Atravessaram um salão com poltronas revestidas de couro e várias estantes com livros e entraram em mais um corredor que dava para a cozinha. Mariah entrou primeiro, seguida por Thomas e Wesley. A cozinha tinha um ar rústico e campal, com um grande fogão à lenha ao lado da porta de saída e uma mesa redonda de cedro no centro, cercada por várias cadeiras e bancos de madeira feitos artesanalmente. Apesar de ser muito cedo, diversas panelas de barro ardiam no fogo e cheiro de comida caseira impregnou o ambiente quando o grupo fechou a porta e se instalou no lugar. Wesley não se fez de rogado, pegou um prato de porcelana de sobre a mesa e foi de panela em panela escolhendo com uma colher de metal, aquilo que lhe interessava na grande variedade gastronômica. Thomas abria a boca para protestar dos modos do primo quando a bela madrasta de Mariah abriu a porta e adentrou no recinto.

– Bom dia rapazes! Vejo que acordaram com fome hoje.

Wesley quase derrubou o talher dentro da panela de feijão ao ser surpreendido pela mulher, mas se recompôs e cumprimentou a anfitriã com um sorriso amarelo.

– Bom dia senhora! Desculpe estar invadindo sua cozinha.

– Tudo bem, Wesley, pode ficar à vontade, a casa é sua – e sorriu para ele – e não precisa me chamar de senhora, afinal não sou tão velha assim. Pode me chamar de Dalila.

Wesley estava extasiado, a madrasta de Mariah era quase tão bonita quanto ela; morena de longos cabelos negros, olhos brilhantes e muito alta, quase da altura de Thomas. Caminhava com desenvoltura, usando um longo vestido negro, de babado e renda e sandálias de salto alto. Seu rosto fino combinava com seu corpo esquio, e sua pele pálida e lisa, sem rugas, pareciam não pertencer a uma senhora de quase 40 anos. Entretanto, apesar de toda beleza exterior, Wesley sentiu algo maligno emanando dela, como se uma aura negra rodeasse e dominasse o ambiente em sua presença. Mesmo assim ele sorriu e concordou.

– Tudo bem então. Muito obrigado!

– Não há de quê, querido. Bem vou deixá-los à vontade. No jantar conversamos novamente. – fez menção de sair, mas retornou e virou-se para a afilhada – Mariah por que você não aproveita o belo sol que está lá fora e mostra a propriedade para nossos convidados? Aposto que eles gostariam de um pouco do ar puro do campo.

– Como quiser madrasta. – Mariah respondeu abaixando os olhos e se encolhendo. A mulher sorriu mais uma vez e saiu, fechando a porta atrás de si.

Um clima tenso tomou conta do lugar e todos ficaram sem saber o que dizer. Wesley tentava entender a relação entre Mariah e sua madrasta enquanto a moça olhava para os pés como se tivesse vergonha de encarar os amigos. A situação durou menos de um minuto, mas congelou a atmosfera e constrangeu a todos. Wesley se moveu na expectativa de abraçar Mariah, mas Thomas quebrou o silêncio, movendo em direção as panelas e exclamando.

– Bem, vamos comer enquanto está quente.

Todos se serviram em silêncio. Thomas comeu apenas arroz e molho de carne com salada, enquanto Wesley e Mariah comeram com vontade. O almoço foi rápido e Thomas foi o primeiro a se levantar, seguido dos demais. A moça os convidou para o passeio no campo como havia sugerido sua madrasta, mas Wesley precisou atender ao chamado da natureza e correu para o banheiro mais próximo sugerindo que eles fossem na frente.

Thomas foi o primeiro a sair apressadamente do lugar, seguido por Mariah que tentava acompanhá-lo da melhor maneira possível. A moça tentou ser simpática e puxar assunto, mas o necromante se limitava a respostas monossílabas e vazias. Estava estressado com a demora na resolução do caso e a visão da madrasta de Mariah serviu apenas para piorar a situação. Desde que chegara a propriedade não conseguia ignorar a presença perniciosa da mulher e sua intuição vivia a lhe alertar sobre possíveis problemas no trato com ela. Mariah, por sua vez, se mostrara avarenta a respeito de informações sobre a demanda, sempre alegando que deviam esperar Wesley acordar para discutir a situação.

A Busca pela Árvore da Vida (em revisão)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora