— Só vendo uns parabéns novos no facebook, parei pra ler um pouco... — ela disse, o rosto iluminado pela tela. — Sabe a Jenny?
— Jenny?
— A garota que tava de mulher maravilha na primeira festa, que namora o David?
— Ahhh sim, ela! — falei, me lembrando. — O que que tem?!
— Ela me desejou parabéns aqui, e pediu desculpa por que a Chloe chamou ela mas ela não pode vir. — explicou, virou a cabeça pra mim. — Ela te disse por que ela não veio?!
— Não disse não. — admiti. — Estranho que desde que ela começou a namorar o David ela parou de ir pra todas as festas, né?! Mas acho que casais são assim mesmo.
Ela deu de ombros.
— Que pena, eu gosto dela. — ela voltou o olhar pra tela do celular. — O resto dos parabéns são todos de minha família... — suspirou — Bando de hipócritas, a cara nem arde.
Fiz uma careta.
— Parece que alguém aqui está estressada... Você não pode ficar estressada hoje, é seu aniversário! — comentei, tirando uma das garrafas de vinho da mochila e estendendo na direção dela. — Por que você não toma um pouco de vinho roubado aqui comigo e fala mal de seus parentes pra relaxar?!
Sua expressão até então neutra desdobrou-se em uma expressão de indignação repentina.
— Jade, você roubou um vinho?! — reclamou, revoltada.
Bem, não tinha não. Mas não deixava de ser um vinho roubado, afinal.
— Talvez. — dei de ombros, abrindo a tampa com força e dando um gole.
— Cara, isso é MUITO errado! — protestou ela, aborrecida. — A gente tem que voltar lá e pagar!
— Agora já foi. — confessei, limpando o canto da boca com a mão.
Ela continuava me olhando, zangada. Dei uma risadinha. Sempre achava fofo o jeito que ela era tão certinha.
— Quanto que foi?
— Dez dolares.
Ela suspirou e tomou a garrafa de minha mão.
— Mais tarde... — ela deu um gole na bebida. — A gente vai lá, comprar uma barrinha de chocolate, e deixar 10 dolares de gorjeta como quem não quer nada pro caixa. Está entendido?
Dei uma risadinha.
— Sim senhora.
— Mas enfim... — Ela se virou de lado pra mim, apoiando a cabeça com a mão. Fiz o mesmo, nosso corpos relativamente próximos. — Sobre meus parentes que eu tava falando, tenho que te contar uma coisa que nunca contei pra ninguém...
— O que? — sorri, curiosa.
— Eu odeio eles. — declarou, se segurando pra não sorrir. — Tipo, eu sei que isso não é coisa que se fale, eles são da minha família e...
— Que isso! — tranquilizei-a. — A única pessoa de minha família que eu gostava de verdade era o tio Denis. E eu odeio todos os meus parentes sem ser meus pais e minha irmã. — contei. — E olhe lá.
Ela riu.
— Bem, eu fui ensinada a amar minha família incondicionalmente. — comentou ela, arqueando as sobrancelhas. — Mas sempre foi difícil, sem nem sequer gostar deles... Meus tios são nojentos, minhas tias são chatas... — ela deu um gole da bebida. — Eles só gostam da imagem de garotinha perfeita que minha mãe criou sobre mim, eles não gostam de mim, realmente. Mas fingem que gostam, né. E essas mensagens falsas de parabéns tão me tirando do sério...
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Only God can judge you
Teen FictionUm romance de faculdade. Nenhuma novidade. Acontece toda hora. Mas não com Lorena, cristã fervorosa que nunca nem imaginou que pudesse se sentir atraída por outra garota. Nem com Jade, rebelde de carteirinha que não era a melhor lidando com sentimen...
Capítulo 23
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