PONTES CONVERSACIONAIS

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OS DOIS PASSOS NÃO VERBAIS

Durante minha carreira no FBI, participei de muitas conferências e festas. Em certa ocasião, fui a uma festa de boas-vindas numa pré-conferência com um colega do Programa de Análise Comportamental. A festa se tornou chata, então meu amigo e eu começamos a nos entreter jogando o jogo dos “passos não verbais”.
O jogo funcionava assim: cada um escolhia uma pessoa que estava a uma distância igual da porta. O objetivo do jogo era ver quem conseguiria fazer a pessoa selecionada cruzar o batente da porta sem perceber o que estava fazendo. Nós inicialmente abordamos nossos alvos com uma conversa casual numa distância física aceitável. Sabendo que as pessoas inconscientemente tentam manter uma distância confortável de seu interlocutor, dávamos passos imperceptíveis nos aproximando dos alvos. Quando essa distância diminuía, eles inconscientemente davam um passo para trás para manter seu espaço pessoal. Repetíamos essa manobra até os alvos cruzarem o batente. Quem conseguisse isso primeiro era o vencedor.
Numa das vezes, fiz meu alvo andar até o saguão do hotel sem ele perceber. Quando se deu conta de onde estava, ele exclamou: “Nossa! Como viemos parar aqui?”. Eu apenas sorri e encolhi os ombros.
O primeiro passo para simular com sucesso sinais amistosos (ou inimigos) é observar como as outras pessoas naturalmente exibem esses sinais, e também monitorar os seus próprios.
Quando você simula um sinal amistoso, tente duplicar a mesma sensação que sente quando percebe que está automaticamente enviando essas comunicações não verbais.
Uma boa oportunidade para afiar essas habilidades é quando você anda pela rua, shoppings ou outros locais públicos. Quando uma pessoa se aproxima, incline a cabeça, faça contato visual e sorria. Observe a reação da pessoa. Se o indivíduo retribuir com um movimento da sobrancelha junto com um sorriso, você transmitiu com sucesso o sinal amistoso. Se ele fizer uma expressão estranha do tipo “fique longe de mim”, você pode ter escolhido uma pessoa mal-humorada ou precisa de mais prática. Com o tempo, você deve enxergar uma melhora em como os outros respondem a seus sinais amistosos. Além disso, com a prática, você não terá que pensar sobre enviar os sinais; eles se tornarão automáticos.
Conquistar novas habilidades, ou fazer velhas habilidades parecerem autênticas, exige muita prática. Enquanto estiver trabalhando para aperfeiçoar os sinais, você pode ficar desencorajado e acabar desistindo por várias razões, incluindo constrangimento, falta de domínio imediato das novas habilidades ou frustração. Isso é normal. Ao estudar como as pessoas adquirem novas habilidades, cientistas descobriram que muitos novatos experimentam um período de “queda livre” logo no início do aprendizado. Durante esse tempo, eles não se sentem confortáveis usando as novas habilidades e se tornam frustrados ou constrangidos quando elas não funcionam como deveriam. Ao invés de continuarem praticando, eles desistem.
Não seja uma dessas pessoas! Seja perseverante durante essa fase da queda livre e confie que você irá dominar as habilidades com o tempo e esforço. A frustração e o desconforto durante o processo de adquirir novas habilidades valerão o esforço, pois você será recompensado com resultados melhores ao conquistar relações de sucesso.
Isso é um bom motivo para tornar seu sorriso fácil, conscientemente ou não!

ERRAR É HUMANO… E TAMBÉM TORNA ESTE HUMANO MAIS SIMPÁTICO

No começo de minhas palestras, intencionalmente cometo vários erros que não danificam minha credibilidade, como pronunciar ou escrever errado uma palavra.
Os participantes imediatamente corrigem meus pequenos erros. Mostrando-me constrangido, eu graciosamente aceito a correção e parabenizo os participantes por estarem atentos.
Essa técnica atinge vários objetivos. Primeiro, as pessoas que fazem as correções sentem-se bem consigo mesmas, o que cria conexão e amizade.
Segundo, os participantes se tornam mais propensos a participar espontaneamente sem medo de parecer estúpidos na frente do instrutor. Eles pensam: tudo bem cometer erros, já que o próprio instrutor já cometeu vários. Terceiro, pequenos erros me fazem parecer humano. As pessoas gostam de palestrantes que são especialistas em seus assuntos, mas ao mesmo tempo possuem qualidades humanas semelhantes à plateia.

OBSERVE E APRENDA

Digitar numa tela de celular usando fones de ouvido impede que você envie ou receba sinais de amizade. Além disso, a falta de interação pessoal reduz a oportunidade para você afiar suas habilidades sociais ou aprender observando os outros.
Não é preciso muito esforço para aprender com os outros. Tudo que você precisa fazer é ir a um restaurante e observar ao redor. As pessoas se sentem confortáveis se comunicando quando estão comendo ou bebendo. Veja se você consegue determinar a condição ou intensidade das relações observando os sinais não verbais dos casais.

RELAÇÕES AMOROSAS

Quando duas pessoas entram num restaurante, é possível perceber se elas são um casal ou não observando seu comportamento não verbal. Segurar as mãos é um sinal de interesse romântico. Casais que seguram as mãos sem entrelaçar os dedos indicam uma relação menos íntima do que aqueles que entrelaçam. A seguinte sequência de ações geralmente acontece após o casal se sentar à mesa: 1) o cardápio ou cesta de condimentos é colocado de lado; 2) o casal troca movimentos de sobrancelha; 3) o casal olha um para o outro por mais tempo do que olhariam para estranhos; 4) eles sorriem; 5) inclinam a cabeça para um dos lados; 6) inclinam-se na direção um do outro; 7) espelham a postura um do outro; 8) dão as mãos; 9) usam livremente gestos quando se comunicam; 10) sussurram, ou baixam o tom de voz, para sinalizar aos outros que a conversa é privada; 11) compartilham comida. Esta sequência de atividades pode não acontecer nessa exata ordem ou pode ser interrompida por um garçom, mas você observará algumas ou todos esses sinais não verbais em algum momento durante o jantar.

RELAÇÕES DANIFICADAS

Relações que passam por dificuldades se tornarão óbvias, pois as dicas não verbais comuns em boas relações não estarão presentes. Por exemplo, o casal não irá olhar um para o outro.
Os sorrisos serão forçados. Os dois frequentemente olharão para o prato enquanto falam. As cabeças permanecerão eretas, não inclinadas. Os olhos estarão buscando estímulos ao redor no restaurante. Eles não espelharão a postura um do outro e não se inclinarão; de fato, geralmente estarão inclinados para trás, distantes entre si.

RELAÇÕES INTERROMPIDAS

Uma sequência não verbal que indica o interesse de apenas um dos membros do casal não é difícil de enxergar. A pessoa interessada exibe todos os sinais não verbais presentes numa relação amorosa descritos previamente; entretanto, a outra pessoa exibe sinais não verbais negativos (inimigos).

 A pessoa interessada exibe todos os sinais não verbais presentes numa relação amorosa descritos previamente; entretanto, a outra pessoa exibe sinais não verbais negativos (inimigos)

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O rapaz está exibindo sinais não verbais indicando interesse, ao contrário da garota

CONFORTO DISCRETO

Casais que passaram muitos anos juntos geralmente exibem sinais não verbais que sinalizam uma relação boa ou danificada, mas esse nem sempre é o caso. Pessoas que passaram muito tempo na companhia um do outro possuem confiança de que ambos estão comprometidos com a relação. Não precisam de constantes reafirmações. Elas se sentem relaxadas e confortáveis na companhia um do outro sem medo de traições ou abandonos. Observar casais interagindo quando atingem esse estágio na relação é uma maravilha de se ver.
Essas mesmas avaliações observacionais podem ser feitas por empresários fechando negócios, pessoas tentando conquistar outras ou apenas amigos saindo para uma refeição casual. O objetivo de observar pessoas é afiar seu poder de observação, permitindo que você se torne mais ciente de como elas naturalmente interagem, e melhorando sua habilidade de interpretar aquilo que vê. Se praticar bastante, suas observações e habilidades ao avaliar o comportamento humano se tornarão automáticas, transformando-o assim num comunicador mais eficaz.

manual de persuasão do FbiWhere stories live. Discover now