Capítulo III - Topo Gigio

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— Quer dançar? — Olho para o garoto que está me olhando com um sorriso de orelha a orelha. Assinto terminando minha bebida e ele deixa a dele de lado, estendendo a mão para eu pegar.

Segui o mesmo e sinto uma de suas mãos em minha cintura, ao mesmo tempo que eleva a outra junto da minha e puxa-me para perto. Sinto o calor de seu corpo, ou talvez do meu, ou ambos. Nossos olhares como ímãs. Apesar da escuridão consigo ver seus olhos sempre que as luzes o tocam, analisando a cada momento. De perto seus olhos são mais azuis do que qualquer um que já vira, lembrava-me o oceano, como se eu pudesse ver e sentir o mar diante de mim. Nossos narizes roçaram um no outro.

E que mal tem se rolar, não é?! A gente não vai se encontrar mais, mesmo.

Estávamos cada vez mais próximos, o calor compartilhado. Não imaginava que eu pudesse associar o cheiro de alguém a limão doce... Limão doce? Com suor. Misturado com odor salgado.

Até que:

— Meu Deus, estou cega e surda?! — Solto-me do garoto e escuto um riso.

— Galera, galera! — O DJ diz no microfone. Bom, pelo menos não estou surda. — Sem pânico. Faltou energia, mas já estão tentando resolver.

E nem cega.

— Ei! — Escuto a voz de Pedro me chamar. — Sumisse.

— Achei que eu tinha ficado cega e surda. — Digo e ele ri.

— Vamo' embora, eles não conseguiram ajeitar ainda. Vai demorar.

— Eu queria beber mais. — Reclamo e ele me leva até onde o resto do pessoal está.

— Ainda bem que você tá' viva. — Diz Felipe e estiro língua para o mesmo.

— Eu aproveitei a noite, mesmo que sem vocês. Apesar de terem me deixado sozinha. — Digo e eles falam que é exagero. — Vocês querem se livrar de mim, não é?! — Digo chorosa. — Foi por isso que vocês quiseram essa despedida. Querem que eu vá e não volte mais! — Começo a chorar e esfrego os olhos para limpar. — Vocês não me amam mais e querem me jogar fora!

— E lá vamos de Lua carente. — Léo comenta, enquanto pega o celular.

O Felipe vem me abraçar, mas não paro de chorar.

— Claro que não, Lua. Queríamos que você aproveitasse. E ainda bem que aproveitou.

— Pois é, você conseguiu aproveitar sem a gente. Você sabe como é apegada a nós. — Diz Peter alisando minhas costas.

— Você tá' parecendo que foi pra guerra e passou lama na cara, amiga. — Pedro ri junto dos demais e eu rio junto, mesmo sem entender nada.

***

— Ó, céus! Que dor de cabeça! — Digo sonolenta, enquanto ajeito meu travesseiro.

— Você bebeu além da conta. — Diz Felipe ao meu lado. — Como na maioria das vezes.

— Para de gritar, pelo amor de Deus. — Digo devagar.

— Não estou gritando. — Ele cochicha e ri. — Olha aqui. — Ele me mostra o celular e abro os olhos lentamente, vendo o vídeo se passar, seguido por fotos.

O primeiro vídeo passa-se comigo chorando por algo e esfregando o rosto, fazendo com que ele ficasse totalmente preto por causa da maquiagem. Seguido de outro abraçando o poste de luz em frente da minha casa e algumas fotos minhas, nossas.

— Léo é um filho da puta. — Praguejo e coloco a mão na cabeça. — Aí, aí.

— Foi engraçado, ainda fui caridoso de lhe dar um abraço.

IntercâmbioWhere stories live. Discover now