SCARY LOVE - MILLES FAIRCHILD.

2

Entrei pela casa relutante com a minha mochila nas costas. Olhei para os degraus da escada, observando um tapete vermelho nela. Por um breve momento me lembrei de vovô que escorregou em um tapete na escada. Talvez seja bem perigoso colocar tapetes em escadas.

Quando estou no último degrau, sinto meu corpo se esbarrar com outro. Quando me preparo para a queda, mão pousam delicadamente na minha cintura. Aperto os olhos com força, depois abro devagar.

Ali bem na minha frente um garoto que parecia ter a minha idade, me encarava com um sorriso ladeado.

- Oi? - eu falo meio confusa.

- Você deve ser a nova babá. Eu sou o Milles, e você é?

- A nova babá. - me xingo mentalmente por ter dito isso.

- Seu nome? - ele me encara e por um momento acho que enxaminava o meu rosto.

- (S/N). Prazer em conhece-ló. - eu sorrio nervosa.

Ele em encara novamente como se tivesse todo tempo do mundo, e eu fingo tosse ao ver que ainda me segurava.

- Ah... me desculpe. - ele coça a nuca - O seu quarto deve ser o da direita.

- Ok. Obrigada. - Sorrio e vou para a direção oposta da dele.

Eu fico um pouco insegura. Se Flora não gostar de mim? Se ela pedir para a Sra. Grose me trocar por outra babá mais experiente? Claro que eu não tenho muita experiência, mas se ela me dar pelo menos um mês talvez possamos nos dar bem. Eu não quero voltar a trabalhar no abatedouro ou no caixa eletrônico de alguma loja. Eu não tenho paciência.

Ao passar por uma porta entreaberta vejo que refletia rosa no local. Era um quarto de menina. Olho um pouco mais e vejo que tinha várias bonecas e xicaras de chá em todo o chão. Fui me alegrando. Se ela gostava de bonecas e chá, claro que poderiamos encontrar algo em comum, não?

- Olá. - uma voz fina e doce veio um pouco baixa. Olho para baixo e vejo uma garotinha - Sou a Flora. Você deve ser a nova babá, não é?

- Eu... eu sou a (S/N). - sorrio.

- Quer brincar comigo? - ela pergunta.

- Na verdade eu... eu ia arrumar o meu quarto. Quer me ajudar? Eu trouxe algumas bonecas minhas. - Flora dá pulinhos.

- Claro. - ela sai quarto à fora e assim dá para vê-la melhor. Está usando meias de bolinhas nos pés e um vestido solto branco. Talvez esteja muito frio nessa época do ano para usar vestidos.

Ela abre a última porta a direita, revelando um confortável quarto. Uma lareira crepitava baixinho no canto e uma cama de solteiro estava em outro canto. O clima do ambiente era elegante e tranquilo: como o apartamento de um escandiavo solteiro.

- Aqui é muito bonito. - olho por uma grande janela onde tinha uma vista incrivel de um lago e um pouco das colinas. Uma lembrança vem à minha mente: Uma garotinha de camisola sentada no colo do pai, lendo um livro de capa azul. Esse lugar me lembra do livro "O menino do pijama listrado" que eu li várias vezes na biblioteca.

- É o quarto que eu mais gosto. - Flora se senta na cama.

Eu coloco a minha mochila ali e começo à tirar as coisas de dentro dela.

- Thomas trouxe as suas malas. - ela aponta para um canto.

- Quem é Thomas? - arqueio a sombrancelha.

- O ajudante do castelo. - Flora dá de ombros e me ajuda à desempacotar as coisas.

[...]