Cap. 3 - Aquela ilha

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Segundo o Guia Mitológico Universal (cujo exemplar mais antigo encontra-se em uma pequena biblioteca particular na Vila do Sol), as fadas são seres pequeninos, com asas brilhantes, quase sempre imortais. Muito presentes nas histórias infantis, são geralmente ligadas a feitiços de amor e felicidade. Como criaturas mágicas, raramente ficam tristes ou desanimadas. São seres de paz, e nunca desistem de seus objetivos.

Mas no caso daquela fada, que navegava à deriva sobre uma cruz no oceano, a situação era muito mais delicada. Zoé foi guerreira, lutou até o fim contra aquele leão que deixou seu pequeno corpo em farrapos. Nem sua mágica foi capaz de vencer a fera naquela caverna no Deserto dos Ventos. Agora sua última luta seria manter sua alma ligada ao seu corpo, já sem encanto.

Mas como tudo no universo tem sua hora e seu destino, Zoé e sua cruz logo acabariam encontrando seu caminho pelas águas, na corrente marítima da Ilha das Sereias. Não seria um caminho fácil, sem desafios. Todos que percorriam aquele trajeto acabavam descobrindo isso, mais dia, menos dia. Lendas de monstros e criaturas do oceano naquela área eram conhecidos por todos, há milênios.

E assim, duas luas depois de partir do deserto, a presença de Zoé (ou seu cheiro nada encantado) despertou a atenção de um desses seres mitológicos das profundezas. Ao avistar aquela presa em potencial, um tubarão-cobra cravou seus afiados dentes na madeira, arrebentando a cruz em pedaços.

O corpo de Zoé acabou sendo lançado ao mar, desprotegido

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O corpo de Zoé acabou sendo lançado ao mar, desprotegido. A fera dos mares mergulhou novamente, preparando um ataque final. Do fundo das águas, subiu com toda a velocidade e abocanhou o pequeno corpo da Fada, sua próxima refeição. Arrancou a asa esquerda da fada. Para ele, tinha gosto repugnante de inseto. O som de seus dentes poderosos reverberou na água, e um par de olhos curiosos logo se abriu em uma fenda, nas profundezas do oceano.

Era fato: algo mágico aproximava a consciência dos seres de bom coração, já diriam os sábios do futuro. Uma alma caridosa assim surgiu, balançando sua cauda em perfeita harmonia com as águas. Era belíssima e tinha a música até no nome, Fá. Adorava cantarolar músicas de outros tempos, de outros universos, principalmente se fossem de quartetos famosos. Dizem que já nasceu cantando... E esse era seu maior dom, além da beleza e do bom coração.

A sereia observou o tubarão-cobra (faminto) e a situação de Zoé (lamentável). Nunca havia visto uma fada tão machucada, ferida. E aquelas marcas... Aquela violência... Só podiam ser obra de uma criatura. Ela sabia bem disso. Não por acaso, vivia tão preocupada com tudo a sua volta. O mundo agora era outro.

Aquela cena tocou sua alma profundamente, e logo pensou em uma mágica canção de um quarteto das terras distantes, que faria muito sucesso em outros tempos.

O tubarão-cobra deixou a fada de lado. Sempre preferiu carne de peixe e a humana, a pequenos insetos sem gosto.

No momento em que o monstro dos mares abriu sua boca e exibiu seus mais de trezentos dentes, partindo ao ataque, a sereia fechou seus olhos. E cantou uma canção:


"Pequenina, você e eu sabemos

Como as dores do coração vêm e vão

E as cicatrizes que elas deixam

Você vai dançar mais uma vez

E a dor acabará

Você não terá tempo para o luto

Pequenina, você e eu choramos

Mas o Sol ainda está no céu brilhando sobre você"*


O Guia Mitológico Universal diz também que fadas são criaturas praticamente imortais. Mas no caso de Zoé, era preciso mais. Muito mais para manter unidos corpo e alma. Uma antiga profecia falava justamente sobre uma canção mágica, capaz de levar o espírito de uma fada para o caminho de sua salvação.

Mas para Zoé, o caminho seria longo. Distante. E só aquela canção da sereia seria capaz de tal feito. Era preciso viajar. De corpo e espírito. E assim a mágica foi feita:

A sereia tomou o pequeno corpo de Zoé nos braços

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A sereia tomou o pequeno corpo de Zoé nos braços. Pressentiu o tubarão se aproximar em câmera lenta, pronto para devorá-la junto com a fada. Mas a sereia bem sabia que a mágica logo iria acontecer.

Zoé enfim pode ouvir a voz da sua consciência adormecida:

- Corpo presente... Alma viajante. Acordarás no local e no tempo certo para encontrar tua cura. Tenha fé e acredite. Eu sou aquele que tudo sabe e tudo vê. Ache a pessoa certa e teu encanto logo voltará a brilhar no teu mundo outra vez!

O bracelete da fada se iluminou, a cada nota entoada pela sereia Fá. Logo estaria brilhando com a intensidade do sol. Até abrir um portal no espaço-tempo, segundos antes do tubarão concluir seu ataque. A sereia Fá só teve tempo de perceber que a alma de Zoé estava partindo daquela ilha para uma terra distante.

Zoé desapareceu para dentro do portal, aberto pela música mágica da sereia. A alma da fada logo iria despertar em um universo distante em busca de...


1) Um sorriso sincero de alguém do futuro

2) Uma poção mágica

3) Um objeto mágico raro

4) Uma prova de amor verdadeiro

5) Um curandeiro de outro mundo (Opção mais votada)

6) Uma lágrima de felicidade


Vote na sua opção preferida! A aventura segue na próxima semana! Até lá!

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* Música: Chiquitita / Abba (1979)

As Crônicas de Zoé  - Livro 1Where stories live. Discover now