A vida é feita de escolhas

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"O amor é um crime que não se pode realizar sem cúmplice." - Charles Baudelaire

Descrever sentimentos não é um trabalho simples. Algumas pessoas apaixonam-se à primeira vista, observando características. Já outras, tentam manter seus pés no chão até o último segundo, quando não resistem mais à forte rajada do amor. Essas diversas maneiras de descrever um inicio de sentimento não devem ser comparadas. Uma não reduz a outra. Ao contrário disso, a forma como um amor se desenvolve diz muito à respeito de quem o está vivendo.

Lawliet toma a xícara de café em suas mãos, adoçando-o como se todo açúcar do mundo não fosse suficiente. Não era algo normal de se ver. Além disso, a posição em que o mesmo encontrava-se poderia ser chamada de "estranha e inapropriada" se feita em um lugar público. As pessoas possuem, naturalmente, suas complexidades, porém Lawliet não possuía o menor interesse em entendê-las. Costumava ser retraído, lidando melhor com suas próprias observações e pensamentos do que com outros indivíduos. O porquê disso? É simples! Por mais que as pessoas saibam que todos têm defeitos, as mesmas agem como se fossem perfeitas. A grande maioria quer sentir-se superior e julga estar fazendo a coisa certa sem nem pensar duas vezes. Se possuíssem a justiça em suas mãos, era bem capaz de fazê-la de maneira errada e egoísta. Pessoas são complexas, e L não estava disposto a entender essa complexidade. Principalmente depois de desgastar-se tanto para entender a sua.

Entretanto, o detetive sentia-se diferente em relação à Viollet. O mesmo já havia comparado a garota a inúmeras coisas: Com o sol, com o orvalho, com um diamante... mas preferiu optar por uma flor - uma violeta, especificamente-. Viollet era discreta. Não precisava mostrar a todos o brilho que tinha, mas isso era inevitável. Mostrava-se forte, por mais que possuísse as mais sensíveis pétalas. Dava beleza e perfume aos mais monótonos locais, mas ainda sim, abrindo espaço à todas as outras flores.
Ela era tão simples. Não era preciso entender as complexidades daquela garota, quando a mesma já transparecia cada mínimo sentimento.

Então, pensando consigo mesmo durante aquela madrugada, entendeu o porquê de admirá-la tanto:

Os cabelos loiros, cor de mel, possuíam as ondas que Lawliet surfaria sem o menor medo e receio.
Poderia passar horas admirando cada centímetro do pequeno e alvo corpo, com as mais perfeitas imperfeições.
Encantava-se com aquele sorriso. O sorriso que fazia questão de aparecer nos momentos mais necessários e que mostrava quão doce aquela garota era, mesmo quando ela tentava esconder.
E, por fim, os olhos. Os que Lawliet jurava ter o universo refletido neles. Poderia viajar através desse universo e explorar todos os planetas. Todos os astros que faziam daquele olhar o mais acolhedor que já vira.

Lawliet possuía defeitos e hábitos peculiares. Inúmeros. Porém, Viollet era a pessoa que aceitava aquelas características, admirando-as de tal forma que até o próprio detetive passou a admira-las. Como dito antes, era uma sintonia perfeita, na qual cada um supria o vazio presente no outro, sem cobrar mais nada além de poder estar por perto. Um sentimento puro, onde ambos sentiam seus corações celebrarem a cada mínimo detalhe.
E fora essa a vez que o maior detetive do mundo, tão centrado e calculista, pôde presenciar seu lado mais doce e sentimental. Pôde experimentar o que era desejar alguém verdadeiramente. Fora o momento no qual L percebeu quão injusto era o amor, fazendo-o sentir coisas que, pela primeira vez, não estavam sob seu controle. Viollet era a flor que aquele rapaz cultivaria em seu coração até o último minuto de sua vida.

Lawliet sorri ao lembrar da primeira impressão que tivera dela. Lembra que seu objetivo era "entender a complexidade da mesma", já que ela o intrigava.
Olhando para onde estava atualmente, poderia dizer que, mesmo sem querer, havia se entregado àquela paixão. Mas o que poderia fazer se Viollet o surpreendia a cada instante? O detetive, convicto como sempre, sabia a importância de todo processo que havia passado com a garota, mesmo que isso o tivesse causado tantas mudanças.

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