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O jogo começou tranquilo. O estádio, com capacidade para 80 mil pessoas, estava lotado. Algumas faltas desnecessárias foram cometidas pela Colômbia, mas nada que machucasse algum jogador. O primeiro tempo acabou e ninguém havia balançado a rede.

- Você está mais calma? - minha mãe pergunta e eu nego rapidamente.

O intervalo passou rápido e, para minha surpresa, Scaloni não mexeu no time. A Colômbia parecia pressionar mais a Argentina do que no primeiro tempo, o que foi o suficiente para me deixar ainda mais nervosa. Camila, que estava ao meu lado, falava para que eu tentar ficar calma, mas estava difícil.

Aos 30 do segundo tempo, quando Messi sente alguma dor no tornozelo esquerdo, Paulo é chamado. Meu marido entra em campo e eu rezo mentalmente para que ele faça uma boa partida.

- Fica calma... Você não pode se estressar! - Camila diz baixinho para mim e eu apenas assinto.
- Vou tentar. - digo e ela ri fraco.

Paulo entra no jogo e entra bem. O jogo continuava sem gols até os 43 do segundo tempo. Em uma cobrança de falta, Paulo abriu o placar. Eu não consegui comemorar. Chorei. Rezei para que não demorasse para o juiz apitar o final da partida. E foi isso que aconteceu.

A Argentina está classificada para as quartas de final da Copa do Mundo. Com um gol de Paulo.

A volta para o hotel foi tranquila. Todos conversavam animadamente, mas eu fiquei quieta. Se eu disser que estou tranquila, estarei mentindo. Estou decepcionada. Estou com o coração apertado, por Paulo. Não gosto de ver o homem que eu amo nessa situação, que eu considero humilhante.

Chegamos no hotel rapidamente e eu me despeço de todos com um pequeno aceno. Subo para meu quarto junto com Camila e Chiara. Assim que chegamos, jogo-me na cama enquanto Camila dá banho na minha filha.

- Pode ir... Eu termino daqui. - digo sincera quando Camila sai do banheiro com Chiara enrolada em uma toalha.
- Tem certeza? - ela pergunta e eu concordo. - Tudo bem... Se precisar de alguma coisa, me liga! - ela diz e eu sorrio enquanto concordo.

Arrumo minha filha com o pijama favorito dela, da Frozen, e coloco-a para dormir. Em dia de jogo ela não tem a menor dificuldade para dormir. Vejo-a dormindo calmamente e sorrio fraco enquanto caminho em direção ao banheiro. Deixo a porta aberta, para que eu possa ouvir caso ela acorde enquanto eu tomo banho, e tiro a minha roupa.

Paro por um minuto e, pela primeira vez, admiro a minha silhueta na frente do espelho. A barriga ainda está quase que imperceptível. Quase. Olhando bem, quando eu viro de lado, já é possível ver um pequeno volume. Muito pequeno mesmo. Passo a mão delicadamente por cima desse volume e suspiro ao sentir meus olhos cheios de lágrimas.

Tomo meu banho calmamente e aproveito para lavar os cabelos. Saio do banho vestindo apenas um roupão branco, enquanto o cabelo estava enrolado em uma toalha branca. Ouço meu telefone tocar e pego-o rapidamente para que Chiara não acordasse. Sorrio ao ver o nome de Paulo no visor e atendo a ligação, vendo meu marido me olhar sorrindo fraco.

FaceTime ON

- Oi, mi amor! - digo e ele sorri.
- Oi, linda! Como você está? - ele pergunta e eu sorrio fraco para ele.
- Estou bem e você? - pergunto e ele dá de ombros.
- Indo... - ele diz e é o suficiente para meus olhos marejarem. - Amor... - ele diz e eu nego rapidamente.
- Me dói tanto te ver nessa situação. - eu digo e ele suspira. - Eu sei que eu não deveria estar te falando isso. Eu deveria estar te apoiando e te incentivando, como sempre, mas eu não consigo. Eu não consigo mais ver tudo isso acontecer e simplesmente agir como se nada tivesse acontecendo. - digo e ele concorda em um suspiro.
- Eu juro que te entendo, minha linda. Eu me sinto da mesma maneira. - ele confessa e é o suficiente para eu soluçar. - Mas, ei! - ele diz e eu olho para ele rapidamente, vendo ele tentando abrir um sorriso fraco para mim. - Eu não quero que você fique assim. De verdade! - ele diz e eu nego.
- Eu não consigo, Paulo! - eu digo e ele concorda.
- Me promete que você vai ao menos tentar? - ele pergunta e eu suspiro. - Por mim, por favor. - ele pede e eu apenas assinto. - Eu não vou conseguir ficar tranquilo aqui, sabendo que você está assim. - ele diz e eu nego rapidamente.
- Tudo bem... Eu prometo! - digo firme e ele concorda em um suspiro aliviado.
- Vocês duas são tudo para mim, Alessia. Não existe Seleção, não existe Real Madrid, não existe nada que seja mais importante do que a minha família. - ele diz e eu concordo.
- Eu te amo, meu amor. Você é tudo para a gente! - eu digo e sorrio ao imaginar a reação dele ao descobrir da minha gravidez.
- Eu preciso descer para jantar. Mas a gente se fala depois, pode ser? - ele pergunta e eu concordo. - Tudo bem... Se cuida! - ele diz e eu sorrio fraco.
- Se cuida! Eu te amo! - digo e ele sorri fraco.

Lucky StrikeWhere stories live. Discover now