Jimin trajava uma camisa de cetim azul escura, com a barra envolta pelo cós da calça preta, formal. Seus cabelos, ainda maiores – agora um pouco abaixo dos ombros – vinham presos em um coque, e alguns poucos fios caíam sobre as lentes de seus óculos de grau. Em seu anelar direito, a aliança de prata reluzia, brilhante. Por mais que os efeitos da Rebelião ainda estivessem nele, era pouco notável. No fim das contas, a mudança interna do Park raramente surgia, como por exemplo o fato do lúpus agora sentir irritação com um pouco mais de frequência, além é claro, de algumas inevitáveis noites de insônia. Isso não o atrapalhava nem afetava outras pessoas, porém haviam feito com que ele amadurecesse muito de uma hora pra outra.

Jeongguk, que se sentava de frente para o namorado, vestia as camisas brancas que tanto gostava. Largas, deixando incapaz de notar os músculos fortes do ômega lúpus, caídas sobre as calças cor vinho, também largas. Seus cabelos agora tinham um tom avermelhado, e mantinham o mesmo comprimento de sempre (um pouco acima das sobrancelhas). Sua aliança brilhava tanto quanto a do companheiro.

- Hyung... – Jimin chamou baixinho, atraindo a atenção do ômega. – A área ao leste de Busan aparentemente tem terra fértil, mas está desmatada. Reflorestar é algo caro?

- Hmmm... depende – respondeu o Jeon, no mesmo tom de voz. – O problema é o tempo que leva para conseguirmos aprovar. Não depende somente de nós, como Reis não somos tão absolutistas assim. Precisamos da aprovação de muita gente, geralmente dos barões dessas áreas. Busan não tem muitos barões, mas ainda assim... bem, eu posso falar com meu pai e com Yoongi hyung para deixar essa pauta aberta. Andava pensando nisso já a algum tempo – ponderou. Um lado seu estava orgulhoso de Jimin e o outro, abismado. O alfa realmente aprendia rápido. – Caso meus pais cheguem a uma conclusão, uma reunião com os barões que atuam no leste pode ser convocada, e se isso acontecer você deverá participar e apontar sugestões. Consegue se preparar para isso?

- Sim – Jimin disse sem pensar muito, ainda com os olhos no livro que lia. Jeongguk achou aquilo uma graça. – Acho que vou conseguir, caso a necessidade da reunião ocorra.

- Você pode ensaiar isso no espelho, se quiser – Jeongguk disse e agora Jimin lhe fitou, com um sorriso nos lábios.

- Já estou ensaiando meu discurso de coroação no espelho, o da reunião precisará ficar na fila por algum tempo – disse e o ômega gargalhou, divertido. Jimin então fechou o livro sem maiores preocupações, afinal, já fazia mais de quatro horas que estavam estudando. – É sério, hyung. Eu estou nervoso com a coroação, tenho medo de gaguejar quando for falar. É surreal, entende...?

- Jimin, a sua coroação vai ser daqui a três anos. Ainda há tempo o bastante para você se acostumar com a ideia de ser um príncipe. Até lá você já vai estar dobrando até meus pais com esse discurso, fique tranquilo quanto a isso, bebê – Jeongguk disse sorrindo e se levantou, alongando seus braços. Jimin fez o mesmo, se sentindo aliviado ao ouvir sua coluna estalar. – Já passa das quatro. É hora de visitar o Hoseok hyung e depois irmos para a sala do conselho. Vamos?

Jimin havia se aproximado consideravelmente de Jung Hoseok durante o período em que este estivera internado. Bem não que antes da Rebelião os dois já não fossem próximos, porém, as visitas constantes e a inevitável compaixão que o mais novo sentia em ver o amigo daquela forma preso na cadeira de rodas e incapaz de exercer a profissão que tanto amava acabara fazendo com que o mesmo se sentisse ainda mais conectado ao lúpus mais velho. Todos os dias, o Park se sentia mais leve e feliz ao ir visitar o Jung. Era um período gostoso do dia, onde mesmo sabendo que iria ouvir coisas parecidas das dos dias anteriores, Jimin sabia que se divertiria ao lado do homem.

Jeongguk e Jimin caminharam até a enfermaria. Faziam dois meses desde a Rebelião, então a recuperação de Hoseok estava cada vez mais próxima, porém, igualmente mais difícil. O ex-General tinha picos de dor intensa mais de oito vezes por dia, já que sentia perfeitamente alguns espaços de sua coluna se religando lentamente. Cerca de oitenta por cento da recuperação já estava concluída, mas quanto mais dor o Jung sentia, mais o tempo parecia rastejar em lentidão. Quando o casal chegou até seu quarto, o alfa lúpus estava sentado na cadeira de rodas de frente para a janela do cômodo, de costas para os visitantes. Ao se virar para olhar, sorriu grandemente, mas ainda assim parecia exausto. Seus olhos estavam vermelhos e inchados, e seus cabelos pareciam maiores agora.

CASTA 6 • pjm + jjkWhere stories live. Discover now