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— Filho, não é hora pra isso — diz Carlisle, pondo a mão no ombro de Edward, mas é ignorado.

— É a oportunidade perfeita — continua Edward para Jacob.

— Talvez seja. Talvez ela faça a escolha certa dessa vez — Jacob rebate, sua expressão tranquila inabalável.

— Você nunca será a escolha certa — sussurra Edward.

— Eu não entendo, com licença, eu... — me meto, indo ficar quase entre eles, com Alice em meu encalço — eu fiz algo a vocês? Porque do jeito que estão falando, parece que eu peguei suas mães e fiz churrasquinho.

— Sim, você fez a gente amar você — diz Jacob, dando de ombros e sorrindo. Como se não fosse grande coisa, como se não fosse importante. Mas se eles estão brigando por isso tanto tempo depois, com certeza foi.

— Isso foi um problema? — questiono, mas não tenho certeza se quero saber desse drama do passado.

— A partir do momento em que você partiu o coração dele e o meu e morreu... É, foi um problema — diz Edward, parecendo irritado.

Então eu não ter escolhido um deles foi um problema. Mas eu casei com Edward... Será que eu namorei o Jacob? Eu deveria ter ficado com os dois, então? E sobre eu ter morrido... Ele realmente fala como se fosse minha culpa. Alô, é do consultório? Precisamos de uma sessão de terapia aqui.

Estico as mãos e toco os dois ao mesmo tempo, tentando focar no antigo drama amoroso que rolou. Mas é como remar contra a correnteza. Difícil. Jacob em uma cama, Edward me pedindo para que eu não fosse ver ele... Não segue uma linha temporal correta, aparentemente, mas é ruim o bastante. Parece tão real. Se eu esticasse a mão, podia tocar o rosto de Jacob, que está em sua pequena cama todo machucado. Eu causei isso?

—  Eu era tão má assim? — arfo, tirando a mão deles. Odeio machucar as pessoas que gosto, e, aparentemente, eu amava essas pessoas.

Parece que toda raiva evapora de Edward, já que suaviza a expressão.

— Não. Não, sinto muito, Be... Lena. A culpa nunca foi sua — ele diz, passando a mão por meu rosto, me fazendo piscar algumas vezes para me concentrar no presente, não nas lembranças intensas — você era só uma humana, frágil e um imã para desastres.

Seu tom é carinhoso, um amor nostálgico. Mas suas palavras tem um toque arrogante que eu não gosto e me ofendo. Como eu aguentava essa condescendência?

— Bom, talvez eu tenha mais sorte desta vez. Sou uma bruxa, sou poderosa, sei bem o que quero — digo, tirando gentilmente a mão dele — e não sou mais uma adolescente.

— Ah, é! Vai ficar muito mais interessante agora! — ri Emmett, aliviando um pouco a tensão.

Jasper bufa e dá um tapa na cabeça do irmão, sussurrando um "agora não, idiota".

— Tudo bem, eu aceito ficar aqui por esta noite, amanhã decidimos o que fazer com... — suspiro — toda essa loucura.

Tanya parece grunhir, batendo o pé com raiva e saindo da sala, desaparecendo entre as árvores do lado de fora. Mas ninguém dá a mínima, os olhares ainda em mim.

— Por aqui! — Alice pula na minha frente e praticamente me arrasta até o quarto — bom, espero que goste.

— É lindo — comento, me sentindo imediatamente confortável.

O quarto é todo branco e de cor azul clara. Há quadros espalhados por todo cômodo, todos em uma harmonia elegante. Tiro meu par de tênis e deixo no canto, com medo de sujar o piso impecável. Vou até o tapete branco peludo, sorrindo ao sentir a textura em meus pés. Ah, pequenas alegrias da vida.

already gone | twilightOnde as histórias ganham vida. Descobre agora