Cidade Maravilhosa

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A viagem até o Rio de Janeiro foi bem mais rápida do que eu pensava. Talvez porque eu estivesse com medo achava que levaria muitas horas, mas nem duas se passaram e o avião já estava pousando no aeroporto. Confesso que estava nervoso e muito ansioso, porque era a primeira vez que veria Hoseok e Yoongi pessoalmente, além de estar em um estado diferente do meu e sem qualquer pessoa da minha família.

Assim que peguei minhas malas, fui de encontro ao local que Hoseok me disse por mensagem que era onde estava me esperando. E quando me deparei com meu amigo, vestindo uma camiseta florida, um calção de banho e havaianas, literalmente saí correndo, já sendo recebido por ele de braços abertos.

— Hobi! — Quase gritei, ignorando as outras pessoas todas que estavam dentro do aeroporto. Sinceramente, o importante era o meu amigo. — Eu não acredito, ah!

— Esse sotaque é puro amor, eu vou derreter. — Hoseok fez questão de dizer, me deixando todo tímido. — E essas bochechas! Vou morder todinho!

— Teu "S" também é puxado, mais forte que o meu sotaque. — Declarei, e estava pronto para continuar a minha discussão com sotaques, mas aí avistei outra pessoa. — GUINHO!

Deixei minhas malas com Hoseok pouco me importando, quase pulando no colo de Yoongi assim que cheguei perto dele o bastante. O mais velho me abraçou com força também, me trazendo para bem pertinho de si, e não demorou para que Hoseok se juntasse ao abraço e, por ser um pouco mais alto que nós dois, abraçasse nós dois ao mesmo tempo.

— Não acredito, Guinho, finalmente. — Continuei a abraçá-lo, mas me assustei quando senti uma mordida na minha bochecha. — HOSEOK!

Mas ele apenas riu, de forma exagerada, enquanto nos soltava e convidava para irmos ao ponto onde ficava o uber. E assim nós fomos. Hoseok pegou minha mala de mão e a mochila de Yoongi, nos ajudando a carregar nossas coisas, o que me deixou ainda mais contente.

Minha vida não tinha nada de agitada ou movimentada, então jogar online com eles e ter nossas conversas por vídeo era a coisa mais legal dos meus dias. Como estudante de Administração, eu levava uma vida mais "séria", tanto com meus colegas de trabalho quanto os de aula. Sequer pareciam ter idades próximas da minha, era um tédio só, com poucas exceções — que infelizmente já tinham seus grupinhos formados e que, por isso, me deixavam de fora de alguma maneira.

Já dentro do Uber o motorista nem deveria nos aguentar, isso que estávamos ali há, no máximo, cinco minutos. Mas parecíamos três hienas rindo, enquanto gritávamos ao invés de falar. Não podíamos evitar, era a empolgação por estarmos finalmente juntos sem uma tela nos separando.

E Hoseok me mostrou que cariocas realmente eram calorosos, porque a cada duas palavras, três abraços vinham na sequência. Tudo bem, isso nada tinha a ver com outros cariocas, era apenas o jeito dele de me mostrar que estava feliz por me ver.

— Me dá uma bolacha. — Pedi a ele dentro do carro enquanto o via pegava uma do pacote, mas ao invés de me dar uma ele simplesmente me deu um tapa na coxa. — Por que tu me bateu?

— Você me pediu uma bolacha. — O olhei ainda mais incrédulo, então apontei para o pacote que ele tinha em mãos. — Isso é biscoito. — Apontou também para o pacote. — E isso é bolacha. — Me deu outro tapa na coxa.

— Guinho, é biscoito ou bolacha?

Mas o mesmo arrancou o pacote da mão de Hoseok, revirando seus olhos antes de nos olhar com tédio.

— É comida.

Então nós três começamos a rir outra vez, dividindo o pacote de bolacha-biscoito e falando sobre tudo e qualquer coisa que nos vinha em mente. Era difícil de se contar, sinceramente, ainda mais quando meus amigos eram tão divertidos.

Garotos de IpanemaOnde histórias criam vida. Descubra agora