ー Ah, podemos tentar. ー Nada iria tirar aquela ideia da cabeça de Quentin. ー Não digo que é uma área muito promissora, mas é divertida. Vamos, o que acha?
Fowillar suspirou fundo. Não queria dar uma resposta negativa à Quentin, mas também não parecia disposto a seguir sua sugestão; Antes que pudesse dizer qualquer coisa, porém, notou uma figura se aproximando da caverna. Apertou os olhos, focalizou sua imagem, e...
ー Loenna. ー Concluiu ele. Quentin franziu a testa.
ー O que tem a Loenna? ー O namorado parecia um pouco frustrado com a súbita mudança de assunto.
ー Ela está ali, não está? ー Fowillar apontou para a frente.
Quentin virou-se de costas e, de fato, sobre o capuz sujo e maltrapilho e as saias surradas, era sua irmã gêmea que se dirigia à entrada da caverna. Ela parecia abalada com alguma coisa, algo que Quentin não conseguia identificar de imediato.
ー Loenna! ー Suas atenções imediatamente se voltaram para a irmã. ー Você por aqui, e tão cedo!
E correu a dar uma abraço em sua irmã, claramente fragilizada. Loenna retribuiu o abraço e bagunçou os cachos mal arrumados de Quentin.
ー Oi, Quentin. ー Sua voz era carregada de dor. ー Eu resolvi te visitar. Estou um pouco... Chateada hoje.
ー Eu notei. ー Sua sensibilidade o permitira sentir as aflições da irmã. ー Tem algo que você queira me contar?
Loenna tinha mil coisas para contar. Em sua mente, se passava desde a morte de Marcus até o fato de estar sendo procurada pelos Kantaa, mas nada deixava seu coração mais apertado do que Aya. Agora, a enfermeira voltaria para sua casa e deixaria Loenna sozinha, sem o aconchego de seu abraço, apenas porque a garota lhe dirigira algumas palavras erradas. Talvez, e apenas talvez, se Loenna houvesse lhe dito as coisas certas, poderia haver um futuro para ela e Aya. Sim, porque Loenna apenas precisava de algum tempo para apagar a imagem de Serpente de sua cabeça.
Mas ela era impulsiva, disse a primeira frase malformada que aparecera em sua cabeça e perdeu a enfermeira. Droga.
ー Prefiro manter minhas aflições comigo. ー Suspirou Loenna. ー Não há nada que você possa fazer, Quentin. E eu não quero ficar remoendo o que aconteceu. Só gostaria de ficar um tempo com você, ficar junta com aquele que esteve presente durante toda a minha vida.
ー Eu entendo. ー Quentin era capaz de absorver os sentimentos da irmã apenas pelo olhar. Eles eram praticamente conectados. ー Bem, eu estou aqui para você. Eu e Fowillar, meu namorado.
Fowillar soprou a fumaça do cigarro e encarou Loenna com os olhos mirrados. A retribuição da garota não foi mais amigável; Por entre seus olhos espremidos, a sua mensagem era clara: Loenna não gostava dele. Jamais seria amiga de um Saphira.
ー Eu não gosto dele. ー Disse Loenna, incisiva. ー Não gosto dos Saphira.
Fowillar levantou uma sobrancelha e Quentin olhou feio para ambos.
ー Bem, eu não fiz nada. ー Fowillar tornou a levar o cigarro aos lábios. ー Você que me isente dessa vez, Quentin.
ー Pois é, você não fez nada. ー Continuou Loenna. ー Se tem uma coisa que os Saphira sabem fazer é nada. Vocês veem as pessoas passando fome e não fazem absolutamente nada.
ー E o que diabos eu posso fazer? ー Agora, Fowillar já havia elevado o tom de sua voz. ー Eu passo fome tanto quanto você, querida. Eu sou um pederasta que desonra o sobrenome Saphira e, por isso, não mereço ser associado a eles mais. Ainda que eu continuasse nessa família de imundos, o que poderia eu fazer? Pedir para Triard, meu pai, que assistisse todos os pobres de Carmerrum? Ele certamente não me ouviria. Você está direcionando seu ódio à pessoa errada, garota.
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CZYTASZ
Caos e Sangue | COMPLETO
PrzygodoweCarmerrum é um país pequeno, com poucos habitantes, onde não há governo e o poder político é controlado por três famílias muito ricas que vivem em constante atrito entre si. E o restante da população, para seu infortúnio, se desdobra por inteiro par...
Capítulo 24 - Amigos por conveniência.
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