EM QUEDA LIVRE!

O Primeiro Encontro

Trim, Trim - o alarme soou.
Olho para o relógio e ele marca 8 da manhã. De imediato minha mente vem com a falsa ideia de que só mais cinco minutinhos não vai fazer mal algum. solto um sorriso de canto rindo dessa tolice que por muitas vezes ocasionou em extensas broncas de meu chefe para comigo. Então levanto-me repetindo em minha mente que só quem pode estragar o meu dia sou eu e que não vou permitir que isso aconteça.
Corro para o banho e mesmo que tenha prometido não perder tempo, acabo me enchendo de pensamentos enquanto a água corre pelo meu corpo e por alguns minutos mantenho me imóvel deixando minha mente passear sozinha sem o acompanhamento do meu estado físico
- poxa - solto para mim mesmo em tom de raiva sabendo que cada minuto é precioso, principalmente se tiver a incerteza da movimentação do trânsito durante aquela manhã.
Termino o banho e vou diretamente para o guarda roupa que toda vida me faz refletir sobre o meu gosto peculiar de só combinar roupas que sempre estão entre o cinza e o preto
Escolho de imediato a blusa social preta de manga curta e uma calça azul(aliás a única) ou pelo menos que antigamente era azul e que agora não passa de um desbotado que em algumas de suas partes até branca está.
Me olho no espelho e digo pra mim mesmo: aí está quem todo dia fode com minha vida. Solto um sorriso e vou até a cômoda que se encontra do lado de minha cama, pego o celular já com o dedo direcionado ao botão de ligar, aperto e adivinha a novidade? Isto mesmo, sem mensagem alguma, nem um simples bom dia sequer. Mas sem problemas sempre foi assim. Coloco os fones acoplados no celular e deixo no aleatório que aliás representa muito bem essa palavra já que as músicas vão desde Marília Mendonça a Red Hot Chili Peppers.
       Desço as escadas, abro a porta e por alguns segundos paro de frente a rua suspirando de forma lenta como se pra adaptar ao ar. Vejo o ônibus e já sinalizo correndo em direção a parada que é aproximadamente 20 passos de onde estou.
Subo e com 15 minutos ali está a cafeteria que aliás é o único lugar capaz de me motivar o dia inteiro(cai pra nós um bom cappucino é o melhor estímulo). Entro e direciono meu olhar ao espaço que ate aquele momento só havia três pessoas. Uma idosa que quando me viu sorriu e deu um caloroso bom dia um menino que olhava com os olhos brilhando em direção a um donnut e uma moça que na real estava enfiada em sua bolsa em busca de provavelmente um batom perdido. Na bancada como o atendente já sabia o que eu iria pedir já foi direto a cafeteira preparar o famoso a moda da casa que pra mim essa expressão era muito de comidas com carne mas enfim, recebi o capuccino e não sei por qual razão resolvi naquela manhã tomar ali mesmo em companhia a mesma senhora do caloroso bom dia. Sentei e no primeiro gole, em aprovação soltei uma respiração de alívio me aconchegando mais na cadeira. E mesmo que aparentemente a manhã fosse impossível de melhorar, do nada o mesmo aleatório do celular começa a tocar it's you e ali aparece ela.
As cores do amor nunca foram tão claras como quando a vi:
O preto de sua pele que me submetia aos pensamentos mais torpes que alguém pode ter!
O vermelho mais intenso e vibrante dos seus lábios que me desarmou e me atraiu mais que imã ao encostar no ferro.
O azul desbotado de suas calças que pareciam reacender suas curvas e que de nada lhe desvalorizavam
O branco de sua camisa de botões que mesmo meio amassada lhe caia tão bem que não poderia imaginar de outra maneira.
O relógio de pulso dourado que a cada olhada lhe faziam correr mais em pressa e que me  fizeram só ter certeza de ter mais pressa em te ter comigo.
E por fim o caramelo de seus olhos que antes de qualquer coisa me refletiu sua alma e me deu fervor.  Repetindo em loop em minha mente para não esqueçer, essas sim se tornaram as cores do amor.