Capítulo 4

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Uma semana se passou e a única coisa que eu conseguia fazer era ir para a faculdade e depois retornar para casa. Já estava na época de procurar um estágio, afinal eu havia saído do meu emprego por isso e precisava ajudar nas contas do apartamento, mas simplesmente não tinha animo nem vontade. Tentei duas entrevistas, mas minha cara de deprimida não agradou nenhum dos entrevistadores.

Okay, confesso que sou um pouco mais dramática que o necessário, mas já que era para curtir a fossa, nada melhor que ficar no quarto ouvindo Adele. Quando tocou pela terceira vez, só naquele dia, make you feel my love, batidas estrondosas foram desferidas na porta do meu quarto.

─ Já chega! Gritou John, com a voz grossa. ─ Se você não abrir a porra dessa porta eu vou botar ela a baixo.

Levantei da cama lentamente e destranquei a porta, voltando para a cama o mais rápido possível. Se o John havia engrossado a voz era porque a coisa realmente tinha ficado seria.

A porta foi aberta com um chute que me fez estremecer. Só tinha visto John bravo assim uma vez que foi quando seu pai descobriu que ele era gay e o expulsou de casa.

─ John, você tem que agir como homem mais vezes. Falou Ruth, rindo da minha cara de espanto. ─ Juro que se você falasse assim perto do meu ouvido, eu dava pra você.

─ Urgh, sai fora. Retrucou John, com uma cara de nojo que me fez rir.

Ao me escutarem rindo, os dois me olharam com espanto seguindo por uma careta. Sabia que provavelmente meu rosto devia estar inchado e meu cabelo um ninho de rato, mas não ligava.

─ Olha, o cadáver fala. Disse John.

─ Há, Há. Que graça! O que vocês dois querem?

─ Pelo amor de Deus! Só converso quando desligar a porcaria desse som. Nunca mais quero ouvir Adele na minha vida. Gritou John, voltando a ser o mesmo de sempre.

Enquanto fui até o computador para desligar, os dois se alojaram na minha cama. Com certeza viria uma bronca digna de dona Ruth.

─ Senta aqui colega. Vamos conversar. Falou ela, batendo na cama. ─ Você quer ficar de fossa? Tudo bem. Nós te apoiamos Tati, mas tem que evoluir; passar pra fase 2.

─ Fase 2?!

─ Botar uma roupa sexy, ir pra balada, encher a cara e fazer muita bobagem que provavelmente você nem vai lembrar depois.

─ Não sei se reparou, mas meu animo não esta muito pra roupa sexy.

─ Vai com esse pijaminha cor de rosa desbotado então, mas vai criatura. Disse John.

─ Eu escolho sua roupa e John pode arrumar seu cabelo enquanto eu faço a maquiagem. Continuou Ruth. ─Pra dar tempo, vai se arrumar John.

John saiu correndo do quarto enquanto Ruth disparava até meu guarda roupa sem eu nem ao menos dizer que iria sair.

─ Acho que o melhor seria um vestido preto. Preto sempre é sensual. O que acha?

─ É bom pro meu luto.

Me arrependi no mesmo instante que falei, pois recebi um olhar mortal de Ruth. Achei mesmo que ela fosse me matar e esconder meu corpo em alguma vala no caminho para a boate.

─ Juro que se você não encher a cara hoje, eu vou encher ela pra você e não vai ser agradável. Rosnou ela, com o punho fechado. ─ Agora vai de uma vez pro banho antes que eu te mate.

Levantei sem fazer movimentos bruscos indo em direção a porta do banheiro. Quando estava passando por Ruth, corri o mais rápido possível me livrando de tomar alguma toalhada nas costas. 

MercyWhere stories live. Discover now