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Any Gabrielly:

A encarei em choque.

- Não é possível- eu disse me levantando. A náusea havia voltado. Eu sentia meu estômago se revirar e meu coração martelando contra minhas costelas.

Ela me encarou com um olhar triste.

- Eu não queria te contar dessa maneira, me desculpa.

- Você é minha... mãe? - sussurrei a última palavra.

Ela assentiu.

- Amanda é apenas a sua tia. Eu fiquei grávida na adolescência, Amanda era minha irmã mais velha. Ela tinha vinte e um anos e se ofereceu para ficar com você quando sua avó me expulsou de casa. Amanda não era exatamente a melhor irmã do mundo, ela fazia o que podia para me ferir, ela até mesmo conseguiu seduzir o seu pai e ficar com ele. - Ela suspirou. - Mas quando você nasceu ela... se derreteu aos seus pés. E você era tão linda e encantadora, era impossível não se apaixonar por você. Você era frágil, silenciosa e...simplesmente perfeita. - Ela fez uma enorme pausa enquanto eu digeria todas suas palavras.

Eram muitas informações.

- Eu sempre te visitava quando podia, até seus cinco anos de idade eu te visitava em torno de doze vezes ao ano. Mas eu me arrependo todo maldito dia, eu perdi seus primeiros passos, suas primeiras palavras. - Uma lágrima solitária deslizou por sua bochecha.

- Eu perdi a sua infância inteira, Any. Mas eu era jovem, eu queria as coisas que o mundo poderia me oferecer enquanto estava perdendo o meu mundo.

Meus olhos começaram a arder.

- Eu sei que eu não estive presente durante anos. Mas eu quero consertar isso, eu realmente quero. Se você me permitir fazer parte de sua vida, claro. - Ela me deu um pequeno sorriso cheio de expectativa.

- Me desculpe, eu não sei. Eu só preciso ficar sozinha por alguns momentos, eu estou tão confusa.

Ela assentiu e me lançou um olhar triste.
- Por favor, não me deixe ficar de fora.

Com essas últimas palavras, ela passou pela porta e a fechou atrás dela.
Me deitei na cama e encarei o teto.

Amanda era minha tia, não minha mãe.
Eu não sabia o que fazer em relação a tudo isso. Elizabeth parecia ser realmente uma pessoa boa, e eu nunca tive alguém que se importasse.

Não realmente.

Então eu me decidi.

Eu a perdoava.

Eu queria que pudéssemos recomeçar um relacionamento de mãe e filha, eu realmente queria tentar, não num ritmo tão rápido quanto ela gostaria, mas aos poucos, nós poderíamos nós conhecer e talvez, só talvez, eu poderia a amar de verdade.

Uma hora depois Elizabeth deu duas batidas na porta. Me sentei na cama e murmurei um "pode entrar".

A porta se abriu e a figura da mulher loira apareceu no centro de sua extensão. Ela estava tensa e deu alguns passos em minha direção.

- O jantar está pronto, você...

- Sim. Eu quero tentar um relacionamento de mãe e filha - falei antes que minha coragem fosse embora, a interrompendo.

Ela me encarou surpresa e ficou paralisada no meio do quarto.

- Eu posso te abraçar? - ela perguntou parecendo envergonhada e suas bochechas ficaram vermelhas.

Agora eu sabia que era genética.

- Sim. - Dei um pequeno sorriso em sua direção.

Ela suspirou em alívio e andou até mim e me abraçou com força. Retribui o gesto com o coração acelerado.

Apenas mais uma {NOANY}Where stories live. Discover now