[...]

- Por que você subiu tão estressada com a conversa? - Paulo pergunta, depois de ficar lá embaixo quase uma hora conversando.
- Porque eles não têm o que falar e ficam falando isso. - eu digo e ele ri fraco.
- Não entendi o motivo de você ter ficado tão nervosa com essa conversa, mi amor. - ele diz e eu reviro os olhos.
- Deixa para lá. - eu digo rapidamente e ele nega.
- Não... Esqueceu que a gente sempre conversa sobre tudo? - ele pergunta e eu concordo dando de ombros. - Me conta... - ele pede, fazendo carinha de cachorro e eu suspiro rendida.
- Eu só acho que isso tem que ser uma conversa entre a gente. Eles não precisam ficar se intrometendo nas nossas vidas. - eu digo sincera e ele me olha atento.
- Sua reação foi por não querer morar comigo? - ele pergunta e eu fico um pouco chocada.
- Que? Claro que não, Paulo! A reação foi só porque isso é uma coisa que tem que ser discutida entre a gente. Eu e você precisamos sentar e ver se é hora de morarmos juntos ou não. Não é porque nós temos uma filha que nós precisamos nos mudar da noite para o dia. Entende? - eu pergunto e ele nega.
- Parece que você tem medo de morar comigo. - ele diz um pouco triste e eu bagunço os cabelos nervosa com o rumo da conversa.
- Mas eu tenho mesmo! - eu digo nervosa, fazendo ele me olhar decepcionado.
- Tudo bem... Quando você parar de ter medo de mim, me liga e a gente conversa. - ele diz e eu arregalo os olhos ao ver ele se levantar da cama e ir em direção à porta do quarto.
- Paulo... - eu digo baixinho e ele nega.
- Agora não, Alessia. - ele diz e na mesma hora meus olhos se enchem de lágrimas.

Uma conversa que era pra ser apenas entre eu e minha mãe acabou tomando proporções que eu não imaginaria. Quando Paulo sai do quarto e fecha a porta, acabo liberando todas as lágrimas que eu segurava. Nada me deixa mais triste do que falar as coisas sem pensar. E foi isso que aconteceu agora.

Point of View Alessia Sarri
Turim, Italia - 10 de janeiro de 2021

Acordo com meu despertador tocando e sorrio ao lembrar que hoje é o aniversário de meu pai. Faço mais uma preguiça na cama e levanto indo em direção ao banheiro. Além de ser aniversário do meu pai, hoje é dia de jogo na Allianz Arena. O que isso significa? Que o dia vai ser extremamente corrido.

[...]

- Você e Paulo ainda não estão se falando? - minha mãe pergunta, enquanto dá partida com o carro em direção ao estádio.
- Não... - eu digo e ela suspira.
- Você sabe que minha intenção não era causar nada disso, né? - ela pergunta e eu concordo rapidamente, um pouco cabisbaixa. - Por que você está assim tão triste? - ela pergunta, quando para o carro em um semáforo vermelho.
- Porque a gente nunca brigou assim. - eu digo e ela suspira. - E foi por um motivo tão besta. - eu digo com os olhos marejados e ela suspira.
- Você sabe que você precisa ir atrás dele para conversar, né? - ela pergunta e eu concordo.

O resto do caminho foi rápido e em silêncio entre nós duas. Minha mãe cantarolava alguma música que tocava no rádio do carro, enquanto eu e Chiara ficávamos quieta. Minha filha tirava o cochilo dela pós almoço, enquanto eu realmente não tinha vontade de conversar.

Assim que chegamos no Allianz Stadium passamos pela revista de segurança, como havia em qualquer estádio, e logo fomos para nosso camarote. Cada jogador possui seu camarote no estádio, assim como meu pai. Em jogos de temporada, quando não vem muita família, eu, minha mãe, Georgina e Louise ficamos no mesmo camarote junto com as crianças. Opção nossa.

- Vocês já voltaram a se falar? - Georgina pergunta assim que eu me acomodo ao seu lado.
- Não... - eu digo e ela apenas assente sem saber exatamente o que falar.
-Amiga, eu acho que é importante vocês sentarem e conversarem. - Lou diz e eu assinto. - Nem que seja para definir que vocês não vão morar juntos. - ela diz e eu concordo, vendo Georgina fazer o mesmo.
- Eu só ainda não entendi essa aversão à morarem juntos que você tem. - Geo diz parecendo realmente estar perdida.
- Não é aversão, amiga. Eu só não quero fazer algo simplesmente porque meus pais acham que é melhor. - eu digo e ela me olha. - Lógico que já passou na minha cabeça essa história de morarmos juntos, mas nós nunca sentamos e conversamos sobre isso. - eu digo e as duas ficam me olhando prestando atenção. - Não estou falando que eu não quero que isso aconteça, mas eu acho que isso tem que acontecer porque nós queremos, porque nós achamos que será melhor e não porque minha mãe e meu pai acham isso. - eu finalizo e elas concordam.
- Você está certa, amiga. Mas ele realmente ficou chateado. - Georgina diz e eu concordo suspirando.
- Eu sei, eu também... - eu digo e ela assente.

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