Capítulo 3 - Uma proposta irrecusável (Flashback)

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Estamos com planos... Apenas planos... De montar uma enfermaria na capital. Disse. ー Um estabelecimento de grande porte, que atenderia pessoas de todos os lugares. Temos o dinheiro, só precisamos de alguém para cuidar dos enfermos... A senhora estaria interessada?

Os olhos de Gara brilharam; Era como se alguém viesse lhe trazer a proposta de sua vida. Quase como um sonho. Ainda assim, escondida detrás do sofá, Loenna franziu a testa. Aquilo não cheirava bem; Os ricos não eram amigos. Eles jamais seriam. Nada de bom viria deles.

Você está querendo me dizer... Que poderei atender a enfermos de todo o país? O sorriso em seu rosto era enorme. Estava prestes a dizer que sim.

Bem... O senhor barbudo ajeitou o terno. ー É o que você dirá.

O sorriso imediatamente sumiu do rosto de Gara. Parecia confusa, não entendendo muito bem em que ponto aquela conversa ia chegar. Loenna tampouco sabia, mas tinha certeza de que não ia acabar bem.

O que eu direi? Como assim?

O senhor barbudo sorriu por entre os fios grisalhos da barba espessa.

Se sabe como curar os enfermos, sabe também como matá-los. Disse. ー Você sabe como é, temos Kantaa demais por aqui...

Imediatamente, Gara ficou pálida, sem reação. Poucas coisas eram mais significativas que a expressão dela naquele momento.

Quer que eu use de meus talentos para matar pessoas?

Foi exatamente o que eu disse. Reforçou o barbudo maligno. ー Mas não se preocupe, não somos tão ingênuos assim. Você não matará todos os Kantaa que vierem atender com a senhora, e para os que forem mortos, temos instrução e treinamento para fazer com que pareça um acidente. Garantiremos que seu nome não ficará comprometido. Só precisamos de alguém para fazer o trabalho sujo. E então, o que me diz?

Perplexa e visivelmente ofendida pela proposta, Gara balançou a cabeça horizontalmente, incrédula pelas palavras sujas que acabara de ouvir.

Jamais. ー Afirmou, categoricamente. ー Eu tenho princípios, e usar meus conhecimentos para o mal contraria a todos eles. Vou ter que recusar, e o senhor por favor, vá embora da minha casa...

O barbudo imediatamente abriu a maleta que carregava consigo. Estava lotada de dinheiro vivo, todo seu interior preenchido por notas e mais notas, mais do que Gara conseguiria ganhar em sua vida inteira. Era um gordo e polpudo suborno.

Se aceitar minha proposta, terá uma destas por mês. E a lançou um olhar gélido, ainda sem perder a empáfia. ー Mais dinheiro do que você jamais poderá gastar, nem mesmo se quiser. O que me diz?

Meus princípios não estão a venda. Gara levantou-se do sofá de uma só vez, encarou a maleta de dinheiro por milissegundos e ela sequer chegou a ameaçar sua decisão. Estava convicta. ー Agora, por favor, vá embora da minha casa. Você já disse o que tinha para dizer, não tinha? Então vá. O senhor não é bem vindo.

E abriu a porta da sala, fazendo um gesto para que o magrelo da barba espessa fosse embora. Ele não parecia surpreso e nem mesmo frustrado, apenas cansado.

Bom... ー Como se não tivesse sido praticamente expulso há dois segundos atrás, o senhor se recompunha lentamente, fechava a maleta vagarosamente, ajeitava o terno. Parecia se demorar de propósito. ー Terei que procurar outra enfermeira que aceite meus serviços. E garanto que muitas aceitarão. A senhorita vai se arrepender.

Caos e Sangue | COMPLETOOnde histórias criam vida. Descubra agora