—Mas não temos como descobrir, precisamos esperar - ponderou conforme sentava na cama e observava um Harry agitado, andando de um lado para o outro

    —Não podemos. Daqui uma semana tem a reunião com Beauxbatons e essa irá tratar sobre a possível aliança para futuros ataques, sendo de Hogwarts ou não. Esse sumiço gerará dúvidas aos reis, e perderemos essa possibilidade. Precisamos dessa ajuda enquanto nossos soldados não voltarem da defesa na divisa e não conseguirmos recrutar novos. Temos que procurar um jeito de resolver a bagunça - passou as mãos nervosamente pelo cabelo, despenteando-o —Não só encontrar ele, obviamente é um dos problemas a se resolver, mas decidir o próximo movimento em relação ao resto. Não podemos ficar parados esperando algo acontecer, ele não iria gostar. Eu sei disso porque fui criado por aquele homem

    —Temos um plano, precisamos esperar - repetiu a frase e pareceu dizer como um robô, pelo menos Harry achava. Ultimamente só ouvia isso de todos, de modo igual e monótono. Era quase uma fala ensaiada, como se todos combinassem o que dizer caso Potter sugerisse uma busca.

    —Estou cansado de esperar e seguir esse plano de ver os detetives procurando pistas. Será que ninguém consegue sentir as vibrações do que está vindo? - bufou e bateu o pé direito no chão, desejava liberar aquela onda de choque pelo movimento, mas não adiantou. Choques transpassavam seu corpo de tão nervoso que estava —Algo ruim paira por aí. Isso é só o começo

    —O começo de que Harry? - cruzou os braços e bocejou, claramente não acreditava nos pressentimentos alheios e só queria voltar a dormir

    —É o que precisamos descobrir. Não quero que fiquemos sentados fingindo serenidade. Não enquanto os soldados estão sumindo, os nobres tendo terras tomadas por pobres - fez aspas com as mãos, não acreditava na possibilidade de pobres terem armas iguais as que foram usadas —E os comerciantes perdendo vendas para outros comerciantes misteriosos

     —Mas apenas o rei pode decidir algo Príncipe - a cara de desespero se transformou em carranca, só era chamado assim quando Olívio perdia a paciência, porque odiava esse título, principalmente quando usado sob esse ar de deboche —Os escritos são claros, precisamos de três meses para qualquer mudança de planos e uma formação para resgate. Até os secretos precisam esperar

    —Então vamos mudar os escritos - era naquele ponto que queria chegar, e estava grato pela linha de raciocínio ter seguido até ali naturalmente —E sim, sei as formas possíveis de mudar - disse antes de uma explicação de duas horas vir, já ouvira a ordem de tudo tantas vezes que decorara

    —Sabe mesmo? - olhou o subestimando, mas falava de forma potente, brava —Não temos herdeiro casado - analisou-o de cima abaixo —Não pelo o que eu saiba. E para assumir qualquer responsabilidade sobre os documentos é necessário o registro de responsabilidade - foi cortado antes de poder prosseguir com toda história que estava incrustada na mente do príncipe

    —Olívio eu já disse, sei os caminhos - tinha perdido totalmente a paciência —Sei os primeiros passos e sei como chegar ao final

    —Portanto vai se casar? - aquele olhar de desdém se transformou em um olhar de pena. Sabia o que estava envolvido nos casamentos reais, e não eram coisas fáceis e bonitas.

     Manipulações, vantagens, interesses próprios e políticos entravam no jogo quando se tratava de futuros reis e rainhas, por isso Harry pensava em conseguir burlar tudo isso, queria conseguir apagar todas as regras e criar novas. Mas como isso era uma utopia enorme, apenas essa regra em específico servia.

    —Não pretendo me casar. Desde sempre me ensinaram a governar sozinho, sem ajuda até de conselheiros. Você foi escolha pessoal minha - apontou para o sentado na cama —E eu sei que não preciso de ninguém para realmente governar, só preciso de uma figura ali, essa podendo assinar os documentos e pronto

    —E como vamos achar essa pessoa? - tentava ir direto ao ponto e acabar logo com essa história, pois, ao encostar a cabeça no travesseiro, dormiria

    —Preciso reunir todos 10:10 da manhã - respondeu olhando relógio na parede acima da porta —Você leve essas leves informações a Minerva para ela poder montar alguma ideia e eu vou deixar bilhetes nas portas dos quartos, não vou acordar criadas para levarem - falou com os olhos fechados, quase, ou certamente, montando uma lista e ordem de tarefas mental. Cada passo importava e não podia ter o luxo de esquecer nada dali

    —Harry, eu pensei numa coisa - pulou da cama e voltou a posição em pé —E se nos unirmos a algum outro reino de Hogwarts?

    —Vamos falar disso amanhã, agora você pense em soluções certeiras, deixe que eu me iluda - virou e foi em direção a sair do quarto —Bom, boa noite Olívio e pode chamar aquela garota de novo - deu uma risada e viu ele ficar vermelho, enquanto procurava um roupão para ir falar com McGonagall, a conselheira dos atuais Rei e rainha

    Quando estava prestes a girar a maçaneta, a porta foi aberta e um guarda com armadura justa entrou desesperado, o desespero era tão grande que nem notou a presença do príncipe. Harry não notou, achava desnecessário essa coisa de ficar se ajoelhando quando entrava em um lugar ou ter de ficar acenando. Coisas estúpidas que não garantem o respeito prometido e nem expressam a superioridade do reverenciado.
     Mas notou na seriedade da conversa entre os dois e desejou estar mais perto para escutar, quando fez menção de seguir esse pensamento e pisou para trás, Wood fez aquele mesmo sinal com a mão como o expulsando, tudo o que pode fazer foi seguir o pedido.

    Saindo do quarto, foi até o seu, onde pegou uma caneta e várias tiras de papel para poder escrever o local da reunião e o horário. Seguiu para os de Hermione, Ron, Neville e Gina, mas quando se aproximava do quinto quarto, de Lily, sua mãe, encontrou a porta aberta e, adentrando, uma cama vazia. Varrendo o local com os olhos a encontrou na enorme sacada, com os braços apoiados no parapeito e o corpo levemente debruçado para fora. Os cabelos voavam e, quando se aproximou, viu que também escondia as lágrimas.

    —Mãe? - parecia ter acordado-a de um sonho —Por que está chorando? - perguntou encostado na porta da varanda

    —Porque sabemos o que pode acontecer, meu filho. Não só com seu pai, mas contigo. Eu lutei minha vida inteira para poder te entregar o reino quando fosse seguro e agora não sei se isso será possível - embora a quantidade de lágrimas descendo tenha aumento, a voz continuava calma e serena como uma canção de ninar —Estou arriscando perder os dois de uma vez

    Não se atreveu a responder e implantar falsas esperanças de como tudo iria ficar bem, porque não tinha certeza disso. O caminho a seguir era uma corda bamba e frágil, por isso apenas correu para abraçar a mãe. Desejava passar conforto com o gesto e tentar acalma-lá de alguma forma. As correntes grossas não foram um incômodo e, quando ela conseguiu suspirar melhor, decidiu fazer uma noite de mãe e filho, sem preocupações afora. Conforme ele colocava um pijama do pai, Lily decidiu escolher filmes e pegar algumas comidas na cozinha do castelo.

    Por uma noite não estavam em um castelo em perigo, nem sem um pai, marido e rei, muito menos tentando descobrir como resolver os problemas do mundo. Por uma noite eram Harry James Potter e Lilly Evans Potter, mãe e filho assistindo Divertidamente na enorme televisão do quarto, deitados em uma enorme cama e rodeados de gostosuras.
    Por uma mísera noite estavam calmos e dormiram calmos, um nos braços do outros, um apertando o outro, temendo que ao soltarem ou afrouxarem os braços pudessem sentir o outro escorregar e desaparecer. Afinal, agora qualquer passo em falso resultaria em alguém caindo da corda e eles queriam chegar até o fim dela.

ROYALS | DrarryWhere stories live. Discover now