Capítulo 12

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Aquele era o momento. O momento em que teria o mesmo destino que toda a sua família. Talvez conseguisse convencer o Universo a deixá-la ir ter com eles, talvez pudessem voltar a encontrar-se! O Universo sabia que isso era o que ela mais desejava! Talvez Ele levasse o seu desejo em consideração... Ou talvez não. O Universo tinha as suas formas mais estranhas de atuar.

Os seus olhos fecharam-se, como duas pétalas sem vida e que se rendiam para a morte. Viu com clareza os rostos de todos aqueles que deixaria para trás. Parecia quase que estava prestes a acordar de um sonho tranquilo e ao mesmo tempo atribulado, e talvez quando tornasse a abrir os olhos, isso fosse realmente acontecer. Quase podia ver o sol da manhã brilhar pela janela do seu quarto em Los Angeles, quase podia sentir o seu calor nos lábios. Estranhamente, o sol brilhava numa luz roxa, e sentia-o a toda a sua volta, afagando-lhe os pés, as pernas, o tronco, os braços e a cabeça, como se lhe fizesse uma carícia terna.

Mas desde quando é que o sol era roxo? E desde quando é que a sua luz tinha essa cor?!!! Arregalando os olhos, e apercebendo-se de que não tinha deixado de respirar, viu que um escudo de luz roxa torneava todo o seu corpo. Sabia bem que escudo era aquele, pois tinha sido ele a protegê-la da neblina, quando esta chegou como uma tempestade terrível sobre a Terra.

Mal podia acreditar, mas estava viva!!! Soltando um uivo de felicidade, reparou que a nave de Thori não se encontrava por perto. Provavelmente ele tinha voltado para o planeta, achando que ela tinha morrido na imensidão gelada do Espaço!

A sua mente começou a encher-se de perguntas para as quais não tinha respostas. Ela não era uma traidora, então porque é que os Embaixadores agiram como se fosse? O que teria Thori visto na sua mente para achar tal coisa, e será que tinha visto realmente algo, ou estava apenas a fingir?! Como será que estavam os seus amigos?! O seu coração aqueceu-se, ao lembrar-se da forma como a tinham tentado proteger, mesmo estando rodeados de seres extremamente mais fortes do que eles.

Ela olhou em volta. O planeta X encontrava-se a alguns quilômetros de distância, parecendo quase tão pequeno como a Lua vista da Terra. Teria que chegar até lá, mas não sabia exatamente como. Não era como se tivesse propulsores que a conseguissem direcionar no Espaço.

Arregalou os olhos quando, pelo canto do olho, se apercebeu de uma enorme nave metálica a aproximar-se. Por momentos achou que era a nave de Thori, mas os painéis estavam infinitamente mais sujos e enferrujados, e as janelas tinham formas e cores diferentes, como se tivessem sido tiradas de diferentes tipos de naves, e reutilizadas naquela.

A nave foi-se aproximando, e mesmo que Astrid tentasse afastar-se com toda a sua força, era inevitável. Em poucos segundos, a nave parou diante de si, abrindo-se uma porta que a começou a sugar para dentro.

Viu-se num enorme salão repleto de tralhas. Desde armas que com certeza não eram humanas, a máquinas de lavar roupa estragadas, e até mesmo peças soltas que vibravam de energia, aquele salão parecia uma autêntica sucata. O cheiro presente no ar era metálico e poeirento, causando-lhe uma leve irritação nas narinas.

Como que por magia, o escudo à sua volta dissolveu-se no ar, e ela sentiu-se de repente mais frágil. O chão tremeu quando um ser alto e escamoso de aproximou. Atrás de si estendiam-se longas asas rugosas, e o seu focinho estava repleto de dentes afiados. Parecia um dragão.

-Humana – A sua voz era gutural quando se pronunciou. Atrás de si surgiram outros dois seres iguais a este, que apenas diferiam em cor e tamanho. Ele fez um gesto brusco para os dois, soltando um rosnado selvagem – Coloquem-na na cela número 13, deve ser extremamente valiosa!

Astrid afastou-se com dois longos passos quando aqueles seres foram na sua direção. Não sabia o que eram, porque nunca tinham falado deles nas aulas de Biologia Universal, e como tal, não sabia se representavam uma grande ameaça ou não. De qualquer forma, não pareciam nada amigáveis.

A Flor Cósmica e o Dragão do PoçoWhere stories live. Discover now