― Se acalme. ― Aya riu. ― Preciso fazer isso para evitar que você tenha alguma infecção. Acredito que você não quer perder o braço.
Loenna mordeu o lábio e fez que sim com a cabeça. Aya terminou de lavar seu corte, correu em buscar uma de suas vasilhas que estavam empilhados em uma estante que soava pouco confiável. A moça subiu em uma espécie de escada, escolheu um dos potes e o pegou com uma delicadeza admirável; O tipo de qualidade que Loenna e seu corpo troncudo jamais teriam.
A enfermeira correu com seu recipiente para Loenna e passou o unguento de que falou no machucado da garota; Imediatamente, a enferma sentiu um alívio. Aya sorriu com seu suspiro de conforto; Logo em seguida, enrolou um pedaço de pano no machucado da garota, que ainda foi tingido de vermelho pelo sangue, mas estancou o fluxo que até então parecia interminável pela ferida.
― Pronto. ― Disse ela. ― Você vai ficar bem agora.
Loenna balançou o braço; A dor era bem menor. O sangue não gotejava pelo corte que havia sido feito, era como se ela estivesse nova de novo. Sentia-se forte novamente; Aya havia resolvido o seu problema.
― Obrigada. ― Agradeceu ela. Estava pronta para se despedir da enfermeira, embora sua beleza a fizesse querer ficar por mais alguns instantes. Havia algo de diferente em Aya, Loenna não sabia o que. ― Vou lhe dar o paga...
― Ei, onde você pensa que vai? ― Aya segurou Loenna na maca. ― Você não está recuperada ainda. Vai precisar ficar aqui por um bom tempo.
Loenna praguejou.
― Por quanto tempo?
― Ah, até o entardecer, mais ou menos. ― Disse Aya. ― Não olhe pra mim com essa cara. Você quer ficar boa, não quer?
Loenna gemeu em desaprovação, e Aya riu. Parecia achar graça da frustração da menina. Eram apenas onze da manhã, como poderia ela aguardar mais de sete horas enfaixada sem poder sequer se mexer?
― Você pode tirar um cochilo, se quiser. ― Sugeriu Aya ― Eu vou voltar a mexer nos meus emplastros. Podemos conversar também, mas eu não acho que você se interessará pelo que eu tenho a dizer. Eu sou uma pessoa desinteressante. ― E riu, mas Loenna definitivamente não achava Aya desinteressante.
A própria Loenna, contudo, não era alguém de muitas palavras. Não saberia como manter uma conversa que durasse sete horas com uma completa estranha. Então deitou-se na maca, fechou os olhos... E dormiu.
Dormiu, Dormiu... Acabou-se no sono dos justos. Seus sonhos geralmente eram bem violentos e traumáticos, envolviam morte, sangue e dor, o que a fazia evitar dormir ao máximo; Desta vez, contudo, foi diferente. Loenna teve doces imaginações sobre animais pacíficos e amigáveis, uma cachoeira límpida, um céu claro e azul...
Seu sono foi tão intenso que, quando Loenna acordou novamente, já estava escuro lá fora.
Ela arregalou os olhos de sobressalto; Não porque havia dormido por horas a fio, nem porque seus sonhos haviam sido pela primeira vez em muito tempo agradáveis, mas porque Aya a encarava com um olhar confuso no rosto e com o crânio em mãos; Ela havia descoberto que Loenna a carregava. Maldição, pensou ela. Como justificaria tal objeto em suas coisas?
― Notei que você trouxe um crânio para cá. ― Aya certamente parecia confusa, mas não assustada. ― Sei que é de alguém que morreu há muito tempo, porque não tem cheiro nem restos de carne e pele. O que você faz carregando isso? E por quê?
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Caos e Sangue | COMPLETO
MaceraCarmerrum é um país pequeno, com poucos habitantes, onde não há governo e o poder político é controlado por três famílias muito ricas que vivem em constante atrito entre si. E o restante da população, para seu infortúnio, se desdobra por inteiro par...
Capítulo 11 - A Enfermaria
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