Capítulo 2

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De New Jersey até Long Island levava aproximadamente duas horas e meia de carro, o que é bem pouco, se você conseguir dormir.

Infelizmente esse não foi meu caso.

Havia se passado mais ou menos uma hora de viagem, e tecnicamente ninguém deu uma palavra.

— ...Nossa, não é ótimo que seu desfile seja em New york?! — mamãe comentou, numa tentativa de puxar assunto. — Long Island é pertinho! Agora você vai poder visitar sua irmã na faculdade, Vic!

— Sim, com certeza... — respondeu Victoria, sarcástica. Ela nem havia tirado os olhos do celular.

— ...E sua banda, filha? — perguntou meu pai pra mim — Como que está?

— Ah, 'ta de boa, eu acho. — dei de ombros — Eu 'to ansiosa mesmo pra reencontrar Tiff e PJ, nos vamos nos apresentar na próxima festa da Chloe. — Respondi — Acho que ela vai dar uma festa de comemoração de início de bimestre, ou coisa do tipo. Vai ser dahora.

— 19 anos, cabelo pintado e com uma bandinha de Indie rock... — debochou Victoria — Você é realmente uma universitária da Brown, irmãzinha.

— Ah, vai cuidar da sua vida! — Respondi — Opa! Eu disse sua vida!? Eu quis dizer seu feed de famosinha de Instagram, mas também, é quase a mesma coisa pra você mesmo.

Ela balançou a cabeça e estendeu o dedo do meio pra mim.

— Nossa, gentileza sua Victoria, mas eu não preciso vomitar agora. — Respondi, rindo daquela minha referencia, de um de meus filmes favoritos.

— Ah, que pena! Se não a gente até podia por uma de suas músicas aqui. — Falou, me confrontando.

— E o que que você entende de música, senhorita loira aguada? —Perguntei, levantando meu tom de voz.

Ela me encarou, boquiaberta.

— MEU CABELO É NATURAL SUA DISSIMULADA! — Gritou, extremamente ofendida. — E VOCÊ SABE DISSO!

— CHEGA DE GRITARIA — Meu pai interrompeu — Pelo amor de deus, sejam civilizadas!  — Obedecemos, e por uns longos minutos, ninguém falou nada. — ...Hum, Que bom que sua banda está indo bem, filha, e a Sam? Esta ansiosa para vê-la também?

— Ah... Na verdade, nem tanto. — Murmurei, desconfortável — nos terminamos antes das férias... 

— Terminaram? — Perguntou minha mãe, surpresa.

— É sério? — Perguntou Victoria, tirando os olhos do celular pela primeira vez na viagem inteira — 'Pera, o que aconteceu?

— Ah, é que a gente meio que deu um tempo pra ela se focar num estágio de design e tal... Ideia dela.  — Contei — Mas não é esse o ponto, o estágio acabou tem uma semana, a questão é que eu não senti falta dela durante esse período, por mim, tanto fazia se a gente namorava ou não, então eu falei que era melhor se a gente não voltasse... – olhei pela janela do carro – ela merece alguém que realmente queira ela.

— Ah, que droga. Eu gostava dela. — Respondeu, voltando a concentração para o celular novamente.

— Agora que eu 'tô solteira — me virei pra ela — você pode me apresentar alguma das suas amigas modelo que você fizer lá. — dei uma piscadinha

Ela me olhou, debochada.

— Vai sonhando — respondeu.

—...Mas vocês vão continuar no mesmo dormitório? — Meu pai perguntou.

— Não, vai vir uma transferida da Yale esse bimestre, por isso alguns quartos vão mudar. — Expliquei – então eu pedi logo a mudança de colegas de quarto no meu dormitório.

— Pelo menos isso. — Resmungou Victoria. — Mas serio, quem em sã consciência se transferiria da Yale pra Brown?

— Ah, sei lá. — dei de ombros— Eu pergunto pra ela se a encontrar.

— Ela deve ser maluca, vai se enturmar bem lá.

Revirei os olhos.

— Seus comentarios são tão interessantes que eu até fiquei com sono.— Rebati. — Agora, se me der licença, vou dormir pra privar meus ouvidos de sua inteligência esplendorosa.— Falei, me esparramando no banco, deitando em sobre ela.

— Sai de cima de mim! — falou Victoria, histérica.

— Hm... não tenho certeza se eu quero isso, aqui 'ta muito confortavel. – Provoquei, ajeitando a cabeça em seu colo. — Mas, aproveitando o que eu estou aqui, deixa eu ver que tipo de música você escuta pra criticar tanto as minhas. — Falei, tirando um de seus fones e botando no meu ouvido

— NÃO! — Berrou, tentando me impedir de ouvir seja lá o que fosse.

Tarde de mais, já havia botado o fone de ouvido, e para minha surpresa, ela estava ouvindo "They call you monster", uma das minhas músicas favoritas da banda, composta por Tiffany.

Naquele momento, soltei uma gargalhada.

— Parece que eu tenho uma fã fora da Brown! — Gritei, cantarolando.

— Cala boca! — Respondeu, o vermelho tomando conta do seu rosto.

— Mas o que está acontecendo aí? — perguntou meu pai, virando pra trás.

Levantei minha cabeça para encarar Victoria, abri um sorriso.

— É que eu desvendei "Victoria Secrets"! — O respondi, com um sorriso orgulhoso da piada.

— Meu Deus do céu...— ela colocou a mão na cabeça, em negação — De todos os seus 19 anos de vida ,dessa vez, você se superou na sua habilidade de ser sem graça, parabéns. – Comentou, revirando os olhos.

— Ai nem venha, foi muito engraçado. O auge da minha carreira! — Brinquei, rindo.

— Ah vai se...

— Calem a boca! O resto da viagem vocês passam sem dar mais nenhuma palavra uma com a outra, vocês tão me ouvindo? — Interrompeu minha mãe, que não tolerava palavrões de jeito nenhum.

— Por mim, ok — Respondi, abafando a risada.

— Quanto menos eu ouvir sua voz, melhor. — Resmungou Victoria, aborrecida.

— Eu acho que você não realmente acha isso. — Sussurrei, olhando pra seu celular tocando minha música.

Ela não respondeu nada, só me olhou feio e desviou o olhar pra janela do carro, fechei os olhos, feliz por ter ganhado todas as discussões com a Victoria (apesar de que isso não é tão difícil)

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Ela não respondeu nada, só me olhou feio e desviou o olhar pra janela do carro, fechei os olhos, feliz por ter ganhado todas as discussões com a Victoria (apesar de que isso não é tão difícil). Admito que também por saber que ela também escutava minhas músicas. Resolvi dormir. Já havia ganhado meu dia, sinceramente, tinha como esse dia ficar melhor?

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