Capítulo 12

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Estava no conselho quando foi surpreendido pela chegada da namorada. Não usava o uniforme da policia pela primeira vez no que parecia uma vida inteira, e de certa forma havia sido mesmo já que seis crianças haviam nascido e crescido nesse meio tempo.

Ele pediu que a deixassem entrar. Havia uma certa estranheza da parte de sua secretária. Era uma moça um pouco mais jovem que Toph que havia estado com ele por muitos anos desde que Suki ainda era viva.

Nunca haviam tido nada, mas a chefe conseguia ver muito mais do que ele e sabia que tinha algo de errado com ela, algo de hostil que sempre parecia ser direcionado para si e para as meninas, desde que Lin ainda era apenas um bebê de colo.

A porta atrás dela se fechou com um estrondo abafado e então os braços de Sokka estavam ao redor de sua cintura. A descrição esquecida quando não haviam olhos sobre eles, isso costumava acontecer na delegacia já que ela pouco o visitava no trabalho.

— A que devo essa honra? — Perguntou, afundando os dedos grandes e grossos no coque da mulher.

— Eu posso ir embora — ela se soltou dos braços dele, escorregando o braço pelas mãos de Sokka que a segurou pelo punho, a puxando de volta — E falamos sobre trabalho em casa.

— Porque você só me visita para falar de trabalho?

Ela perguntou, enroscou os dedos na blusa dele e então a abraçou mais perto, sentando-se no tampo da mesa.

Havia dois quadros de foto sobre ela. Toph sempre teve uma forte crença de que uma delas era de Suki. A verdade é que, sim, por muitos anos havia sido Suki em uma das molduras enquanto a outra era uma foto do casamento de sua irmã, com os noivos no centro, o senhor do fogo ao lado de Aang que segurava sua esposa com carinho, enquanto Sokka ficava espremido entre a irmã e a dobradora de terra.

Mas hoje as coisas já não eram mais as mesmas. A foto de Suki ainda estava em seu gabinete, mas há muito tempo não tinha mais o destaque de antes. Em seu lugar estava uma foto de Toph com as duas meninas, Su estava fazendo um ano e Lin segurava as mãozinhas pequenas nas suas enquanto Toph se sentava no chão de braços abertos enquanto esperava por elas.

— Porque você mora na minha casa e lá temos mais liberdade do que aqui — ela respondeu, batendo suavemente com o pé no chão, do outro lado da porta uma voz feminina reclamou fazendo a chefe sorrir de canto.

Ele fez uma pausa, apertando os dedos dela contra os dele e a encarando nos olhos sem vida.

— Sobre o que queria falar?

— Sokka — ela falou com um tom abaixo do seu normal — Eu vou entrar com meu pedido de aposentadoria.

Ele parou por um momento, sabendo que ela podia sentir o olhar espantado dele sobre o rosto duro, mas não recuou. Sokka correu as mãos pelos braços dela, tentando se apegar a qualquer coisa dela. Qualquer coisa que lhe dissesse que aquilo não estava acontecendo.

— Toph, você tem apenas 56 anos, ainda tem muito a oferecer para essa cidade — ele tentava chama-la para a realidade.

— Isso não é uma discussão — ela respondeu, se afastando das mãos dele — Eu não posso continuar nas mãos do conselho.

Ele parou por um instante encarando os olhos esbranquiçados. Ele sabia do que ela estava falando, passara o último ano vivendo com ela, vendo o peso que ela carregava toda a vez que vinha do trabalho, não era mais apenas a armadura de metal que cansava os músculos doloridos.

A puxou devagar, aninhando a cabeça rajada de branco contra seus ombros. Os fios cinzentos haviam se multiplicado no ano que passou e ele acreditava que logo estaria com a cabeça toda branca. Ele mesmo já mal se reconhecia no espelho com os cabelos castanhos já cinzentos e as rugas em torno dos olhos e da boca.

PaternidadeWhere stories live. Discover now