médio?
- Já. A formatura foi há duas semanas. Pretendo estudar na Doncaster College no próximo semestre.
- Nome dos pais?
- Johannah e Troy, mas meus tutores são Sarah e Michael Neilson.
- Tutores?

Lá vamos nós outra vez, pensei. Por algum motivo, explicar a minha vida nunca ficava mais fácil.

- Sim, meus pais estão...mortos. Morreram em um acidente de carro quando eu estava no primeiro ano do ensino médio.

Ela se inclinou sobre alguns papéis e escreveu por um longo tempo.
Fiz uma careta, me perguntando o que ela poderia estar escrevendo.

- Sr. Tomlinson, gosta de animais?
- Claro. É... Eu sei como alimentá-los... - Existe alguém mais sem jeito do que eu? Ótima maneira de não conseguir um emprego. Pigarreei. - Quero dizer, claro, eu adoro animais.

A mulher não pareceu nem um pouco interessada na minha resposta e me entregou um anúncio de emprego:


                                                                 PRECISA - SE  DE 
                         TRABALHADOR TEMPORÁRIO PARA APENAS DUAS SEMANAS
 Atribuições: VENDA DE INGRESSOS, ALIMENTAÇÃO DOS ANIMAIS E LIMPEZA DEPOIS DAS APRESENTAÇÕES.
OBS: Como o tigre e os cães precisam de cuidados 24 horas por dia, fornecemos alojamento e refeições.


O emprego era no Circo Maurizio, um pequeno circo montado no parque de exposições. Eu me lembrei de que ganhava um cupom de desconto para ele no mercado e até havia pensado em me oferecer para levar os filhos dos meus pais adotivos, Phoebe, de 6 anos e Ernest de 4, para que Sarah e Mike tivessem algum tempo a sós. Mas acabei perdendo o cupom e esquecendo o assunto. 
- E então? Quer o emprego ou não? - perguntou a mulher, impaciente.
- Um tigre, é? Parece interessante! Tem elefantes também? Porque recolher cocô de elefante seria um pouco demais.
Ri baixinho da minha piada, mas a mulher não fez mais do que esboçar um sorriso sem graça. Como eu não tinha outras opções, disse a ela que aceitava. Ela me deu um cartão com um endereço e me instruiu a comparecer lá às seis da manhã.
- Eles precisam de mim às seis da manhã?
A funcionária simplesmente me olhou  e gritou "Próximo!" para a filha atrás de mim.

No que eu fui me meter?, pensei enquanto entrava no carro emprestado de Sarah e seguia para casa. Suspirei. Podia ser pior. Eu poderia ter que fritar hambúrgueres. Circos são divertidos. Só espero que não haja elefantes.


Eu gostava de morar com Sarah e Mike. Eles me davam muita liberdade do que os pais da maioria dos outros adolescentes e acho que existia um respeito saudável entre nós - pelo menos tanto quanto os adultos podem respeitar um garoto de 17 anos. Eu ajudava a cuidar das crianças e não me metia em confusão. Não era o mesmo que viver com meus pais, mas ainda éramos uma espécie de família.
Estacionei o carro com cuidado na garagem, entrei em casa e encontrei Sarah atacando uma tigela com uma colher de pau. Deixei a mochila em uma cadeira e fui pegar um copo d'água.

A MALDIÇÃO DO TIGRE - larry stylinson versionWhere stories live. Discover now