Goodbye

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-Eu preciso mesmo fazer isso, mãe?

Que tipo de mãe enxota a própria filha para a casa da tia ao invés de passar as últimas férias dela antes de ir para a faculdade? Bem, pelo visto a minha mãe.

- Vai ser bom pra você, filha. Considere isso como um treino para a faculdade. Passar uma data importante longe dos seus pais é um sinal de grande maturidade.

- Ou de que os pais não a querem por perto.

- Não seja cruel, Katherine. - Ela passa a mão em meu rosto. - Vamos te ligar todos os dias para saber como você está. Isso quando não estivermos no quarto em Cancum.

- Mãe, me poupe dos detalhes sórdidos, por favor.

- Até parece que você não irá fazer isso quando for mais velha.

- Privar a filha de passar suas férias com os próprios pais? Claro que não!

Ela revira os olhos para mim.

- Ande, querida, ou vai acabar perdendo o avião. O táxi já está esperando.

- Seria uma pena se eu perdesse o avião e tivesse que passar as férias com meus pais. - Digo irônica.

Mamãe me puxa para um abraço.

-Até mais filha. Seja gentil com a sua Tia Margareth.

- Se ela for legal comigo... -Murmuro.

Tia Margareth é muito legal, mas às vezes parece uma adolescente rebelde.

- Tchau mãe. - Aceno pela porta de vidro do táxi.

- Até mais filha. - Diz ela acenando de volta.

O táxi acelera e eu dou uma última olhada na minha tão amada casa.

Meu nome é Katherine Miller, tenho 18 anos e moro no Rio de Janeiro desde que eu nasci. Meu pai é americano, por isso esse nome "importado", mas minha mãe é carioca da gema. Eles se conheceram em uma viagem que a minha mãe fez à Nova York e nunca mais se separaram. Ele largou tudo lá e arrumou um emprego no Rio na mesma empresa que ele trabalhava em Nova York. Uma típica história de amor americano.

Pelo que eu sei, eu vou passar os próximos dois meses na casa de uma tia super divertida, mas que exagera legal na bebida em todas as festas de famílias.

É, a sorte não está a meu favor.

Finalmente chego ao aeroporto onde vou pegar o meu voo. Ainda me restam 30 minutos antes do embarque, então compro uma lata de Sprite numa lanchonete e um livro para ler na viagem. Claro, meu Ipod está completamente carregado pronto para ser ouvido em minha bolsa, mas nunca se sabe quando esses aparelhos eletrônicos vão te deixar na mão. Nada como um bom livro para salvar o voo.

30 minutos se passam e a primeira chamada para o meu voo é feita. Despacho minha mala e passo pelo portão para embarcar. Demoro um pouco para achar minha poltrona, mas quando finalmente a acho, boas notícias: minha poltrona é do lado da janela. Melhor que corredor, mil vezes melhor que o meio.

Acomodo-me em meu assento e espero o avião decolar. Quando ele finalmente o faz, enterro os fones nos ouvidos e recosto minha cabeça na poltrona.

Olho para o lado e finalmente percebo que estou sozinha em minha fileira. Não poderia ser melhor.

Fecho os olhos.

A viagem até Londres vai ser longa.

É melhor descansar um pouco.

Spaces Between UsWhere stories live. Discover now