Uma verdade chocante

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Ao chegarmos na cidade, senti como eram imensas as sensações de cheiros de comida e os sons das pessoas, era um lugar bem diferente de todos que eu já tinha visitado. Dororo explicou que aquele lugar era uma cidade grande, em comparação com os diversos vilarejos.

Dororo me puxou e fomos até um local cheio de muita gente e com vários barulhos, Dororo me explicou que era uma coisa que as pessoas gostavam de ver e rir, era chamado peça de teatro e que contava sempre uma história sobre o dono das terras.
A peça contava como Daigo Kagemitsu tinha derrotado os demônios e trazido riqueza para as suas terras,

- Ele era igual a você Hyanikin, ele também matava demônios.

Não, eu sabia que não era igual a mim, provavelmente ele não tinha nenhuma parte do corpo faltando e nem conseguia ver como eu vejo.
Encontramos com o sacerdote, Biwamaru sempre nos encontrávamos e pela primeira vez pude ouvir a sua voz de maneira calma e sem repulsa, Dororo explicou a ele o que aconteceu desde quando ele foi embora do templo onde estava Mio e as crianças e ficou triste em saber o que aconteceu com ela.

Tentei ignorar ao máximo ouvir aquela conversa, me fixei a ouvir os sons dos pássaros para que aqueles sentimentos que me dominavam saíssem rapidamente. Eu jamais esqueceria o que aconteceu com Mio e todas aquelas crianças, ali eu vi que pessoas podem ser tão más quanto demônios, principalmente com os mais fracos.
Uma parte da conversa me fez voltar a prestar atenção nos dois.

- Ouvi dizer que lá em cima tem um santuário para os demônios que Daigo derrotou. Vou até lá dar uma olhada.

- Sacerdote, não temos interesse em demônios que morreram há tanto tempo. Só queremos os vivos e furiosos, - Dororo disse por fim.

O sacerdote ia embora mas antes falou comigo.
- Vejo que você matou humanos também. Se eu fosse você tomaria cuidado. Bom, eu vou indo.

Pensei em suas palavras, o que seria humano? Seria todos aqueles que andam e falam, se comunicam? Se for, sim eu matei humanos. Eu não me arrependo disso, aqueles não eram diferentes dos demônios, até os venciam em crueldade. Por que os demônios matavam pessoas? Para comê-las. Por que uma pessoa matava a outra? Eu não sei como responder a isso, afinal eu também matei, mas tive os meus motivos, e aqueles soldados que mataram crianças, qual seria o motivo deles?

Ouvi uma conversa estranha.

Será a maldição de Banmon?

- Talvez seja por isso que não chove.

- As aldeias por onde eu passei também estão secas. Se isso continuar termos dificuldades em estocar comida neste outono.

- Impossível as terras do senhor Daigo são protegidas pela deusa da misericórdia.
- Mas desde aquilo que tem acontecido em Banmon os Azakua também andam estranhos.

Dororo como sempre usou a sua curiosidade, ele era a minha voz naquele momento eu que eu não conseguia me comunicar totalmente.
Que história é essa de Banmon?

- Era uma fortaleza que nos protegia do clã Asakura, houve uma batalha e todos os muros foram queimados menos um. Mas aquela foi a primeira vez que Daigo repeliu os Asakuras. A influência do senhor Daigo cresceu a partir disso.

- Isso é o que dizem, que é o lar da Deusa da Misericórdia para quem a mulher do senhor Daigo reza. Mas o clã do Asakuras tem matado lá os homens e espiões de Daigo à flechadas.

- Estão tentando manchar benção da Deusa da Misericórdia , espectros vão para lá toda noite atraídos pelos cadáveres presos no muro.

Fomos até este lugar, não era um lugar bom. O cheiro de morte estava presente, olhei para o muro de madeira e o toquei, estava repleto de uma energia ruim, tinham várias chamas vermelhas nele, algo forte ficava por ali.

Hyakkimaru e Dororo.- Narrado por Hyakkimaru. Where stories live. Discover now