🄼🅄🅂🄸🄲🄸🅂 🄰🄵🄵🄴🄲🅃🅄🅂; Bruce Wayne

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O silêncio esquenta suas bochechas, sendo desconfortável.

É como se o tempo parasse enquanto os dois se observam, Bruce com a testa fincada e sobrancelha e unidas.
—Seus olhos estão exatamente como eu me lembrava.— Diz como se fosse um comentário que ele gostaria de guardar pra ele mesmo.

Você torce o nariz, tentando evitar sorrir.

Ele parece tão fora de si, tão deslocado. Ao mesmo tempo que é como se o tempo não tivesse passado.
Como se não tivesse se preparado para aquele momento.

—Mesmo depois de todos esses anos?— você sorri, suavemente.

Só deus sabe como você não deixou a xícara transbordar, concentrada em banir todas as lembranças dele que rodavam sua mente.
As vezes que vocês discutiam e ele te calava com um beijo, as lutas, as risadas.

—O que você está fazendo aqui, Bruce?— Diz, entrando na defensiva.—Você não apareceu aqui apenas para elogiar meus olhos e olhar para meu rostinho bonito. Não depois de três anos.

—Acho que... Acho que foi só um rápido olá.— Ele diz, pigarreando.— Ou melhor, era pra ser.

—Como está Selina?— Você alfineta, não controlando o tom magoado.

—S/n...—Ele sussurra, como se estivesse prestes a te dar um sermão.

—Esse não é um tom de quem parece que está feliz com ela.— Você sorri, afiada como uma faca, apoiando as mãos na cintura desafiadoramente.

—Nós nunca nem estivemos juntos, querida.— Ele responde, franzindo as sobrancelhas.

Sua história com Bruce era complicada.
Faziam cinco anos que Bruce Wayne, o príncipe de gotham, tinha voltado a cidade.
A partir daquilo, só confusão.
O homem que era seu melhor amigo desde que se lembrava, o motivo pelo qual você quebrou o nariz de uma garota encrenqueira para ir para o mesmo internato que ele, aquele a qual você entregara seu coração e primeiros beijos, não era mais o mesmo.

Agora ele era o morcego de Gotham, cavaleiro das trevas, a vingança.

E você era só...
Você não era ninguém, era o que pensava, ou melhor, não era alguém que chegaria aos pés de uma gatuna como Selina Kyle.

—O que você faz aqui, Bruce?— Você pergunta novamente, tentando não parecer tão afetada, o olhando nos olhos.

—Achei que pudesse aparecer para te ver.

—Depois de três anos? Um pouco atrasado.

Vocês se encaram pelo que parece ser o tempo suficiente para derrubar montanhas.
Com um minuto de tensão, enquanto se olham, ele leva a mão a orelha esquerda, pressionando um possível comunicador e respondendo baixo com um "Estou a caminho, Alfred."

Como se seu olhar não pudesse derreter seus ossos com o calor, ele se levantou. A diferença chata entre seus 1,75 e os agora 1,88 do homem se faziam presentes, tornando seu alcance ao cheiro do perfume maior ainda.

—Foi um prazer te ver, S/n.— Bruce diz, encolhendo as mangas da camisa de gola alta, como quem se prepara para uma luta.

Você franze o cenho, estranhando a mudança subita de tom.

— Não sei se digo o mesmo.

Ele solta um barulho em tom amargo, fazendo barulho com seus sapatos chiques quando se põe a andar até a saída do estabelecimento.
Você olha para a mesa, sentindo falta de algo para compor seu look.

—Bruce, seu..—Você começa, prestes a correr para devolver seu sobretudo, mas a nota no guardanapo a impede.

"Deduzi que você veio sem casaco."
A caligrafia perfeita e chique era marcada com a tinta preta de uma caneta que você sequer o viu tirando do bolso.
Junto ao bilhete, repousavam as moedas para pagar o café intocado, além de quinhentos dólares, provavelmente para sua gorjeta.

Você segue o olhar a porta, esperando ver o rastro inexistente do morcego.

—Bastardo—Você sussurra, podendo imaginar a risada grave do homem.

.........

—E então?— Olga pergunta, torcendo as mãos enrugadas em preocupação quando você novamente para ao lado do balcão, com novos pedidos anotados.
Você deposita o bule na bancada, junto com sobretudo, pagamento do café e a gorjeta de quinhentos dólares, colocada dentro da sua caixa.

—Ah.—Você resmunga, colocando a caneta atrás da orelha.— Nada de mais.—responde.

—Nós duas sabemos que isso está te incomodando, querida. O que é?

—É que... Ah, Olga.
Ele provavelmente nunca vai saber—Resmunga, apertando a ponte do nariz, afastando a dor de cabeça. —Ele ainda é o único depois de todos esses anos.