- 09 -

1.1K 96 17
                                    

SEUS AMIGOS FICARAM para trás e seguiram para o Grande Salão. Já Adhara andava em direção ao seu lugar de paz. Seu lugar para pensar. Seu refúgio. Só ela e a natureza ao seu redor. O ponto as margens do Lago Negro e da Floresta Proibida, embaixo de uma árvore grande.

A menina segurava as lágrimas que queriam descer, mas se segurou. Ali tinha risco de alguém ver, ela não era fraca e não iria ser vista nesse momento vulnerável dela. Seus pais sempre falaram "Você tem que ser forte", "Ninguém pode vê-la no seu vulnerável", "Para todos, você tem que ser a representação do poder e da força". Era isso que estava fazendo.

Chegando no seu lugar, não havia ninguém ao redor, apenas ela e os animais. Sentou na grama próximo ao tronco da árvore. Suas mãos ainda tremiam um pouco e ao observá-las, um pingo molhado caiu sob sua palma. As lágrimas começaram a cair e ela olhou para o Lago Negro. Ele era tipo ela naquele momento. Por fora, aparentava ser apenas uma garota normal, mas por tempo era uma imensidão de emoções, pensamentos e lembranças.

Adhara ouvia as canções das sereias, porém só conseguia pensar o quanto ela odiava Caelum. Ele sempre a levava até o limite, a irritava fora do normal. As suas ideias machistas a enojavam. Não sabia como ele acreditava que ela gostaria de ter qualquer coisa com ele. Era um iludido. Um louco. Depois de hoje, certamente, seu ódio tinha aumentado. Ela não gostava de perder o controle. A última vez que fez isso não tinha acabado bem.

- Adhara? – A voz de Sirius fez a menina se sobressaltar e limpar as lágrimas rapidamente.

O garoto estava em pé ao lado dela, nem tinha percebido a chegada dele. Seus olhos cinzas a atravessaram e ela sentiu um leve conforto por ele ter aparecido.

- Você quer conversar? – Ele perguntou se sentando apoiado na árvore. Ela balançou a cabeça – Tudo bem, então. Vou te contar algo, ok?

Ela assentiu.

- Eu também costumava achar que os garotos iam me achar um monstro – Adhara olhou surpresa por ele já ter desvendado o que a incomodava – Tinha medo de ser igual meus pais e eles me odiarem. Mas isso nunca aconteceu.

- Tenho medo de perder o controle – Ela respondeu olhando para o lago.

- Por quê? – Ele a questionou, olhando para suas costas.

- Coisas ruins acontecem – Ela olhou para ele.

- Adhara, você não é um monstro. O que aconteceu é culpa do Caelum – Ele tentou pegar sua mão, mas estava longe – As coisas que ele te falou... Você só estava se defendendo.

Ela olhou para o chão – Eu sei, mas ainda era errado. Todo mundo deve ter medo de mim agora. O jeito que eu o abordei, que eu falei com ele e os meus olhos.

- Os seus olhos são lindos. Os dois – Ela sorriu, ninguém nunca tinha dito isso a ela – Ainda bem que você que abordou ele, eu teria colocado ele na Enfermaria – Ele riu – E ninguém está com medo de você, só estão preocupados. Principalmente, Leona.

- Você não acha que foi errado?

- Não. Eu queria ter visto você quebrar a cara dele – Ela riu surpresa com a resposta dele – O cara disse que você só servia para procriar. Isso é muito errado.

- Caelum sempre foi assim – Ela revirou os olhos, se apoiando na árvore ao lado de Sirius.

- Sempre? – Ele perguntou.

- Sempre. Ele quer meu sobrenome e poder. Mini herdeiros da Sonserina conferem isso a ele.

- Esse cara é nojento – Sirius fez careta. Ela tinha que concordar, o primo a enojava profundamente. Ninguém em sã consciência achava ele normal.

- Obrigada, Sirius, pela conversa – Adhara sorriu, olhando fundo em seus glóbulos cinzas. Aquela sensação engraçada na sua barriga apareceu – Se quiser voltar para jantar, acho que ainda dá tempo. Eu vou ficar mais um pouco.

- Não tô com fome, vou ficar com você se não tiver problemas.

Ela assentiu, observando o céu. As estrelas estavam lindas hoje. Ela não entendia muito, tanto que Leona a ajudava com a matéria, mas ela amava olhá-las. Dava uma paz e os seus problemas parecia menores do que os mistérios do universo, era reconfortante.

- Adhara é uma estrela, sabia? – Sirius quebrou o silêncio percebendo o que ela estava observando.

- Sério? Não sabia.

- 2º estrela mais brilhante depois de mim na constelação do Cão Maior – Ele apontou para um desenho nas estrelas. Ela olhou impressionada, além de surpresa com a coincidência dos dois estarem na mesma constelação.

- Incrível, pelo menos uma estrela eu acerto em Astronomia – Eles riram.

Confuso, perguntou: - Achei que era por isso seu nome.

- Meus pais escolheram porque significa nobre.

- Faz sentido, princesa – Ele sorriu – E o Eirian?

- É tradição. Todas as primeiras filhas recebem o segundo nome de Eirian, significa prata e brilhante. E você?

- Orion é por causa do meu pai – Ele disse simplesmente.

O silêncio voltou, porém não era estranho. Eles estavam apreciando a companhia um do outro, enquanto observavam as estrelas. Adhara achava engraçado. Tinha passado o mês inteiro fugindo de interações com Sirius Black e lá estava ela sentada ao lado do garoto nomeando constelações juntos, sendo consolada por ele e trocando curiosidades sobre os dois.

Ela tinha falhado completamente. Contudo, depois daquele dia, não sabia se queria continuar fugindo. Talvez só evitando contatos mais íntimos, mas a amizade do menino a interessava. Até agora ele se pareceu ser um ótimo amigo e era isso que ela queria.

Pensando nisso, seus pensamentos foram se anuviando até ela pegar no sono. Sua cabeça caindo no ombro de Sirius. Ele olhou e viu Adhara serena dormindo e sorriu.

Eles já estavam lá fora a um bom tempo. O jantar já tinha terminado, as pessoas já deviam ter ido para seus dormitórios. Não impressionava ela ter caído no sono, devia estar cansada.

Sirius se impressionou com o que o garoto tinha falado para ela, mas o jeito que ela conduziu aquilo o impressionou mais ainda. Por mais que ela tenha achado que era errado, ele não achou. O garoto mereceu. Não tinha como ele ter falado aquilo e não ser respondido. Se ela não o fizesse, ele, com certeza, falaria algo. Um murro na cara era outra coisa certeira, mas se segurou. Adhara tinha condição perfeita de se defender. Ele sabia. Ela era forte e não deixava ninguém a desrespeitar daquela forma.

Sirius deitou a garota na grama. Ela tinha um leve sorriso nos lábios, ele sorriu com isso. Não tinha como levá-la para seu dormitório, ele não tinha como entrar. Leona ficava na Grifinória e a Slytherin provavelmente pegaria detenção por passar a noite em outra casa. Ela ficaria puta com ele por isso. Sem outra opção e sem querer deixá-la sozinha dormindo lá fora, ele se deitou ao seu lado. O plano era passar a noite acordado guardando seu sono. Amanhã era Domingo, ele conseguiria dormir a tarde toda. Não tinha problema. Contudo, não daria muito certo, já que o garoto apagou no meio da noite.

The Snake's Heir - Sirius Black x OCUnde poveștirile trăiesc. Descoperă acum