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Os corredores do castelo estavam silenciosos, era difícil saber onde a corte se encontrava. Soobin mexia os papéis espalhados em sua mesa buscando respostas inalcançáveis.
"O que devo fazer?"
Quanto mais pensava, mais complicado ficava de entender o que acontecia. Uma guerra assim do nada? Divisão de territórios?
Foi o momento exato que uma silhueta conhecida adentrou o salão. Era ele.
- Yeonjun... Por mais que eu ame ter sua presença a qualquer momento perto de ti, creio que esse não seja a melhor ocasião, estão planejando ataques!
- Eu sei, eu inventei isso tudo.
- O quê?
- Precisamos sair daqui, eu e você!
- Do que está falando?
- É nossa única oportunidade de viver o amor que temos, se nós dois fugirmos e fizermos logo o ritual, estaremos livres!
- Entende que somos reis, não é? Com obrigações e não podemos agir como se amor fosse a nossa prioridade! - foi nesse momento que Soobin sentiu seus olhos marejarem com as próprias palavras.
Era cruel ter que desistir da sua felicidade em prol da dos outros.
- Acha que pedimos pra viver esse inferno? Yeji também vai conosco, é nossa única oportunidade, meu amor...
- Ainda não sei do que está falando ou se está blefando o suficiente pra eu fazer o padre vir aqui te examinar!
- Soobin, é um ritual onde desistimos dessa vida aqui e nossas almas são transportadas para outra onde poderemos ficar finalmente juntos...
- Isso é loucura!
- Não posso mais viver um dia sabendo que você não é meu como deveria...
- Dói em mim também, sabia?
3:33 a.m
Yeonjun sentia seu corpo pesado quase como se lutasse para permanecer presente. Olhou os arredores do seu quarto e encontrou sua cama vazia, estava dormindo sozinho mas por algum motivo ainda procurava a presença de Soobin.
O que ele havia acabado de sonhar parecia mais flashes de memórias distantes, talvez fossem. Desbloqueou seu telefone e esperou que Yeji pudesse atender mas, era tão tarde.
"Me dê um motivo bom pra te atender às 3:33 da manhã, Choi Yeonjun"
"Acho que estou começando a sonhar com o que aconteceu antes do ritual"
"Repita"
"Eu e Soobin estávamos num salão conversando, eu tentava convence-lo e então eu acordei do nada!"
"Ok, fique calmo. Provavelmente suas memórias estão voltando para que possamos ter um direcionamento melhor quando acharmos o diário"
"Yeji, há algum risco de voltarmos a viver naquela época depois que tudo isso acabar?"
"Não"
"Eu ia odiar ter que viver sem meu telefone"
"Essa é sua maior preocupação, idiota?"
"Também ia sentir falta dos meus pais e creio que ser bissexual no século 16 não seja tão vantajoso assim ou eu não teria fugido..."
"Já terminou o discurso? Ao menos você tem seu namorado, eu continuo solteirona há quase 500 anos"
"Uau, você realmente quer competir pra ver quem tá pior?"
"Yeonjun!"
"Você ganha. Não se preocupa, Ryujin está destinada a ser sua e ela será"
"Você faz isso parecer tão simples"
"O amor parece difícil mas, ele não tem que ser"
"Na teoria? Sim"
"Confia em mim"
"Estou tentando. Era só isso? Sinto que se passar mais alguns segundos aqui irei dormir"
"Era só isso mesmo, nos encontramos todos amanhã na lanchonete?"
"Ah sim, Hueningkai agora tem um encontro diário lá"
"Reconhece a garota?"
"Não mas, há outra pessoa que ainda não vimos por aqui"
"Quem?"
"A ex do seu namorado"
"Você?"
"A outra ex, Yeonjun. A de séculos atrás. Lia"
"Droga, mais uma pra lidar"
"Haha. Pensaremos como vamos resolver isso caso ela apareça, agora vai dormir. Boa noite"
"Boa noite"
O garoto desligou o telefone e passou alguns minutos cogitando quais cenários seriam prováveis caso Lia aparecesse, se ela reconheceria Soobin ou se ao menos se importaria. Esperava que não, não aguentava mais ter que brigar com alguém pelo coração do outro. Não que isso fosse necessário mas, as paranóias da madrugada faziam parte.
Logo que adormeceu novamente percebeu os raios de sol adentrando a janela de seu quarto. Era manhã novamente. Levantou-se para tomar banho antes de descer.
- Bom dia, filho!
- Meu Deus! Pai! - Yeonjun exclamou com toda a força que tinha, se assustou o bastante pra deixar a toalha que estava enrolada em sua cintura cair.
- Talvez queira se cobrir primeiro - Jimin riu
- Eu vou! Eu vou me cobrir! O que está fazendo aqui?
- Soobin está na sala, devo manda-lo subir?
- Sim...
- Yeonjunie, está envergonhado?
Sim, ele estava. Suas bochechas pareciam tomates e ele sentia seu rosto queimar.
- Não...
- Vou chamar o Soobin e filho...fico feliz que tenha herdado a genética dos seus pais, parabéns! - falou deixando o quarto
- O que ele quis dizer com isso...? Ah meu Deus, que nojo!
30 segundos foram o suficiente para que o garoto se vestisse e aguardasse o namorado subir. Lá estava ele todo sorridente carregando uma fatia de bolo em suas mãos.
- Bom dia! Olhe o que seus pais me deram, é bolo de morango! Uau, eu nunca vou terminar com você!
Yeonjun mantinha seus olhos fixos em Soobin que usava uma regata colada que deixava exposto seu abdômen marcado. Ele era surpreendentemente lindo sem ao menos tentar.
- Yeonjun? Algo errado? Vou começar a achar que você está brincando de estátua!
- Você é tão bonito...
- Assim do nada? - respondeu arqueando suas sobrancelhas
- Preciso de cerimônia pra te elogiar?
- Não, né!
- Então vem cá.
Yeonjun puxou Soobin para perto de si e o beijou. Agora estavam os dois sujos de glacê.
- Yeonjun, meu bolo! - o mais novo esperneava feito criança procurando se desfazer dos braços do outro mas desistiu quando viu que seria inútil tentar resistir.
- Você tem gosto de morango, sabia?
- Isso é ruim?
- Eu gosto - sorriu - Precisamos nos apressar, Yeji está nos esperando na lanchonete!
- Não só ela, Hueningkai e a tal garota também e Beomgyu e Taehyun estão com eles
- Só falta a gente?
- Sim
- Culpa do seu bolo de morango e dos meus pais que ficam te mimando direto
- Ciúmes, Yeonjun?
- Me recuso, eu sei que posso te dar coisas melhores que bolo de morango - respondeu batendo na bunda do mais novo enquanto caminhava para sair do quarto
- Eca! - Soobin sorriu
Acenaram para Jimin e Jungkook avisando que iriam sair e seguiram andando até a lanchonete, não era longe de onde estavam. Os cinco estavam sentados conversando.
- Perdoem o atraso!
- Foi culpa do Soobin.
- Shhh!
- Ok, bobões, precisamos saber a localização exata de onde esse diário está enterrado! - Yeji deu de ombros
Yuna apenas observava a conversa fluir, obviamente sem entender nada. Até tocarem no nome de Ryujin.
- Que estranho, Ryujin não está aqui hoje... - a garota mais velha suspirou
- Ryujin? Que Ryujin? - Yuna contestou
- A garota que Yeji gosta - Hueningkai respondeu baixinho
- Shin Ryujin? A de cabelos azuis e curtos?
- Sim! A conhece?
- É minha irmã por parte de pai...
Foi nesse momento que Yeji pensou que poderia ser possível desmaiar se não já estivesse sentada. Tentou manter sua calma mas era possível ver o quão envergonhada estava.
- Pode aproxima-la de Yeji? - os garotos começaram a bombardear a mais nova com a mesma pergunta
- Calem-se! Ela namora! E provavelmente é hétero!
- Hmm, "coincidentemente" ela terminou o namoro ontem e hétero é a última coisa que ela é. Não somos tão próximas já que crescemos separadas mas posso tentar te ajudar se quiser...
- Olha só o universo conspirando ao nosso favor! - Beomgyu e Taehyun repetiram em coro
- Eu adoraria - Yeji sorriu.
Yuna ligou para Ryujin e após longos minutos de preocupação e quase desistência, finalmente fez a irmã concordar em encontrar todos eles no observatório desativado da cidade. Exatamente onde havia sido o primeiro encontro de Yeonjun e Soobin. Aquele era o lugar de mais importância pro mais velho e a lembrança mais recente de onde havia visto o diário pela última vez.
Entraram no carro de Yeji e seguiram juntos. O clima estava ameno e agradável, os ventos eram fortes e gelados. Mal puderam se espalhar para procurar e perceberam passos vindo em suas direções. Era Ryujin.
A garota parecia chateada, quase fazendo Yeji sentir uma certa culpa por faze-la estar ali.
- Yuna? Estou aqui!
- Você veio! Vem, você vai nos ajudar a achar um objeto valioso!
- Dinheiro?
- Um diário!
- Entendi...
- Ryujin, essa é Yeji!
- Eu sei, lembro de ter te visto na cafeteria há uns dias - sorriu
Yeji estava estática e nervosa, sonhou por tanto tempo com os momentos que teria ao lado da garota que amava que não parou pra pensar que eles poderiam acontecer da forma mais imprevisível possível.
- Muito prazer de novo!
- Quer ajuda? Parece que todos estão em duplas...
E estavam. Quase como se o universo tivesse feito uma contagem perfeita.
- Claro!
Os outros observavam atentamente a interação das duas que aos poucos pareciam ir se entendendo cada vez mais. Devagar mas certamente cada peça estava se encaixando em seu devido lugar.

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