The Mirage

Capítulo 03

Terras do Norte, Mirage, Dia 03

Já faziam três dias que Brianna se encontrava dentro do livro, e nesses três dias ela não parava de pensar no quanto sentia saudades do campo. O navio ainda causava enjôo em seu estômago. Ela não acostumaria tão rápido.
Brianna também não parava de pensar no seu mundo. Como o seu tio conseguiu  transportá-la para dentro do livro? O tempo em Mirage passava do mesmo jeito que no mundo de Brianna? O que os pais dela fariam ao perceber que a própria filha sumira? Como o padrinho conseguiria explicar tudo sem parecer louco?, Essas infelizmente eram apenas algumas das muitas perguntas não respondidas na cabeça de Brianna.

Mas, apesar de tudo, Brianna sabia que precisaria ficar nesse mundo por um tempinho. Precisava ajudar o povo de Dulaborg, e pela primeira vez em muito tempo ela sentia coragem para se enfiar totalmente nessa aventura. Talvez ser personagem de um livro tenha deixado a jovem um pouco mais corajosa.

No navio sua função fora definida no primeiro dia. Ela seria a criada de pólvora junto com o Juno, a função dos dois era limpar e carregar armas, o que não era bastante satisfatório, mas durante os poucos dias em que estivera trabalhando Brianna se divertira ao lado de Juno. O garotinho era uma criança muito fofa e animadora.

Brianna ao decorrer desses três longos e trabalhosos dias passou a entender um pouco mais do navio e a analisar um pouquinho mais sobre a posição de cada tripulante da Kelly. Helios e Mars eram os carpinteiros, ou seja, tinham a função de substituir as peças do navio que foram danificadas, tapar buracos e emendar as velas rasgadas, além de cozinharem.
Júpiter era o imediato, o mesmo tinha a essencial função de repartir tudo, desde as refeições aos castigos.
Leto era o mestre do navio, um oficial  inferior que tem várias tarefas, entre as quais, vigiar as velas e o cordame e deixar o convés limpo.
Hermes era o homem de arma! Ele era responsável pelos canhões e armas.
Hestia, assim como Leto, também era uma mestre do navio.
Netuno era o capitão, tinha a importante responsabilidade de liderar e arrumar estratégias para combate caso forem atacados por outros navios, como o dos Neawt, além de também tentar organizar estratégias contra as criaturas mágicas.
Brianna e Juno estavam na camada mais baixa do navio, eram os que tinham as piores tarefas.

Brianna fora criada para ser uma dama de classe, não para ser uma pirata! Se a sua mãe, a baronesa, a visse agora, com toda certeza desmaiaria! Mas Brianna estava gostando daquilo tudo. Estava aprendendo cada vez mais a se virar, usava as roupas velhas da Hestia e se sentia muito confortável com os calções. O vestido realmente não fazia falta em sua vida.

Aos longo dessas três noites ela invadiu a sala do Netuno para pegar livros. Ela sabia muito bem que poderia se meter em algum problema se fosse capturada, mas não conseguia dormir sem ler pelo menos a página de um livro! Felizmente ninguém percebera.

Júpiter e Netuno ficavam de olho em cada passo de Brianna. Eles se revezavam na tarefa, e a achavam bem entediante. A garota não fazia nada de errado além de brincar e correr com o Juno no horário de trabalho, mas eles não reclamavam, já que Juno ainda era uma criança, e não era nem um pouco justo o garoto perder toda a sua infância por causa da ignorância de um grande Rei. Juno era uma entre várias e várias crianças da Ilha de Dulaborg que tiveram que arrumar trabalho para ajudar a família. Todos estavam em um desespero absurdo. Muitos não tinham nem o que comer.

— Sabe, eu tenho cinco irmãos! Todos eles odeiam carregar barris, mas eu adoro! Na verdade, eu não gostava no início, mas quando comecei a cantar enquanto carregava tudo se tornou muito mais divertido. — Juno falou enquanto ajudava Brianna a carregar os barris que estavam dentro da cozinha.

— Eu tenho uma péssima voz, até me ofereceria para ajudá-lo, mas eu realmente sou péssima. — Brianna sorriu e parou um instante na escada para buscar fôlego. Ela prendeu o seu cabelo em um coque e continuou a subir. Sua nuca estava muito suada e seus ombros estavam tensos. A jovem nunca trabalhara tanto na vida.