Capítulo 20 - Noite Sangrenta

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Já caía a noite e era hora de Loenna estar no local onde recebia seus pedidos de trabalho: Um surrado boteco nos subúrbios mal cuidados de Carmerrum. Ela já havia pegado nojo daquelas mesas mal lavadas e do dono mal encarado que sempre lhe lançava uma cantada inoportuna, mas era onde ela havia feito seu nome circular; Não lhe havia outra alternativa além de ceder ao moquifo que a elite Carmerri conhecia.

Loenna aproximou-se da mesa do bar e entregou ao seu desprezado parceiro de negócios algumas moedas do ouro.

Cinco moedas de ouro. Ela disse e as entregou para um homem de meia idade careca, magrelo e mal encarado por trás do balcão. — Esse o preço para eu continuar usando o seu bar por essa semana. Está bem para você?

Seow, o homem do bar, se pôs a contar as moedas, uma por uma. Ele parecia realmente compenetrado no tilintar do níquel chocando-se um com o outro.

Está ótimo. Mas esse é o preço de semana passada. Disse Seow. — Agora, eu peço oito moedas de ouro para você continuar aqui.

OITO??? - Exclamou Loenna, indignada. — Isso é quase o dobro do preço, Seow. É um absurdo.

Olhe, entenda que eu estou me expondo a riscos deixando você ficar aqui. Disse Seow. — Qualquer problema acontece com a família e amigos de suas vítimas, e onde você acha que vão te procurar? Não será na sua casa, bela. Mas... E em seu rosto se formou um sorriso malicioso. — Se você quiser pagar a diferença lá em casa, será bem vinda.

Loenna bufou e desembolsou mais três moedas de ouro. Apesar do aumento, ainda compensava usar o bar de Seow para seus serviços (E ela obviamente preferiu ignorar a insinuação sexual).

Aqui está. Disse ela, com os lábios retorcidos. — Posso usar o seu bar agora?

Seow deu de ombros. Puxou as três moedas de ouro para si e as embolsou junto com as outras cinco em uma pequena bolsa de couro.

É uma pena, porque eu sou extremamente bem dotado. Lamentou-se ele. — Mas, bem, você pode se sentar. Vá, tome uma cadeira.

Loenna fez que sim e puxou seu lugar a uma mesa afastada da algazarra que os bêbados faziam nos lugares centrais do bar. Levou seus pés ao alto, cruzou os braços e puxou o capuz, como uma boa assassina deveria fazer. Em alguns dias mais movimentados ela chegava a receber a visita de dois Eran; Na maioria dos dias, contudo, Loenna aguardava solitária por uma visita que jamais aconteceria. Ela tinha cerca de quatro ou cinco serviços por mês, mas isto era o suficiente, visto que geralmente estes vinham com uma polpuda recompensa.

A garota não bebia e nem fumava; Matar já era viciante e torturante o suficiente. Seu passatempo, enquanto os pedidos não vinham, era observar os homens falarem bobagens enquanto se acabavam na cerveja e no cigarro.

Entretanto, desta vez as encomendas vieram rápido.

Loenna notou algo de estranho no homem da capa preta que adentrou o bar de Seow. Era alto e esguio, mas de longe não se poderia atestar mais do que isso, além do fato de que ele era extremamente rico, porque usava sapatos ornados com rubis e diamantes; Isso estava longe de ser uma raridade entre os clientes de Loenna.

Ele trocou algumas palavras com Seow e o dono do bar apontou para a mesa onde a garota repousava. Loenna ergueu uma sobrancelha; Provavelmente havia de ser um Eran. Quando o homem se aproximou, Loenna pôde focalizar seus longos cabelos brancos, seu nariz pontudo e seus olhos incrivelmente escuros. Via-se ali não apenas um Eran qualquer, mas ele, Monvegar Eran. Era pomposo e trajava roupas extravagantes, que estampavam um enorme falcão no peito, desenhado com ouro. Ela obviamente não iria dizer, mas o velho parecia ridículo vestindo-se com todos aquelas preciosidades nas roupas.

Caos e Sangue | COMPLETOWo Geschichten leben. Entdecke jetzt