Capítulo treze

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POV.ANY

Assim que a caixa foi aberta, Any ficou surpresa ao ver três envelopes de tamanhos diferentes e uma caixinha de veludo preto que parecia conter alguma jóia.

Diante dos olhares curiosos das outras duas mulheres, Any abriu o envelope maior e se deparou com um bilhete de voo de primeira classe com destino a Manhattan e com a data do próximo domingo ao meio-dia. E também um itinerário completo dos arranjos de viagem, assinado por alguém de nome Caroline Prestwick.

Abriu o envelope seguinte e retirou dele um cartão de crédito no nome dela.

Finalmente, o último envelope continha uma mensagem escrita por Joshua em um papel timbrado com o nome da empresa Beauchamp Construction Com os dedos trêmulos, Any leu os dizeres em voz baixa:

Meu anjo,
Comprei algo que vi em Paris e acho que irá gostar. Compre o que quiser com o cartão de crédito e não se preocupe em economizar. Invista no visual. Reservei um carro para apanhá-la no aeroporto. Vamos nos encontrar no Waldorf.
Joshua.
PS: Meu advogado já está avisado caso você não compareça.

— Que romântico! — A senhora Valdermeyer exclamou com um suspiro. — Duas semanas no Waldorf e um cartão de crédito para gastar como quiser! É a oportunidade da sua vida, Any!

— O que ele quis dizer em relação ao advogado? — Joalin perguntou.

— O que importa? Eu não vou mesmo — decidiu Any e, depois de amassar o papel, jogou-o para um lado.

— Claro que irá, querida! Não seja tola! — protestou a senhoria.

— Pois eu acho que ela não deveria ir — opinou Joalin. — Ficaria totalmente à mercê daquele homem e...

— Pare com isso, Joalin! — A senhora Valdermeyer a repreendeu. — Será que poderia nos deixar sozinhas para que eu possa ter uma conversa particular com Any?

Joalin exibiu um olhar fulminante para a mulher e se retirou do aposento, batendo a porta depois de sair.

— Bem... Agora que a pessoa mais amargurada do mundo se foi, podemos discutir o assunto de maneira apropriada — assegurou a mulher, dando uma pancadinha num joelho de Any.

— A verdade é que não se trata de romantismo. Ele apenas precisa de uma garota para apresentar como namorada por causa de um arranjo de negócios em Nova York. E nem mesmo teve a decência de me contar do que se tratava. — Any revelou enquanto afastava a pequena caixa de jóias com aparente indiferença.

— Pode ser. Mas eu suspeito que ele pretende muito mais do que isso.

Algumas lágrimas se formaram nos olhos de Any, fazendo-a sentir-se ainda mais patética.

— Como o quê?

— Querida... Nenhum homem se disporia a pagar uma viagem de primeira classe e reservar um hotel de luxo apenas para pedir a uma mulher que o acompanhasse num acordo de negócios.

— Ele não pediu. Exigiu — Any revelou com a voz embargada. — E acho que está contando em misturar prazer com negócios para justificar a despesa.

A senhora Valdermeyer sorriu de maneira carinhosa e afirmou:

— Ele é um canalha, não é? Exatamente como meu terceiro marido, Jerry. Mas, assim que você o amansar, ele se transformará em um carneirinho. Dentro e fora da cama. Pode crer.

Any tentou sorrir, porém o melhor que conseguiu foi uma tênue curvatura nos cantos da boca.

— Não tenho a intenção de amansá-lo. Isso exigiria muito esforço.

A bondosa senhora tomou as mãos de Any entre as dela e procurou acalmá-la.

— Não acha que está exagerando, querida? O que há de mal em um homem e uma mulher desfrutarem juntos de duas semanas em um lugar maravilhoso?
Você teve tão poucas oportunidades em sua vida de participar de uma aventura...

— Está enganada. Eu tive muitas aventuras antes de vir morar aqui.

— Não, não teve. Aquelas aventuras eram de sua mãe, e não suas. Você precisa aproveitar essa oportunidade para experimentar sua própria aventura e desfrutar cada minuto dela, antes de pensar no verdadeiro amor.

— Hmm. Não sei se gosto da ideia.

— Você está sendo severa demais consigo mesma. Tem muito tempo pela frente antes de encarar a responsabilidade de um compromisso sério e assumir uma família. O que sua mãe deveria ter feito e não fez. Mas eu tenho certeza de que fará isso quando encontrar o homem certo. Por enquanto, por que não aproveitar a oportunidade de se divertir e conhecer lugares diferentes?
— E, estendendo um dos braços, apanhou a pequena caixa de jóias e a colocou no colo de Any. — Estou curiosa para ver o que aquele canalha bonitão mandou de Paris para você. Por que não a abre?

Any afagou com um dedo o tecido aveludado que recobria a caixinha e suspirou. Por fim, concluiu que não haveria nenhum mal em dar uma espiadela e abriu o pequeno estojo.

A visão de uma corrente de ouro com um pingente delicado composto de uma esmeralda lapidada a deixou sem fôlego.

Ela até podia imaginar a preciosa pedra ornamentando a junção dos seios num ousado decote de um vestido de noite e os olhos azuis de Joshua iluminados pelo desejo, enquanto a mantinha presa em seus braços.

Rapidamente, ela fechou a caixinha para afastar a imaginação, que já estava saindo de seu controle.

Charme Fatal  *beauanyWhere stories live. Discover now