As suas mãos grandes e repletas de garras afiadas, tornearam-lhe os pulsos, arrastando-a para um corredor sujo e fedido. Ela gritou e debateu-se, tentando soltar-se dos seus apertos, mas tinha que admitir que eram muito mais fortes do que ela. Com um gesto brusco, mandaram-na para dentro de uma cela de ferro, e trancaram-lhe a porta.

-Deixem-me ir!!! – Gritou ela, aproximando-se das grades e batendo fervorosamente com os seus punhos nelas. Tinha que voltar para o planeta X! Tinha que ver como é que os seus amigos estavam!

-Não vale apena, humana – Ouviu um murmúrio do seu lado direito. Deu um salto quando se apercebeu de um Reptiliano que estava na cela consigo. Todas as outras celas pareciam estar vazias.

-Quem és tu?! – Murmurou ela, afastando-se num salto para o mais longe possível.

-Bleymünne – A sua voz era fria e arrogante, e os seus olhos de um vermelho vívido. Astrid assustou-se, pois a cor lembrou-lhe dos olhos do Dragão, mas sabia que não eram tão aterrorizantes nem brilhantes como os Dele.

-Porque é que estamos aqui?!! – Ela quase gritou, sentindo um certo pânico. A sua opinião podia ter mudado à cerca dos Reptilianos, mas não sabia das intenções deste em particular.

-Quanto a ti não sei, mas eu fui apanhado a fugir para o planeta X. Obviamente não consegui lá chegar...

-A fugir de onde? – Ela ergueu uma sobrancelha.

-Diz antes: de quê? – A espinha da rapariga gelou, e Bleymünne soltou uma gargalhada sonora e cruel – Isso mesmo, do Dragão. Ele tentou controlar-me.

-Controlar-te?!

-Sim, controlar-me! – Ele bufou, um tanto impaciente – Deixa-me explicar-te tudo, já que não pareces ser muito inteligente! Todos os planetas na constelação de Orion foram dizimados por Ele, por isso fui abrigar-me numa constelação vizinha. Achava que estava a salvo, até que Ele começou a comunicar-se comigo através de sonhos, tentando convencer-me a fazer coisas que eu não queria, dentro as quais uma espécie de máquina para produzir Sombras – Ele abanou a cabeça, confuso com os seus próprios pensamentos, e então suspirou – Não sei... Só sei que ele queria que eu lhe desse total acesso ao meu corpo.

-Queria... possuir-te?! – Astrid arregalou os olhos.

-Sim, em palavras mais mundanas, queria possuir-me. Não deixei, é claro, o meu corpo é meu, e somente meu – A sua voz ficou subitamente selvagem, como se ele fosse degolar quem quer que dissesse o contrário. A rapariga nem se atreveu a abrir a boca – Já tinha ouvido falar de um planeta, o planeta X, que abriga as raças do universo cujos planetas foram dizimados por Ele, por isso tentei vir até aqui. Só que a minha nave estragou-se, e fui capturado pelo Draconianos.

-Draconianos, tipo dragões?

-Sim – Ele resmungou – Mas o que é que fazes aqui?

-Eu... – Ela clareou a garganta. Será que lhe deveria dizer que vinha do planeta X? Sem pensar muito, tomou a sua decisão – Fui expulsa do planeta X, um dos Embaixadores, Thori, trouxe-me até ao Espaço com uma nave, e largou-me no Espaço. Felizmente sobrevivi, embora ainda não sabia bem como.

-E porque é que foste expulsa de lá? – Os seus olhos ficaram subitamente interessados.

-Alegaram que eu era uma traidora e que trabalho para o Dragão – Bleymünne grunhiu, mas Astrid apressou-se a explicar – Não sou! Acredita, a minha família foi chacinada pelo Dragão, e preferiria morrer a servi-Lo!

-Então porque raios é que eles achavam isso?!

-Não sei! O Embaixador Thori disse qualquer coisa sobre Sombras, e falou sobre o Dragão. Os seus olhos estavam completamente vermelhos... – Nesse momento, Bleymünne engoliu em seco. Astrid apercebeu-se disso – O que foi?

A Flor Cósmica e o Dragão do PoçoWhere stories live. Discover now