Capítulo 3.2.3

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Calmamente aproximo-me dele e desamarro sua mordaça, ele havia compreendido e teria que decidir. Coloco minha mão sobre sua boca dando a última advertência.

— Se você gritar, serei obrigada a machucá-lo e não quero fazer isso. Entenda que não preciso de uma arma quando sei exatamente os locais que podem fazer uma pessoa se retorcer de dor com apenas um toque bem pressionado. Não queira seguir por esse caminho, não acabará nada bem para você.

Com a outra mão acaricio seus cabelos claros. Tranquilizar a presa era o primeiro passo e depois esfaqueá-la pelas costas no momento da distração. Esse era um ensinamento que havíamos aprendido e treinado muito durante anos. Balanço minha cabeça tentando afastar aquele pensamento e repetindo mentalmente comigo mesma "eu não sou um monstro e nunca fui", mesmo que algumas lembranças provassem o oposto.

Tiro minhas mãos de seu cabelo e depois a que tampava sua boca.

— Vo-você é louca ou apenas quer se matar? O que, na verdade, são os dois ao mesmo tempo — fala rapidamente denunciando seu nervosismo. — Ah, céus! No que fui me meter? Droga! Essa era para ser uma noite tranquila e não para acabar amarrado sobre a cama... do, do Philip! Estou ferrado, completamente ferrado e a culpa é sua!

Será que se eu o amordaça-se, ele calava a boca novamente?

— O Rei Baltazar vai me matar e você também. Por que eu, justo eu?!

Era por isso que deveriam colocar soldados treinados em seus postos em vez de designarem um jovem inexperiente que estava histérico em um momento que precisava demonstrar coragem em vez de covardia.

— Então devemos ser cautelosos, assim ninguém vai descobrir seu envolvimento — dou um sorriso tranquilizador e contínuo — eu não temo à morte, Frederich, aliás, ela seria muito bem-vinda a qualquer momento, o meu maior medo é o futuro e o que ele destinou a mim. Não desejo cometer outro erro sem ter certeza de que a pessoa realmente merece, conheço boa parte das atrocidades do seu rei e sei que ele deve pagar por todas as mortes que causou, e o farei se ele for o verdadeiro culpado.

— Acabei de confirmar que você é maluca. Olha, o rei pode ser um escroto imbecil, mas isso é cavar a sua cova de uma maneira nada di-divertida. — Ele tinha razão, entretanto não mudava minha decisão. — Riqueza não é tudo, sabia? Quem prometeu a ajuda, apenas está usando-a para tentar destronar um rei que sabemos bem que não será tão fácil assim.

Então era isso que ele estava pensando esse tempo todo, que eu havia vindo até aqui para espionar e matar o rei com intenção de formar uma rebelião.

— Nem todas as joias que te prometeram vai fazê-la escapar da fúria do Rei Baltazar. Ele irá te caçar até o fim do mundo e todos aqueles ao seu redor vão pagar por seus erros — o jovem continuava despejando aquelas palavras no intuito de que eu mudasse de ideia, o que não aconteceria.

— Eu não faço o tipo capacho, já deveria ter percebido. Não quero moedas e muito menos joias insignificantes, piorou, virar a bonequinha de luxo de um infeliz que acha que todas as mulheres são brinquedinhos. Vim aqui atrás daquele que destruiu a minha família, que tirou o direito de duas crianças terem uma vida normal só para obter a glória que só está na cabeça daquela praga.

Nem sempre conseguia controlar minhas palavras, e aquele instante só precisava fazê-lo entender que antes de qualquer decisão queria saber se estaria castigando a pessoa certa. Só mais uma morte e tudo se resolveria.

— Sinto muito por sua família, infelizmente não posso permitir que faça isso. Vingança só causará mais sofrimento. Vá embora e viva o que restou da sua vida.

O Despertar da Aurora - Livro IOnde histórias criam vida. Descubra agora