Capítulo vinte e cinco

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Capítulo vinte e cinco

          Bela não conseguia dormir. Tudo que se passou nos últimos dias ficaram na cabeça da garota, se passando como cenas de um filme de Hollywood. Como tudo estava perfeito, o churrasco, Adam, e então ver se pai tão mal, voltar para casa, machucar Adam, falar sobre ele para sua cidade. Todo o surto coletivo de que ele era um homem deformado que sequestrava crianças. Gaspar e tudo que ele fez. A menina passa a mão em sua garganta enquanto se lembra.

          Entretanto, tudo estava relativamente bem. Gaspar fora preso quando quase toda a cidade testemunhou que ele tinha criado um motim. Muitos homens da cidade foram para a delegacia e processados como vândalos. Maurício estava no hospital, ainda, tomando soro para se nutrir novamente e fazendo exames para averiguar a saúde de seu pulmão e a situação de sua asma. Horácio, que havia sido empurrado da escada por Gaspar, estava bem, sem muitos ferimentos, e ajudava os outros empregados a restaurar a mansão. Algumas antiguidades foram roubadas, muitas quebradas, mas todos estavam felizes por Adam estar vivo.

          O garoto ainda estava desacordado e tinham acabado de o desentubar. Os médicos o colocaram em um pequeno coma induzido para se recuperar da cirurgia. Já fazia alguns dias. Bela ficou no quarto o tempo inteiro, como uma leoa, protegendo o garoto. Era ela que falava quem podia o visitar e quem não. Quando tinha que sair para ver seu pai, ou comer alguma coisa, a menina deixava Lucien e Horácio ali, na esperança de que eles fariam um trabalho tão bom quanto o dela.

           Em uma das vezes que foi comer encontrou Izabel na cafeteria. A menina disse que tinha alugado um quarto na cidade e ficaria ali até Adam estar bem, insistia que precisava conversar com ele. Bela conheceu o noivo da moça, que era bem diferente do que a garota do interior esperava. Izabel contou muito sobre a família de Adam para Bela, principalmente sobre a mãe do menino, sobre todos os abusos e como ela o controlava, mesmo de longe, disse até que provavelmente o garoto teria soltado Bela se a manter ali não fosse obra da mãe.

           Conversaram longamente sobre relacionamentos abusivos e terapia, sobre como Adam e Izabel tinham superado os seus traumas por causa disso. Izabel disse que estava cursando psicologia. Bela perdeu sua reunião com o editor que Adam havia chamado para os visitar. Horácio mandou um e-mail para o homem explicando tudo que tinha acontecido.

          A mãe de Adam não voltou ao hospital novamente, mas mandou Horácio a avisar quando seu filho acordasse. Aparentemente ela tinha coisas a conversar com o menino. A mulher foi embora como voltou, sem explicação alguma e sem avisar ninguém. Bela perguntou aos seus amigos se a mulher poderia a processar ou algo do tipo, e eles disseram que não.

          A história do que tinha acontecido na mansão ficou famosa nos arredores, mas não passou muito dali. A imprensa não era forte no interior, e, sem fotos de Adam, muitos nem acreditavam na história. Principalmente quando ligavam para Bela e ela desmentia tudo, dizendo que foi morar na casa de Adam para pagar uma dívida com trabalho, assinou um contrato legal, e ficou lá até sua dívida ter sido paga.

          O que era basicamente verdade.

— Você estava falando alguma coisa de me amar? — a voz rouca do garoto tirou Bela de sua espiral de pensamentos.

— Como? — a menina pergunta, confusa, tentando colocar seus pensamentos em ordem.

— Antes de eu apagar, Bela — Adam continua, revirando levemente os olhos.

— Ah — a garota suspirou, entendendo o que ele queria dizer — eu— hesita, escolhendo as palavras para continuar — claro.

— Pode continuar, estava superinteressante — Adam sorri, fechando os olhos e tentando ignorar a dor que sentia em todo seu corpo.

— Bem, eu te amo. E estou apaixonada por você — ela para ao perceber o que estava falando e tenta se explicar melhor — veja, são coisas diferentes, — hesita novamente, sem conseguir formular frases com sentido— mas temos que pensar no futuro, eu quero viajar e não viver presa naquela mansão — ela para um pouco, percebendo que está fazendo isso do jeito errado, mas continua — e como nós sabemos se realmente gostamos um do outro já que a única razão que eu convivi contigo por tempo suficiente para me apaixonar foi porque eu estava presa e você não vê outra mulher a anos e....

— Calma, descansa militante — Adam ri do nervosismo da menina ao se declarar — como você consegue escrever histórias incríveis de amor com esse vocabulário?

— Que?

— Quis dizer, vem senta aqui — ele a chama com a mão — e me traz uma água, por favor — sorri desajeitado — Não estou te pedindo em casamento, para se mudar para a mansão e começar a ter filhos — bebe um gole de água que a menina trouxe até ele.

— Porque eu não aceitaria — ela responde rapidamente, ficando na defensiva.

— Claro, mas também porque eu não pedi — ele repete, rindo de seu nervosismo de novo.

— Mas...

— Deixa eu falar, nossa, — Adam a interrompe, sorrindo quando a menina faz uma careta para ele — não é porque isso tudo aconteceu que nós temos que nos casar, fazer um baile imenso e dizer que fomos felizes para sempre. Podemos namorar, sair, viajar, nos conhecer melhor e ver se gostamos um do outro fora situações extraordinárias, mas sinceramente, Bela — ele suspira e sorri um pouco.

— O que?

— Você voltou. O que quer dizer que você escolheu ficar comigo. Se ainda está aqui, e disposta a tentar, é porque foi um escolha sua.

— Bom, eu tinha que voltar, eu que causei toda a confusão — Bela se defende, com sua teimosia e orgulho de sempre.

— Não. No dia em que aqueles caras te atacaram na floresta. Você podia ter fugido, roubado meu carro ou saído correndo a pé. Mas ficou, me ajudou, me levou pra casa. Foi aí que você decidiu voltar, escolheu ficar comigo. Poderia muito bem ter ido embora, foi uma ferida superficial, eu não teria morrido.

— Então prometo escolher todos os dias — ela responde ao garoto, sorrindo, e se lembrando de como ela simplesmente sentia que tinha ficar com ele.

— O que for melhor para você, sim? E eu vou escolher o melhor para mim, e nós ficamos juntos até quando essas escolhas levarem ao mesmo caminho — ele diz, sorrindo para ela.

— Parece um plano.

— Vamos tentar?

— Vamos — a menina sorri de volta, segurando sua mão, de frente para ele, sentada na cama do hospital.

          Seus olhos se encontraram e eles se beijaram. Foi um beijo que nenhum dos dois jamais poderia esquecer, melhor do que tudo que já haviam lido. Cheio de retratação, gratidão, amizade e um amor, muito, muito profundo. Repleto de encantamentos. Conforme seus lábios se encontravam, parecia quase mágico.

          Começou como um beijo leve, em que os dois pararam para sorrir, e se tornou um beijo apaixonado, cheio de desejo e desespero. Haviam esperado aquilo por muito tempo. Queriam aquilo há muito tempo, mesmo que não admitissem a si mesmos. Então os dois se entrelaçaram, virando um. Bela segurava o cabelo do garoto, passando suas unhas pela nuca dele, pousando sua mão ali, o puxando mais para si. Enquanto Adam tinha uma mão gentilmente no rosto da menina, acariciando onde Gaspar havia lhe batido, e outra na cintura, pressionando seu corpo no dele.

          Pararam apenas quando conseguiram ouvir a máquina que media os batimento de Adam, estavam incrivelmente altos. Ofegantes, sem entender bem o que acontecia, viram uma enfermeira vir correndo para o socorrer. 

Era uma vez de novoजहाँ कहानियाँ रहती हैं। अभी खोजें