CAPÍTULO IX - GUILHERME

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Abro a porta e me surpreendo, Lucas está em pé à minha frente.

- Você está bem? - ele pergunta preocupado.

- Sim. - respondo sem saber o que falar.

- Ele está bem! - grita Lucas em direção à rua.

Olho pra rua por cima do ombro do Lucas e vejo Élio, de capacete, ainda na moto ligada. Ele acena com a mão e estaciona. Convido Lucas para entrar e deixo a porta aberta.

- Você e o Élio? – pergunto fazendo graça. Sei que Lucas não costuma conversar com outras pessoas além de mim, e vê-los juntos foi uma surpresa ainda maior.

- Cara, eu fiquei preocupado contigo, liguei várias vezes no intervalo e você não atendeu. Quando a aula terminou, eu tava vindo aqui. Élio me encontrou e ofereceu carona, disse que já conhecia o caminho – ele olhava a casa admirado, talvez por nunca ter vindo antes e ser um "estilo" totalmente diferente do que ele conhece.

- Ele vem sempre aqui para estudar, temos estudado juntos.

- E aí, menino-lobo! Como você tá? - pergunta Élio entrando. – Você preocupou todo mundo.

- Eu? - Pergunto surpreso.

O celular do Lucas toca e ele sai para atender.

- Lucas disse que você tá muito mal - continuou Élio - então todos ficaram preocupados, Roberta, Guilherme e Joseph. Ela ficou insistindo pra eu vir aqui e dá a notícia pra eles se você estava bem. O que você tem?

- Não foi nada de mais. Acordei com dor de cabeça, mas já tô melhor.

Não tinha me dado conta, mas percebi que a dor realmente tinha passado, talvez o remédio que tomei finalmente estava fazendo efeito.

Lucas terminou a ligação e veio sentar com a gente, conversamos sobre vários assuntos aleatórios, mas o que mais interessou a Élio foi nosso estilo de vida. Acho que não é tão comum pra ele.

Estávamos conversando quando Heitor chega da escola com Helena, percebo que ele estranha a presença de Lucas, já que Élio ele já tinha visto por aqui antes, apesar de nunca terem sido apresentados oficialmente.

- Esse é o Heitor e essa é Helena - começo as apresentações - meus irmãos. Esses são meus amigos da escola.

- Páris bateu seu próprio recorde - brincou Heitor cumprimentando os meninos - já tem dois amigos.

- Na verdade, ele tem mais que isso. - falou Élio - Os outros não puderam vir, Páris é muito querido por todos nós.

- Olha só! Meu irmãozinho é popular. - disse Heitor me abraçando. – Sempre esperei por esse momento, e vocês fiquem à vontade, não é todo dia que recebemos amigos do Páris aqui em casa. E você está bem, maninho?

- Sim, estou bem melhor. - respondi.

- Percebi - disse ele sorrindo indo para a cozinha.

- Acho melhor a gente ir - diz Lucas se levantando.

Vamos juntos até a calçada e, antes de subir na moto, Lucas me abraça.

- Que bom que tá bem! - Ele diz no meu ouvido, ignorando minha surpresa.

- Páris, podemos estudar amanhã na minha casa, ao invés da sua? - pergunta Élio - Venho pegar você e deixar de volta, são e salvo.

- Tudo bem – respondo prontamente.

No dia seguinte, Joseph e a namorada dele, me encontram na entrada da escola, queriam saber se estava tudo bem. Caminhamos juntos até a sala e lá encontramos Élio, o que quase nunca acontece, Élio nunca chega antes do professor. Ele estava sentado na minha cadeira e conversava com Roberta e Guilherme, sentei na cadeira dele, olho para o Lucas que está jogando no celular, como sempre.

O Renascer De PárisOnde as histórias ganham vida. Descobre agora