Não lembrava daquilo, tinha um péssimo hábito de esquecer qualquer mínima coisa quando está alcoolizada.

A carioca ficou tão nervosa com o que viu, que nem lembrou de verificar a duração da chamada, apenas começou a pensar diversas coisas que poderia ter falado para a mineira por ligação.

— Que cara de enterro é essa, Bianca? — Miguel perguntou vendo a mulher encarar o celular.

— Eu. liguei. pra. Rafa. ontem. — Falou cada palavra pausadamente ainda chocada.

— O que? Como assim? — Franziu o cenho. — Ligou pra que? Falou o que?

— Não sei, amigo. — Sua fala já era desesperada. — Meu deus. — Levou as duas mãos ao rosto. — Eu tenho que parar de beber URGENTE.

— Ah, tu notou isso agora? — Debochou.

— Será que eu falei merda? — Mordeu o lábio inferior. — Será que eu mando mensagem pedindo desculpas?

— Na minha opinião, não. — Disse. — Mas sei que tu vai fazer tudo ao contrário. — Deu de ombros. — Então manda logo pra não ficar com essa dúvida.

— Ou melhor, vou logo ligar pra ela e me desculpar. — Suspirou. — Não sei como deixei isso acontecer e espero que eu não tenha falado nada demais.

Por mais que se esforçasse, não conseguia lembrar em que momento da noite aquela ligação havia sido feita. Entretanto, não poderia apenas se culpar e não resolver a situação.

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Rafaella acordou sentindo todo o cansaço em seu corpo por não ter dormido bem naquela noite, havia passado horas imaginando o que Bianca queria naquela ligação.

Poderia ser algo sobre trabalho, mas que trabalho? Algo sobre a participação das duas no programa da blogueirinha, ou até mesmo outro convite para seu próprio programa.

Entretanto, a hora da ligação não explicava tais motivos.

Se via extremamente arrependida por não ter atendido a mulher, e aquele pensamento lhe rondou por horas daquela madrugada.

Destino ou coincidência, o celular da mineira que estava na cabeceira da cama tocou novamente anunciando Bianca na chamada, Rafaella levantou rapidamente, encarando o homem que ainda dormia ao seu lado e logo direcionou-se para fora de seu quarto para atender aquela chamada.

Dessa vez não ignoraria.

Alô? — Atendeu e o silêncio permaneceu por alguns segundos na chamada. — Bia? — Sua voz era calma.

Rafa, bom dia. — A mineira sentiu a hesitação na voz de Bianca. — Desculpa te ligar de novo, ainda mais a essa hora. Nem sei como começar, só queria te pedir desculpas por qualquer coisa que eu tenha falado ontem. — No primeiro segundo Rafaella não havia entendido.

Como.. — Sua fala foi cortada pela voz do outro lado da linha.

Eu tinha bebido e provavelmente falei coisas sem pensar... — Começou a se explicar e a mineira entendeu do que a outra estava falando. — Só não quero mais um motivo pra ser julgada, por isso liguei pra te pedir desculpas.

Calma. — Riu fraco. — Cê não falou nada demais não. — Estava achando extremamente engraçado o desespero da carioca e resolveu demorar mais um pouco para lhe contar o que realmente aconteceu.

Ah, não? — Pareceu aliviada. — Tu tem certeza? — Insistiu. — Pode falar, não tem problema.

Cê se expôs um pouco, mas nada que eu não consiga guardar segredo. — Mentiu segurando o riso.

Flores (Rabia)Where stories live. Discover now