Capítulo 7 - Palpitação.

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                Algumas semanas haviam passado desde que segurei sua mão. Diferentemente do que imaginava, conversar com ele não fora um processo muito difícil. Nossos assuntos fluíam com naturalidade – como se conhecêssemos há anos – e eu me sentia confortável em sua companhia. Por não ter criado laços com outras pessoas durante dois anos, pensava que não conseguiria manter contato sem que o outro não se sentisse desconfortável ou entediado com a minha presença. Mas, aparentemente, Jungkook não se sentia dessa forma. Ele sorria com frequência ao meu lado, escutava cada palavra minha com atenção e – para meu espanto – era quem iniciava as conversas no Kakao Talk [1]. Sem perceber, durante esse pouco período de tempo, sua existência passou a ser essencial em minha vida. Como se esta fosse ficar vazia se não o tivesse. Achava que seria impossível sentir algo assim em apenas um mês.

O som insuportavelmente alto do despertador parecia ser capaz de dar murros em minha cabeça. Tentei desliga-lo o mais rápido possível, por mais que meus músculos estivessem implorando pelo repouso, e passei a observar o teto branco do quarto. Percebi que meu lençol estava encharcado de suor.

– Merda...

Nessas últimas semanas precisei ir ao trabalho de transporte público, visto que as companhias de táxis ainda estavam paralisadas. Mesmo que Hoseok pudesse me dar uma carona na volta, os toques excessivos no período da manhã – sem contar com as esbarradas em clientes – fizeram com que meu corpo se sobrecarregasse. Fazia tantos anos desde que isso ocorrera pela última vez que eu nem me lembrava da possibilidade de ficar doente.

Disquei, com dificuldade, o número de Hoseok para avisá-lo que não conseguiria ir. Embora a vontade fosse grande, era simplesmente impossível nessa condição.

– Sua voz tá péssima. – Disse Hoseok do outro lado da linha, mostrando espanto e preocupação. – Fica descansando mesmo. Precisa de alguma coisa?

– Não precisa se preocupar, hyung. Só preciso dormir.

– Tudo bem. – Não senti firmeza em sua voz. – Qualquer coisa me liga, okay?

Respondi apenas com um murmúrio, sendo incapaz de responder outra coisa naquele momento, e fechei os olhos.

***

Não sabia quando adormeci, mas acordei com o barulho da campainha. Levantei-me com esforço, sentindo como se o mundo se estremecesse a cada passo. Tentei observar pelo olho mágico de quem se tratava a visita, mas a vista cansada não permitiu que eu o fizesse com sucesso. Sendo assim, concluí mentalmente que só poderia ser a única pessoa a quem contara o endereço: Hoseok.

Entretanto, ao abrir a porta, deparei-me com o inesperado. Era Jungkook quem estava à minha frente, parecendo notar minha expressão de surpresa.

– Oi, hyung. – Cumprimentava-me, um pouco sem graça, levantando as sacolas que carregava no pulso ao fazer um movimento com a mão direita. – Vim assim que... ah!

O ambiente parecia ter virado de cabeça para baixo por alguns segundos. Pela fraqueza que estava sentindo, minhas pernas acabaram por perder a sustentação do corpo e Jungkook passou a ser o motivo pelo qual eu não estava no chão.

– Você está pior do que eu imaginava. – Comentou, abraçando meus ombros com a mão esquerda. – Vou te ajudar ir até a cama. – Agora, com a outra mão, segurava firmemente minha cintura, sendo capaz de sentir a diferença gritante de nossas temperaturas.

Por mais que eu seja mais velho e tenhamos praticamente a mesma altura, naquele instante, eu me sentia frágil e pequeno ao ser envolvido daquele jeito. A forma como eu me encaixava em seu corpo e a gentileza com a qual me conduzia, fazia-me sentir seguro. Assim como naquele momento no carro, quando peguei sua mão.

Prelúdio {kth+jjk} [HIATUS]Where stories live. Discover now