Capítulo treze

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[ Esse capítulo contêm relatos sobre um relacionamento abusivo como manipulação, agressão física e verbal, se esses assuntos são um gatilho para você vou colocar um pequeno resumo no fim, preze por sua saúde mental acima de tudo, fiquem bem <3 ]

Capítulo treze

          Outro dia, enquanto liam um dos livros da série de Anne, Bela fechou o exemplar, fazendo um barulho alto que ecoou em todo o corredor, assustando Adam, que estava ouvindo sua voz calma de olhos fechados.

— Quer saber, não gosto da Anne —ela diz, quebrando o silêncio, com a voz decidida.

— Hum— ele massageia as têmporas depois do susto, e pisca os olhos várias vezes para se adaptar a luz novamente — E porque seria isso? O que irrita você em uma garota do interior que adora escrever e é atrapalhada? Eu sei que tenho alguns defeitos em mente...

— Não estou rindo.

— Eu sei que está rindo por dentro —ele diz, mas a menina parece estar falando sério.

— Ela não ficou com o garoto perfeito para ela, que ela ama, só porque ele não era o IDEAL dela? Porque não era alto de cabelos pretos e não sei o que? Que motivo horroroso é esse? — começa o seu monólogo, que Adam sabia que poderia durar horas, com a voz exaltada como se falasse do pior problema da sociedade atual.

— Todos têm um padrão, e procuram parceiros dentro dele, ela pelo menos é sincera ao dizer isso para os outros — ela bufa em resposta a isso e revira os olhos, como se dissesse que aquilo era mentira — okay, senhorita diferentona, única, barroca, que não tem padrões, quebradora de tabus...

— Qual é seu padrão, então? — ela lança a pergunta para ele, indagação que estava guardando desde que chegara ali.

— Meu padrão era — ele hesita um pouco, mas continua —garotas ricas, com pais influentes, populares e bonitas, que ficavam bem em fotos.

— Porque você procurava dinheiro nas garotas? Você não é rico suficiente?

— Sou, mas na época eu achava que precisava de alguém pelo menos tão rica quanto eu ao meu lado, ou elas não valeriam a pena.

— Parece que você pensava na mulher como um objeto para propaganda — ela diz naturalmente, como se explicasse a diferença entre manteiga e margarina.

— É exatamente o que eu pensava.

— Não amava sua namorada? — ela pergunta, curiosa.

— Não — ele responde rispidamente, e depois respira fundo.

— Como pode dizer isso?

— Talvez não devêssemos conversar sobre isso de noite — ele tenta sair do assunto — Pode te dar pesadelos.

— Não se ache tanto, não tenho pesadelos com você. Com a possibilidade desta casa ser assombrada sim, mas com você não.

— Como era seu último relacionamento? Ou você nunca teve um? — ele lança a pergunta de volta para ela, esperando que a menina tagarelasse sobre isso por horas a fio e depois fosse dormir.

— Olha só, não estamos em um filme clichê no qual a garota que gosta de ler é rejeitada por todos e chamada de nerd, ok? É a vida real. Claro que eu tive relacionamentos.

— Me perdoe, e me conte mais — ele pede, fechando os olhos novamente.

— Essa foi uma forma nada sutil de mudar de assunto.

— Se você me mostrar o seu eu te mostro o meu — ele sorri um pouco, mas não vê a reação da garota.

— Eu namorei, por um tempo, Gaspar, um homem da minha cidade. Digo, garoto, ele tem apenas dois anos a mais do que eu, é da sua idade, eu acho. Ele me pediu em namoro no ensino médio e eu achei que viveria minha comédia romântica. Ele era o mais popular da escola, e até mesmo de minha cidade, e dizia que eu era a garota mais linda que ele já viu.

Era uma vez de novoWhere stories live. Discover now