Minha mãe nos teve cedo, então ela é uma pessoa mais maleável. No início foi complicado com o Jonas, com o Rony já melhorou e comigo meio que estabilizou. Uma coisa que ela sempre nos diz: "É melhor uma liberdade confiável do que uma prisão", obviamente que tudo tem limites, mas nos privar das coisas não seria o correto. E concordo com ela. Do jeito que sou, não sei como eu iria reagir com ela me privando das coisas. Nossa relação é bem de boa, tanto com ela, como com meu pai.
— Tá' batendo o sono, mas não vou dormir. Pra' ver se durmo a viagem inteira e chego tranquila. — Pego o suco da geladeira e o coloco em um copo. — Resolvemos as documentações todas, né'?
— Tudo certo, garota. — Responde colocando uma tapioca no meu prato, recheada com paçoca e queijo coalho. Aspiro o cheiro fortemente e ouço minha barriga roncar. — Queria poder levar você a universidade.
— Eu também, mas entendo que não podem. — Pego minha tapioca e dou uma mordida.
— Prometemos que no natal vai dar certo. — Responde com um sorriso caloroso e assinto. — Espero que até lá você arrange um homão.
— Ó, céus. Você só pensa nisso, eu em. — Sorrio fraco e ela ri.
— Irei venerar o cara que conseguir domá-la.
— Ninguém vai me domar, a não ser eu.— Digo e ela sorri.
— Sou orgulhosa desse seu pensamento, mas... — Arqueio uma sobrancelha e ela desvia o rosto, fazendo a sonsa. — Eu só queria um genro, sabe.
— Pede pro' Rony arranjar um namorado, então. — Digo rindo e ela revira os olhos, voltando aos seus afazeres.
***
— Preparada?! — Pergunta meu pai.
— Sim!!! — Digo sorrindente, mas... — Não.
— Claro que tá', ou nem teria chegado aqui.
— Vou sentir muita falta do meu bebê. — Amora me abraça e começa a chorar, me fazendo derramar algumas lágrimas. — Eu te amo muito, viu?!
Não gosto de intitular isso, mas a Amora é tipo minha melhor amiga, a considero mais que isso. Nos conhecemos há apenas quase dois anos, mas ela me ganhou rapidamente. Desde então, nós sempre somos uma para a outra.
O Léo se juntou ao nosso abraço e a Amora se afastou um pouco, sobrando apenas um abraço único.
— Aproveita lá, visse, folote?! Tu sabe que a considero uma irmã, né'. E que amo você. — Ele me dá um beijo na cabeça e começo a rir.
— Você é uó, Léo. — Ele sorri e se afasta, indo abraçar a Amora.
Conheço o Léo há uns cinco anos, no início de nossa amizade ele "gostava" de mim, por um tempo pensei que era recíproco, mas era apenas o carinho enorme que sintia por ele. Até tentamos, mas não se encaixava, nem chegamos a ficar. Por outro lado, toda essa bobeira serviu para nos aproximar e fortalecer a amizade. Essa história nos mínimos detalhes é até engraçada.
— Lua, meu amor, vou sentir saudades! — Priscilla me dá um abraço seguido de um sorriso, sendo arrancada de mim pelo Peter.
Conheci a Priscilla e o Peter juntos, há cinco anos. Peter sempre apaixonado por ela, enquanto ela é toda tapada e fica sofrendo por quem não presta.
— Sai, agora é minha vez. — Peter me puxa para um abraço e me sacode. — Não vou dizer nada meloso, mas aproveite o lá.
Após alguns segundos reclamando e sendo sacudida, me despeço dos meus demais amigos e por último, o Felipe.