Capítulo 2 - 17 de Outubro de 2015

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9h15, acordo. Fico deitada na cama mais um pouco antes de levantar. Pego meu celular e tem 16 mensagens da Becky me chamando para um acampamento vegano em um dos arranhas céus de São Paulo. Definitivamente, a resposta é não. Só tenho que pensar em uma desculpa convincente e que não a deixe chateada. Pense Azura, você consegue. Meus pensamentos são interrompidos pelo meu estomago roncado, quem sabe depois do café consiga pensar em algo.

Resolvo então sair da cama, estou nas escadas e escuto meus pais cochichando na cozinha.

- Ela tem 16 anos, não podemos esconder isso à vida inteira, sabe disso.

- Eu sei Noah, não estou falando a vida inteira, só acho muito precoce.

- Sabe que tudo pode mudar a qualquer momento.

- Noah, pode ser que por estarmos aqui nem aconteça.

- Não tem como você ter certeza disso Elisa. Azu...

Meu celular começa a tocar, fazendo com que meu pai não terminasse a frase. Mas que droga Becky! Não pode esperar pela minha resposta.

- Oi Becky.

- Terminamos essa conversa depois. – diz meu pai.

- Então, eu acabei de acordar. Becky, esse final de semana não vai rolar, combinei de sair com minha mãe. Quem sabe na próxima. Bom acampamento vegano.

Desligo o celular, e vou até a cozinha. Olho para meus pais, eles parecem normais. Tenho vontade de confronta-los, e perguntar o que escondem de mim. Mas em vez disso vou até a cafeteira pego café e sento na bancada.

- Azura, seu pai e Kevin vão sair para jogar futebol. O que acha de nós darmos uma volta no MASP[3]? Ou você prefere que eu libere você para o acampamento vegano?

- Isso não é justo, estava ouvindo a minha conversa!

- O que não é justo mocinha, é você me usar para não dizer a verdade para sua amiga. Vamos Azura, vai ser legal. Só as garotas, faz tempo que não saímos juntas. – me olha com a cara de cachorro sem dono.

Bufo, mas acabo aceitando. Preciso mesmo falar com minha mãe, e quem sabe consigo descobrir algo também.

Tomo meu café da manhã e vou ao meu quarto pego meu shorts jeans e minha camisa xadrez de flanela e vou para o banheiro. Depois de uma ducha rápida estou pronta para o MASP.

Meu pai e meu irmão já saíram, vou para a garagem enquanto minha mãe checa se a casa está fechada. O trajeto todo ficamos em silêncio apreciando as músicas velhas da radio Antena 1 que minha mãe tanto gosta. Começo a me questionar se fiz uma boa escolha entre Becky e ela.

Chegamos ao MASP, está havendo exposição de Delacroix e Cézanne – Arte da França. Fico contente em ter vindo a essa exposição, pois é um acervo com naturezas-mortas e cenas do cotidiano que adoro.

Paro em frente ao O Grande Pinheiro, observo atentamente na esperança de encontrar um pinheiro, pois aos meus olhos só enxergo uma paisagem com uma árvore no meio de outras ao vento,] onde a que está sendo julgada como "pinheiro" está com alguns galhos quebrados.

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AZURA: O DespertarOnde as histórias ganham vida. Descobre agora