Capítulo Único

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Vislumbrava as estrelas que, na minha concepção, são as mais deslumbrantes e bem alinhadas da constelação de Órion, mediante a estreita janela de vidro duplo que se encontrava no meu tenebroso quarto. Honestamente, sempre que vejo um individuo contemplar as estrelas, digo que o que estar a fazer é apenas uma trivialidade ao léu, mas como a hipócrita que sou, "presumo" que todos devemos interromper a nossa rotina monótona para cometer tal ato. Em meio ao declínio - ou ascensão - que a nossa expectativa de vida está a enfrentar, precisamos degustá-la da melhor maneira possível, enquanto ainda temos tempo.

Pensando bem, ignore as minhas últimas três frases não coesas do paragrafo anterior. Execro frases que nos motivam a ir em busca do impossível, mesmo que, não passe um dia sem lê-las.

Órion. Literalmente um gigante e descendente de Poseidon. Um caçador imbatível, ou quase, já que foi morto e, após isso, pousado entre as estrelas. Tal "mito" fez-me lembrar da minha mãe que sempre me aconselhou a não temer a morte, pois quando me encontrasse, tornaria-me uma estrela lustrosa e jamais cairia no profundo poço do esquecimento. Lamentavelmente, esse não é meu receio relativo à morte, mas para não contestar a sua teoria, sempre assentia, aparentando concordar.

Mesmo que eu negue, a sua alegação trouxe-me esperança. Se o que afirmou for verídico, a minha alma se tornará valorosa tal como a de Órion, pois partiremos o mesmo céu.

... Pensando bem, acredito que está esperança é mais tola que senti.

O quão significante a minha existência poderia ser igualada a de um gigante, se mal consigo escrever uma história coerente?

ÓrionWhere stories live. Discover now