Capítulo 8

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Após aquela piadinha com fundo de cantada que fez meu útero se revirar de tanta emoção, você deve estar pensando que, com toda certeza, nós dois subimos para o quarto e eu tive a maior foda da minha vida. 

Acontece que se você pensou isso, sinto em dizer que você errou. Richard parecia estar levando muito a sério a minha ideia de sermos apenas amigos o que vinha dificultando as coisas para mim. 

Será que ele não sabe que quando você diz isso é da boca pra fora?! Será que talvez ele esteja só me testando, apenas pra ver quanto tempo vai levar pra eu implorar de joelhos por aquela foda?! 

Enquanto mil perguntas passavam pela minha cabeça, Richard recolhia a louça e a lavava com maestria. Sim! Eu estava achando esse homem sexy até enquanto lavava a louça. Pensei em ajudar, mas a visão dele ali estava de fato muito mais vantajosa. Na verdade, acho que o que toda mulher quer é isso: um homem que lave a louça.

Ali, sentada, naquele lugar incrível, com aquele homem incrível, fazendo piadinhas da situação, algumas coisas me ocorreram: a primeira delas é que com certeza a dor de amor é passageira (principalmente quando você percebe que amor é muito mais do que seu relacionamento passado um dia foi), a segunda é que eu não sabia se era paixão, mas sabia que queria aquele homem pra mim, e a terceira, mas não menos importante, é que eu havia acabado de beber vinho durante o almoço em um dia de semana e ignorado completamente o fato de que tinha aula pela tarde. 

Levantei depressa enquanto Richard me olhava sem entender nada. Recolhi minha mochila, a coloquei em um dos meus ombros e fui andando de costas para a porta de saída como se fugisse de um animal raivoso. 

- Obrigada pelo almoço. Estava ótimo, mas acabei de lembrar que eu tenho aula agora pela tarde e não seria muito prudente eu faltar. 

Deixando as louças em meio a lavagem, Richard riu, percebendo minha atitude, e se aproximou lentamente. 

- É uma pena, Tatiana. Esperava que pudêssemos nos conhecer mais. Vou buscar as chaves. 

- Não precisa se incomodar em me deixar no campus. Posso chamar um taxi. 

- Eu insisto. 

Sem conseguir escapar daquele homem (se é que eu queria isso), esperei próximo a porta até que Richard voltasse com as chaves do carro e sua maleta de trabalho. 

Era impressionante como ele dominava meus sentidos. Era como se o mundo parasse toda vez que ele caminhava em minha direção. 

Eu nunca fui o tipo de garota que acredita em amor a primeira vista. Acho que amor é algo que se constrói aos poucos, com companheirismo e cumplicidade. Mas naquele momento, sabia que era impossível lutar contra as coisas que quero e contra o destino. 

Assim que o elevador fechou as portas, não pensei. Apenas fiz. 

Empurrei Richard levemente contra a parede do elevador que, entendendo o recado, enlaçou minha cintura e me deu um dos seus beijos avassaladores. Como diria Edward Cullen: já que eu vou pro inferno mesmo. 

Foi com o som das portas do elevador se abrindo que paramos nosso beijo. Ofegante, soltei uma gargalhada e sai, dando as costas para Richard, sabendo que o mesmo me seguia com os olhos enquanto eu andava até o seu carro. 

Entrando no carro, logo após de mim, Richard riu suavemente e me encarou por alguns segundos. 

- Eu realmente achei que demoraria mais pra você desistir dessa ideia idiota de sermos amigos. 

E foi assim que ele deu a partida. 



Deixar aquele carro foi estranhamente doloroso. Era como se todas as forças magnéticas do universo me ligassem aquele homem. Apesar de ser grande e apresentar até certa rudez, Richard se despediu me dando um beijo suave antes de arrancar sua nave espacial em direção ao hospital. 

Durante a aula, como uma criança idiota, fiquei desenhando em meu caderno até que meu celular vibrou. 

Estou ansioso para ver você de novo.  

Morrendo de ansiedade, com o coração batendo cada vez mais forte, resisti ao impulso de responder. Já havia atacado ele no elevador, responder depressa me faria parecer desesperada. 

Olhar o celular a cada segundo, me fez travar uma batalha interna sobre responder ou não. Até agora nenhum dos meus amigos sabia o que havia acontecido, então não podia se quer pedir ajuda nesse momento. 

Mil coisas passavam pela minha cabeça: e se ele estivesse brincando comigo?! E se eu fosse só mais uma na lista?! Eu não faço o tipo dele! E se ele tem uma daquelas loiras e modelos como namorada?! Será que ele gosta de mim?! Quem gostaria de mim?! 

Criando mil teorias do porque o homem mais lindo do mundo resolveu querer a mulher mais sem graça do mesmo mundo, meu celular vibrou novamente. 

Vai bancar a difícil e não me responder?! hahaha'

Ri sozinha assim que li a mensagem e acabei fazendo com que metade da turma olhasse pra mim. 

Não acho que banco a difícil com você. Pelo contrário. [ps. isso não é uma coisa boa]

Por que não? 

Não sou seu novo brinquedinho Richard 

Você muda de humor muito rápido Tatiana. É difícil acompanhar você. 

Fazer o que se eu sou intensa. 

Rindo da mensagem que havia enviado e me dando conta de como meu humor tem mudado tão de repente, juntei minha mochila e sai da sala. Eu com certeza não estava sendo útil ali mesmo e não seria em trinta minutos de aula que aprenderia sobre lei de falências. 

Enquanto caminhava em direção ao estacionamento, ria sozinha de tudo o que havia acontecido hoje. Talvez eu ainda estivesse em meu quarto, de pijama, pensando em meu ex-namorado e tudo aquilo fosse só uma viagem por falta de carboidratos. 

Absorta em meus pensamentos, com a mania de caminhar olhando pro chão, não reparei quando esbarrei em alguém, próximo ao meu carro. 

- Porque eu tenho a sensação de que você vai revirar a minha vida, Srta. Tatiana? 


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⏰ Last updated: Sep 15, 2020 ⏰

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