Capítulo cinco

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Capítulo cinco

— Será que a louca pulou da janela? — pergunta Lucien, olhando para todos os lados tentando encontrar vestígios da garota.

— Ela iria quebrar pelo menos uma perna — Horácio, sem imaginação, como sempre, responde.

— Também não tem como sair da mansão né, portão fechado.

— Pode ter sido tudo uma alucinação do Adam — o mordomo fala, quase de forma sombria.

— Adam tem vários problemas psicológicos, mas alucinações nunca foi um desses. — Lucien, sem dar atenção à seu chefe, responde.

— Ali ó, nós somos ridículos, dá pra ver o pé dela debaixo da cortina — Horácio fala, deixando seu sotaque francês aparecer novamente, o que faz Lucien prender a risada.

— Se isso fosse um filme o espectador ia estar rindo dos burros. Menina, sai daí, vamos levar você pro seu quarto. — Lucien diz, sem se aproximar, tentando deixar o clima mais leve para a menina se sentir mais confortável.

— Ana.

— Ana o que? — Horácio, sem entender, indaga.

— Ana, é meu nome, Anabelle — a garota, mesmo que estivesse com o rosto inchado e descabelada, soava calma, como se estivesse no controle da situação.

— Meu Deus, isso é mais perfeito do que se eu tivesse escrito. Seu nome é Anabelle? Tipo a boneca amaldiçoada dos infernos? — Lucien ri enquanto fala, revirando os olhos e pensando em todas as combinações que poderia fazer com Ana e Adam. Bela e Prince. Bela e Fera.

— Achei que você não escrevesse — seu amigo comenta novamente, arqueando uma sobrancelha.

— Não importa. O que importa é que não tem porque esconder, somos apenas dois empregados e viemos te trocar de quarto. Okay? Vamos?

          A garota seguiu os dois homens, os analisando. O primeiro era alto e magro, tinha poucos músculos e usava trajes normais, jeans e camiseta, tinha um bigode bem tratado e sorria o tempo todo, fazendo brincadeiras e apontando algumas portas. O segundo era menor e mais corpulento, tinha o mesmo bigode, porém mais arrumado, e usava um terno que servia perfeitamente em seu corpo. Pareciam uma dupla estranha, e ela não conseguia imaginar que tipo de trabalhos os dois faziam ali.

— Claro que tem porque se esconder, estou presa na casa de um homem que eu não conheço. Ele podia muito bem vir aqui e se aproveitar de mim — ela responde, um pouco incomodada com o bom humor dos dois.

— Sim, você está certa, perdão. Vamos te dar uma chave do próximo quarto para você trancar por dentro e se sentir mais segura — o homem mais baixinho a respondeu, com a voz baixa.

— Mas não se preocupe com Adam, ele nunca faria isso.

— Não tem como eu saber, eu não o conheço — ela fala o óbvio, mas parece que os dois se assustam com a verdade. A garota era uma completa estranha naquele lugar.

— Vai conhecer, é uma pessoa incrível apesar do temperamento — Lucien tenta a acalmar, mas parece que somente a deixa mais nervosa, pois a garota bufa e revira os olhos para eles.

— Incrível que sequestra velhinhos e adolescentes.

          No caminho, ela tentava criar um mapa da mansão, analisando formas de escapar dali. Janelas mais baixas, quartos secretos, lugares para se esconder. A mansão era maravilhosa, completamente construída no estilo barroco – que ela reconheceu devido a aulas de literatura do ensino médio.

— Você é menor de idade? — Horácio pergunta, fingindo casualidade, mas calculando tantos processos que o pai da garota poderia fazer, além de toda a repercussão na mídia...

Era uma vez de novoWhere stories live. Discover now