Capítulo 7 - Palpitação.

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– Deve ter se perguntado como consegui seu endereço, certo? – Dizia, enquanto ajeitava o travesseiro para que eu deitasse. – Hoseok-hyung me deu. Ele me disse que você estava com febre e provavelmente não estava se cuidando direito, então me pediu para conferir. Vim o mais rápido que consegui. – Tinha que ser o hyung.

Agora, Jungkook voltava para a entrada e fechava a porta delicadamente, provavelmente tentando não fazer barulho. Depois, colocou as coisas que trazia consigo sobre a mesa.

– Tomou algum remédio? – Neguei com cabeça, fazendo-o me censurar com o olhar. – Que bom que comprei, então.

Sendo assim, vasculhou a sacola até encontrar uma pequena caixa de medicamento e retirou da cartela um único comprimido, trazendo-o juntamente com um como d'água que pegara da cozinha. Enquanto o tomava, Jungkook marcava mentalmente o horário.

– Obrigado. – Agora que tomara água, minha voz parecia sair com mais naturalidade. Acho que estava mais desidratado do que pensava. – Como não fico doente com frequência, não comprei remédio algum. Depois te devolvo o dinheiro. – Ele fez um sinal de "não se preocupe" com as mãos.

– É sempre bom deixar sempre um comprado e guardado. Nunca se sabe quando nosso sistema imunológico vai cair. – Repreendia, agora com palavras, fazendo-me soltar uma pequena risada. – É sério, tenha isso em mente. Nem parece que sou o mais novo aqui. – Respirou fundo.

– Tudo bem, Jungkook-hyung. – Tirei sarro, em um sorriso, fazendo-o gargalhar.

Era mágico como apenas a presença de Jungkook era capaz de melhorar meu estado. Mesmo que ainda sentisse meu corpo pesado e minha cabeça latejar, tê-lo aqui me distraía de tudo isso. Eu me sentia extremamente acolhido com ele. Não que eu não me sentisse assim com Hoseok-hyung, mas algo era diferente. Não sei explicar. É como se qualquer vestígio de tensão desaparecesse ao ver alguém e o mundo se tornasse mais leve apenas de olhá-la. Nunca senti essa conexão antes, então fica difícil colocar em palavras.

– Comeu alguma coisa? – Neguei, mais uma vez. Arregalou, discretamente, seus olhos redondos. – Uau, Hoseok-hyung realmente te conhece bem. – Ele parecia impressionado. – Vou fazer um mingau pra você, então. – Sorriu gentilmente. – É bem leve e você precisa comer alguma coisa. Tudo bem?

– E tem como negar? – Ri, escutando-o fazer o mesmo.

Fechei os olhos para descansar a vista, deixando minha audição mais aguçada. Podia ouvi-lo abrir a geladeira – resmungando em seguida – e mexer nas sacolas plásticas. Visualizava-o em minha mente, de pé na cozinha, enquanto cortava os ingredientes cuidadosamente e pegava uma panela que estava pendurada. Ouvir uma movimentação no apartamento, que não fosse a minha própria, era estranho. Sentia-me voltando ao tempo em que escutava mamãe preparando as refeições, enquanto papai gargalhava lendo alguma coisa no jornal do dia. Ela me chamava com aquela doce voz, avisando-me que a comida estava pronta, e me envolvia com seus braços quando corria até ela. Entretanto, por mais que seu corpo emanasse carinho, sua voz me repreendia pela pressa com que desci as escadas. Meu pai, concordando com ela, apertava o topo da minha cabeça em uma brincadeira nossa e, eu, fazia uma careta. Naquele tempo, tudo era tão caloroso, cercado de afeto. Como eu sentia falta de tudo isso. Do calor de meus pais. Eles haviam abdicado dessa necessidade do toque para livrar seu único filho da dor física. Mas, não sabiam da emocional que isso causava. Falando francamente, não sei qual das duas realidades me doía mais. A possibilidade de ver um futuro trágico e imutável em meus pais ou não poder abraça-los nunca mais. Às vezes, queria os envolver por longos minutos, sem me importar com a dor de cabeça, tontura e previsões. Porém, tinha a consciência de que eles não aguentariam me ver fraco, em profunda angústia, caso visse algo que não deveria. Assim como daquela vez.

Prelúdio {kth+jjk} [HIATUS]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora